segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Mais um pouco sobre o "rumo certo"
Continuando o assunto sobre ignorância e sociedade abjeta, ontem li uma reportagem na revista Veja sobre assassinos (que por sinal é a reportagem de capa da revista). Nesta reportagem contém o depoimento de quem cometeu latrocínio (a maioria) e homicídios. É estarrecedor o nível de psicopatia destas pessoas em todas as falas eles colocam a culpa na vítima pelo crime (“ele reagiu”, “nesta hora sou eu ou ele”, “antes a mãe dele chorar do que a minha”, “eu estava fazendo o meu trabalho e ele reagiu”) e não demonstram remorso ou arrependimento algum. O único pesar que sentem é o de terem sido presos. Em qualquer lugar do mundo estas pessoas seriam classificadas como psicopatas perigosos, sem qualquer condição de correção e vida em sociedade. Quanto tempo eles ficarão na cadeia? No máximo 5 anos, quando começarão a ter chance de condicional ou indultos para fugir. Ainda existem juristas defendendo que as penas no Brasil são muito duras, “vingança” e etc. Prisão perpétua é pouco para estas pessoas. Sou contra pena de morte por um simples motivo: governo ou tribunal algum no mundo possui idoneidade ou autoridade moral para executar ninguém. Minha defesa contra a pena de morte passa longe desta “defesa a vida”, a vida destes assassinos psicóticos e cheios de ódio não possui valor algum, fritar em uma cadeira elétrica não é um destino cruel para quem executa outra pessoa por laptop, carro ou porque a pessoa não se prostrou como um coelho assustado em um assalto. Uma vez libertos voltarão a matar por motivos torpes.
Escuto muitas pessoas dizendo que americanos são extremamente materialistas e que europeus são frios. O que os brasileiros são? Não se mata tanto nem em zonas de guerra, o país com um dos maiores índices de latrocínio no mundo é exatamente o Brasil. Não gosto destes comparativos que se apóiam em generalidades como nacionalidades ou qualquer coisa, mas a diferença (esta sim palpável) entre a sociedade americana e a sociedade brasileira é que o sonho americano é vencer por méritos ou iniciativa e claro este sucesso é medido por quantidade de conforto e bens materiais e por realizações pessoais marcantes, se destacar em qualquer área de atuação. É uma sociedade que impulsiona o consumo o culto ao sucesso, mas que premia o mérito. Aqueles que entram para crime não matam ou trapaceiam por ninharia (latrocínios como os que ocorrem no Brasil são raros e não o padrão), mas para atingir o sonho americano, o grande golpe que o deixará milionário, o grande roubo ou esquema. No Brasil se faz conta por mixaria, as pessoas se vendem e se sujam por muito pouco, mata-se por um tênis. Até nisto a sociedade aqui é atrasada o sujeito pensa, planeja e enxerga até a próxima semana ou no máximo até o próximo mês.
A sociedade brasileira é hiper materialista, mas se contenta com ninharias, é filha de um capitalismo selvagem, a psicopatia de nossa sociedade é tamanha que o crime está completamente banalizado, as autoridades e a sociedade encaram como normal mais de 50 mil assassinatos por ano. Tanto que juristas de alto escalão defendem penas mais brandas, alternativas e chamam o sistema penal brasileiro de vingança. Um tempo atrás um tal de Ferrez (um rapper – tinha que ser) escreveu um artigo na Folha de S. Paulo (dentro do sua visão cretina de “pluralismo”) com aquela conhecida linguagem de bandido censurando Luciano Hulk por este reclamar de um assalto que tinha sofrido em São Paulo onde seu rolex fora roubado. No melhor estilo “perdeu Playboy” o tal Ferrez disse que a troca era justa, pois o “correria” (bandido) tinha saído com o produto do roubo e generosamente havia poupado a vida de Luciano Hulk, que deveria estar eternamente grato por este ato de caridade e generosidade do “correria” e que ele poderia comprar outro rolex. O trecho nas palavras de Ferrez:
“No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio. Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes”.
Este sujeito não foi intimado em nenhum momento por defender o crime, vai além de apologia, isto ele faz nas letras dele, ele defendeu com todas as letras o crime. Este pensamento é o mesmo do bandido que sai para “trabalhar” e mata quando se sente “ameaçado” pela vítima que não achou o “rolo justo”.
Se conversar com educadores brasileiros 90% estarão com Ferrez e não abrem. Juristas, também, teremos vários concordando com Ferrez. Delegados reforçam isto dizendo para não reagir. Ao invés de fazerem o seu trabalho ensinam a população como se portar em um assalto.
O Brasil é o pais do correria, ele foi institucionalizado. O correria do Planalto faz um “rolo justo”, ele rouba, corrompe e perverte em troca de bugigangas chinesas baratinhas e créditos fáceis no melhor estilo do Panamericano. A “correria” dos anos 60 será a mandatária do país nos próximos anos, ela também fez vários “rolos justos” nos anos 60 e 70.