Após Copa 'esvaziada' nas ruas, manifestantes querem mobilização nas eleições
Atualizado em 16 de julho, 2014 - 06:49 (Brasília) 09:49 GMT
Depois de um período de Copa do
Mundo marcado por manifestações reduzidas e ações violentas da polícia,
parte dos movimentos sociais que nos últimos meses vêm organizando
protestos de rua, disseram que pretendem dar continuidade às
manifestações e devem direcionar sua atenção para as eleições no final
do ano.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam
que o fracasso de grupos de manifestantes em organizar protestos de
larga escala durante o Mundial - como os ocorridos durante a Copa das
Confederações no ano passado - se deveu em grande parte à ação dos
chamados Black Blocs.
"Foi um erro de cálculo (dos
manifestantes) partirem para a violência. Mas são movimentos ainda
embrionários, não têm uma cúpula que pense em termos estratégicos e
táticos", disse o professor de ética e ciência política da Unicamp
(Universidade de Campinas), Roberto Romano.
Ao depredar lojas e agências bancárias durante
passeatas, esses manifestantes mascarados provocaram uma dura resposta
da polícia. Essa tática foi intensificada durante a Copa.
Para impedir que qualquer protesto se
aproximasse de estádios ou instalações da Fifa, foram utilizados enormes
contingentes de agentes policiais e o uso em larga escala de gás
lacrimogêneo e balas de borracha dificultando a ação dos manifestantes.
Manifestantes ouvidos pela reportagem disseram
que na maioria dos casos foram as forças de segurança que deram início à
violência e os Black Blocs teriam adotado uma postura defensiva.
A maioria dos representantes de movimentos
sociais ouvidos pela BBC Brasil afirmou que a forte repressão policial
durante a Copa desestimulou a participação mais ampla do povo em
protestos, como também dos próprios articuladores das manifestações.
As manifestações mais significativas reuniram
algumas centenas de pessoas, especialmente na abertura do mundial em São
Paulo, no dia 12 de junho, em um ato do MPL (Movimento Passe Livre) no
dia 19 do mesmo mês e no na final no Rio de Janeiro no último domingo.
Em todos os casos houve intervenção da polícia para encerrar os protestos.
Além disso, dezenas de ativistas foram presos no
Rio de Janeiro e em São Paulo antes dos eventos, acusados do crime de
organização criminosa.
"Ninguém é ingênuo de cair na mão do Estado.
Sabemos com quem estamos lidando", disse Vanessa dos Santos, do Comitê
Popular da Copa de São Paulo, referindo-se à postura das polícias de
usar a força contra manifestantes.
Para Lucas Monteiro, militante do MPL (Movimento
Passe Livre), a falta de uma agenda de reivindicações explica melhor o
esvaziamento das manifestações durante a Copa.
"No ano passado havia uma pauta clara e objetiva
(a redução nas tarifas do transporte público). (Na Copa) não havia um
pauta unificadora".
Articulação
Passada a Copa, muitos dos movimentos que
surgiram ou ganharam força ao criticar e protestar contra a realização
do Mundial agora se concentram em pressionar as autoridades pela
libertação de colegas ativistas presos.
Eles se articulam também para levar suas
bandeiras para a discussão política que começa a tomar vulto com a
aproximação das eleições no Brasil.
Esse é o caso do movimento Território Livre, que
participou da manifestação na abertura da Copa em São Paulo e agora
planeja novas ações para protestar contra a prisão de dois ativistas e
também organizar protestos durante o período eleitoral.
"As pessoas ficaram enfeitiçadas durante a Copa,
mas nós continuamos fazendo pressão. Acreditamos que com a derrota do
Brasil nossas reivindicações estão sendo incorporadas pela população",
disse Rafael Padial, membro do Território Livre.
O Comitê Popular da Copa, que atuou como espaço
de articulação e também organizando protestos, diz ter agenda oficial de
ações ao menos até dezembro de 2014. "Os jogos acabaram mas a Copa não
acabou, muita coisa vai ficar. Temos que discutir o modelo de cidade, os
gastos com segurança, com armamentos (não letais). Os municípios se
endividaram e essa conta fica", disse Santos.
Segundo Milton Lahuerta, professor de teoria
política e coordenador do laboratório de política e governo da
Universidade Estadual Paulista (Unesp), o espetáculo da Copa acabou
"suplantando" os protestos durante o Mundial, mas com a chegada das
eleições a tendência é que eles voltem a crescer.
"Mas acredito que não teremos protestos
grandiosos como os do ano passado. Serão grupos específicos protestando
em suas áreas, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)".
Ele disse ainda que deve haver uma tendência de
que as autoridades continuem usando ações robustas da polícia para lidar
com protestos violentos pelo menos até o fim do pleito - quando uma
nova política de segurança pode ser adotada pelos governos eleitos.
Mas até lá, segundo ele, a polarização já
presente nos protestos que ocorreram até agora pode dar origem também
até a brigas entre militantes de partidos na corrida pela Presidência.
Além disso, os diversos movimentos sociais podem protestar de acordo com
seu alinhamento a partidos políticos específicos.
Para o professor Romano ainda é cedo para dizer
se os movimentos sociais que surgiram ou se fortaleceram no âmbito da
Copa do Mundo tiveram sucesso ou não. Ele disse que os grupos
demonstraram ter uma "vitalidade embrionária" e mostraram as
deficiências dos partidos políticos atuais, incapazes de representar
certos setores da sociedade.
Porém a continuidade desses movimentos dependerá da política de segurança dos governos - que até agora têm mantido a estratégia de adotar ações de força contra protestos violentos.
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Resultados da pesquisa
- Paraiba.com.br
Após Copa 'esvaziada' nas ruas, manifestantes querem mobilização ...
BBC Brasil-... em termos estratégicos e táticos", disse o professor de ética e ciência política da Unicamp (Universidade de Campinas), Roberto Romano. - Diário do Litoral
São Paulo já mistura palanques de Alckmin e Campos
R7-... não se deu conta das rupturas partidárias que teria que enfrentar depois — diz Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp. São Paulo já mistura Alckmin e Campos
Estadão-... depois", diz Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp. ... Para Roberto Romano, a união Campos e Marina é de "risco".Geraldo Alckmin dribla veto da Justiça ao visitar obras
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