Relendo o mestre
Por Manoel Ribeiro Neto
Costumo
deleitar-me com a leitura dos textos do Professor Roberto Romano, mestre
da Unicamp, escritor talentoso e crítico mordaz do comportamento
humano. Revisitando seus textos encontrei um excelente e conclusivo
trabalho sobre fatos corriqueiros do nosso dia a dia. Esta frase é
emblemática: “a linguagem política e ideológica vive de lugares comuns,
cuja significância é indefinida. Em agrupamentos nos quais imperam os
slogans, o discurso é sempre equívoco. Refiro-me ao apelativo fascismo”.
Segundo
o Professor, os slogans são importantíssimos para integrar técnicas de
poder, validando o enunciado que diz que toda prática linguística
repetitiva veicula uma potência de hipnose que leva o individuo rumo a
comportamentos sociais ou mentais estereotipados.
Os
contrariados, sejam religiosos, profissionais liberais, políticos, e
tantos outros, lançam aos quatro ventos o termo “fascista”, sempre que
têm suas teses e interesses resistidos, atribuindo ao termo, no mínimo,
um significado emocional como arrogante, cruel e sem escrúpulos.
A
banalização do termo tem provocado seu uso indevido e nós teremos
oportunidade de presenciar brevemente, em sua plenitude, esse fenômeno
linguístico. Estamos próximos de uma eleição crucial para o
encaminhamento dos projetos nacionais, quando se defrontarão forças com
aparências diferentes, mas que, em sua essência, não divergem nos
objetivos, que é meramente o poder pelo poder.
Assistiremos,
com certeza, nos horários de televisão comprados nos balcões das
negociatas políticos, além do resultado dos escambos feitos
sub-repticiamente, a gratuita agressão verbal e exibição de dossiês
apócrifos, todos com o rótulo de atitudes fascistas, não justificando
qualquer antítese à tese do Professor Romano.
Monoel Ribeiro Neto é consultor