Sábado, 10 de Março de 2012
"Agora vou... obrigado".
"Agora vou... obrigado", disse fixando a câmara de filmagem, um condenado à morte enquanto o conduziam para o local de execução. Era o remate duma entrevista para um programa de televisão autorizado, que tem audiências de milhões.
Muitas outras entrevistas deste género foram e serão feitas para que, quem quiser, assista e lhe sirva de exemplo. As últimas palavras em directo intervaladas com imagens da família em desespero.
O leitor já percebeu que não se trata dum quadro medieval: é do presente. O país é oriental mas assisti à notícia no ocidente e não vi qualquer estremecimento por parte dos jornalistas, que a deram de modo objectivo e profissional, logo passando para o desporto com aquela ligação “e, agora…”. Não pude deixar de pensar que a barbárie não tem fronteiras e a pior é a que se quer fazer por normalidade.
Apenas uma nota: a jornalista-entrevistadora desse tal país disse que se vê como “testemunha da transição da vida para a morte”, mas chorou e também disse que tem “muita porcaria no coração”. Deve ter!