Papa estaria sob ameaça da máfia italiana, diz promotor
Investigações sugerem que reformas promovidas por Francisco teriam irritado chefões do crime organizado da Calábria
15 de novembro de 2013 | 2h 09
O Estado de S.Paulo - The Washington Post
ROMA - O papa Francisco estaria sofrendo ameaças da
organização criminosa 'Ndrangheta, de acordo com o promotor Nicola
Gratteri, responsável por investigar a máfia na região italiana da
Calábria. Segundo o promotor, o esforço do pontífice para promover
reformas na Igreja Católica tem irritado os líderes mafiosos.
A 'Ndrangheta é considerada pelos especialistas italianos como a
organização criminosa mais perigosa e imprevisível do país em razão de
seu complexo sistema organizacional.
"Eu não posso dizer se o grupo está prestes a fazer alguma coisa, mas
é importante pensar no perigo", alertou o promotor. "Se a máfia puder
parar o papa, vai pensar em maneiras de fazer isso."
Segundo Gratteri, os criminosos que até agora tinham usufruído de
influência na Igreja estão ficando nervosos. "Por muitos anos, a máfia
lavou dinheiro com o consentimento da Igreja. No entanto, agora, o papa
está desmantelando os polos de poder econômico dentro do Vaticano e isso
pode ser perigoso", afirmou.
Proximidade. Gratteri também diz que chefões do
crime organizado no sul da Itália têm relações fortes e discretas com
sacerdotes locais, o que os ajuda a legitimar os crimes praticados.
Apesar da violência que empregam, esses criminosos são católicos
praticantes.
O papa Francisco já condenou o crime organizado em maio. Na época,
ele chegou a citar nominalmente as quatro principais máfias do país -
incluindo a 'Ndrangheta. No início da semana, o pontífice fez um
discurso contra a corrupção.