Para especialistas, sucessão de casos tende a anestesiar eleitores em SP
- ‘Tem escândalo para todas as siglas’, diz cientista político
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SÃO PAULO - A sucessão de escândalos pode eliminar o efeito das
atuais denúncias no voto do eleitor de São Paulo, em 2014. A avaliação é
tanto de cientistas políticos quanto de políticos. Há uma expectativa
que, até as eleições, outros escândalos e denúncias surgirão, podendo
influenciar os resultados mais pela proximidade do pleito do que pelo
tamanho do rombo ou da falta de ética em questão.
O efeito anestésico que a enxurrada de escândalos e denúncias causam no eleitor é observada por Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp. Na avaliação de Romano, a corrupção é sistêmica no Estado brasileiro — das prefeituras aos Três Poderes, passando pelo setor privado.
— Somos tragados pela diacronia. A cada escândalo que aparece, vem outro no dia seguinte. Não é possível isolar num partido ou num Poder. Não sabemos em que quintal vai explodir a bomba no dia seguinte. Veja o caso do prefeito de São Paulo. Ele já tirava casquinha do escândalo do metrô e foi surpreendido na própria base ao optar por uma controladoria independente. Não sabemos quantos escândalos aparecerão até 2014 e o fato é que os sistemas seguem funcionando — afirma Romano, que defende autonomia financeira dos municípios para evitar favores na imensa burocracia do Estado brasileiro.
“Para todas as siglas”
O cientista político Fernando Azevedo também avalia que a quantidade de escândalos favorece o cinismo e a indiferença dos políticos em relação à população. Ele lembra que, embora o escândalo do metrô paulista tenha atravessado várias gestões do PSDB, não está caracterizada a figura de um político tucano, e que na Máfia dos Fiscais da Prefeitura de São Paulo o escândalo deve se tornar pluripartidário, uma vez que deve atingir a administração anterior, de Gilberto Kassab.
— No frigir dos ovos, tem escândalo para todas as siglas. O efeito mais imediato é a descrença no sistema partidário e eleitoral. No processo eleitoral, isso se reduz porque o eleitor tende a escolher A, B ou C. O impacto dos escândalos na opinião do eleitor dependerá mais de como ele será levado e usado nas campanhas eleitorais. Se escândalos envolverem PT e PSDB, os dois ficam presos e ninguém ataca ninguém e não haverá consequências eleitorais.
Com seguidas denúncias e uma investigação ainda em curso, tal possibilidade ganha força por conta da proporção verificada no caso Alstom/Siemens. Além do governo paulista, foco das investigações, há denúncias de que o esquema também atingiu o governo do DF, em obras de manutenção do metrô local. Além disso, o Ministério Público Federal vê indícios de que o suposto cartel nas obras do metrô paulista tenha atuado também em licitações federais envolvendo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
— Qualquer escândalo atrapalha qualquer um, mas o fato é que a questão ética não está pegando muito. Ética e seriedade não são bandeiras. Não há um interesse coletivo evidente e o eleitor parece vacinado. Um escândalo mata o outro — afirma o deputado estadual Pedro Tobias, ex-presidente estadual do PSDB.
O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa, afirma que o escândalo do metrô deve ser percebido pelo eleitor muito mais pelas dificuldades do transporte público do que pela discussão ética.
— A população percebe o caos no segmento metroferroviário. A Linha 5, quando ficar pronta, deverá ter levado 22 anos. Dezoito anos já se foram sob o domínio de um único grupo político. É deste ponto de vista que a população tende a debater o assunto.
O efeito anestésico que a enxurrada de escândalos e denúncias causam no eleitor é observada por Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp. Na avaliação de Romano, a corrupção é sistêmica no Estado brasileiro — das prefeituras aos Três Poderes, passando pelo setor privado.
— Somos tragados pela diacronia. A cada escândalo que aparece, vem outro no dia seguinte. Não é possível isolar num partido ou num Poder. Não sabemos em que quintal vai explodir a bomba no dia seguinte. Veja o caso do prefeito de São Paulo. Ele já tirava casquinha do escândalo do metrô e foi surpreendido na própria base ao optar por uma controladoria independente. Não sabemos quantos escândalos aparecerão até 2014 e o fato é que os sistemas seguem funcionando — afirma Romano, que defende autonomia financeira dos municípios para evitar favores na imensa burocracia do Estado brasileiro.
“Para todas as siglas”
O cientista político Fernando Azevedo também avalia que a quantidade de escândalos favorece o cinismo e a indiferença dos políticos em relação à população. Ele lembra que, embora o escândalo do metrô paulista tenha atravessado várias gestões do PSDB, não está caracterizada a figura de um político tucano, e que na Máfia dos Fiscais da Prefeitura de São Paulo o escândalo deve se tornar pluripartidário, uma vez que deve atingir a administração anterior, de Gilberto Kassab.
— No frigir dos ovos, tem escândalo para todas as siglas. O efeito mais imediato é a descrença no sistema partidário e eleitoral. No processo eleitoral, isso se reduz porque o eleitor tende a escolher A, B ou C. O impacto dos escândalos na opinião do eleitor dependerá mais de como ele será levado e usado nas campanhas eleitorais. Se escândalos envolverem PT e PSDB, os dois ficam presos e ninguém ataca ninguém e não haverá consequências eleitorais.
Com seguidas denúncias e uma investigação ainda em curso, tal possibilidade ganha força por conta da proporção verificada no caso Alstom/Siemens. Além do governo paulista, foco das investigações, há denúncias de que o esquema também atingiu o governo do DF, em obras de manutenção do metrô local. Além disso, o Ministério Público Federal vê indícios de que o suposto cartel nas obras do metrô paulista tenha atuado também em licitações federais envolvendo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
— Qualquer escândalo atrapalha qualquer um, mas o fato é que a questão ética não está pegando muito. Ética e seriedade não são bandeiras. Não há um interesse coletivo evidente e o eleitor parece vacinado. Um escândalo mata o outro — afirma o deputado estadual Pedro Tobias, ex-presidente estadual do PSDB.
O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa, afirma que o escândalo do metrô deve ser percebido pelo eleitor muito mais pelas dificuldades do transporte público do que pela discussão ética.
— A população percebe o caos no segmento metroferroviário. A Linha 5, quando ficar pronta, deverá ter levado 22 anos. Dezoito anos já se foram sob o domínio de um único grupo político. É deste ponto de vista que a população tende a debater o assunto.
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