quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Marta Bellini.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Solidão ....


Ouvimos todo santo dia alguém falar em educação. Todos são capazes de comentar como a educação vai mal no Brasil, sobretudo economistas. Vereadores, deputados, assessores de coisa alguma. Mas, faltam ao debate aqueles que estudam essas crises, a história da educação ... O slogan "a educação está em crise" aprisiona a discussão. O slogan encerra o debate. Encerra o pensamento. Ora, resumidamente, podemos dizer que a educação está em crise desde que apareceu no Brasil. A primeira universidade no Brasil surgiu após 1808. No restante da América as universidades apareceram no século XVII. As escolas primárias e secundárias são recentíssimas em nossa história. E quando nasceram, já eram filhas defeituosas dos políticos.


Mas, para abreviar essa dimensão, quero descrever o livro de Bernard Lahire, Sucesso Escolar nos meios populares. As razões do improvável (no Brasil, a editora é a Ática).


Um trecho maravilhoso e eis uma dimensão magnífica das vidas das crianças pobres que passam pela escola:


... só podemos compreender os resultados e os comportamentos escolares da criança se reconstruirmos a rede de interdependências familiares através da qual ela constituiu seus esquemas de percepção, de julgamento, de avaliação, e a maneira pela qual estes esquemas podem reagir quando "funcionam" em formas escolares de relações sociais. [...] podemos dizer que os "fracassos" escolares são casos de SOLIDÃO DOS ALUNOS NO UNIVERSO ESCOLAR: muito pouco daquilo que interiorizam através da coexistência familiar lhes possibilita enfrentar as regras do jogo escolar (os tipos de orientação cognitiva, os tipos de práticas d elinguagem, os tipos de comportamentos ... próprios à escola)... Realemnte, eles não possuem as disposições, os procedimentos congnitivos e comportamentais que lhes possibilitem responder adequadamente às exigências e injunções escolares, e estão PORTANTO SOZINHOS E COMO ALHEIOS DIANTE DAS EXIGÊNCIAS ESCOLARES.

QUANDO VOLTAM PARA CASA, TRAZEM UM PROBLEMA (ESCOLAR) QUE A CONSTELAÇÃO DE PESSOAS QUE OS CERCA NÃO PODE AJUDÁ-LOS A RESOLVER: CARREGAM SOZINHOS, PROBLEMAS INSOLÚVEIS.