Especialistas: Congresso revela ‘descompromiso terminal’
- Parlamentares se sentem donos dos mandatos e desprezam eleitor
SÃO PAULO — As últimas nomeações para as comissões temáticas do
Congresso Nacional, como a do deputado federal evangélico Marco
Feliciano (PSC-SP) para a de Direitos Humanos, desmoralizam ainda mais a
imagem do Poder Legislativo e demostram um “descompromisso terminal” da
Câmara dos Deputados com a sua função institucional. A avaliação é de
especialistas políticos entrevistados pelo GLOBO, segundo os quais, nos
episódios recentes, o Congresso Nacional revelou um “cinismo
institucional” e um “desrespeito à cidadania”. Para eles, a prática do
Poder Executivo de formar a base aliada do governo federal por meio da
distribuição de cargos é a principal responsável pelas recentes
nomeações no Congresso Nacional.
O diretor-executivo da ONG
Transparência Brasil, Cláudio Abramo, avalia que as atuais nomeações são
“vergonhosas” e demonstram que o Congresso tem perdido sua função
institucional. Para ele, o motivo central para o atual cenário é a
liberdade que tem o chefe do Poder Executivo de fazer nomeações para
cargos de confiança, o que lhe dá o poder de “comprar o apoio de
partidos”.
— Essas ocorrências, que são vergonhosas, mostram um descompromisso terminal do Congresso à sua função institucional. Isso mostra um cinismo institucional — critica.
O diretor da ONG Voto Consciente, Danilo
Barbosa, considera que falta ética ao Congresso, que perdeu a sua
autoridade moral e não presta mais contas aos eleitores. Segundo ele,
parlamentares, tanto da situação como da oposição, têm se sentido donos
de seus mandatos. Ele aponta como causa do atual cenário os acordos
partidários para a ocupação de cargos.
— Falta ética ao Congresso
Nacional, que não tem a menor autoridade moral e não se preocupa com
coisa alguma. Não é que eles não estejam se pautando pela falta de
ética, é que falta ética — avalia.
O professor de Filosofia
Política da Unicamp Roberto Romano considera que o Poder Legislativo,
que deveria ser o mais comprometido com a prestação de contas aos
eleitores, tem se caracterizado pelo desrespeito ao “espírito
constitucional” e à “cidadania”. Segundo ele, o Congresso distorceu “o
próprio sentido das comissões”.
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