Foto Unicamp, Toninho Perri
Metro, Porto Alegre,
segunda feira, 21 de julho de 2014.
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Roberto Romano
Professor de ética da Unicamp
projeta uma eleição com poucos projetos e forte influência da propaganda. Para ele, Dilma Roussef precisa
se reinventar, Aécio neves ser mais
combativo, e acha difícil Eduardo Campos ser uma surpresa.
Eleições 2104
É possível esperar alguma
novidade nas eleições?
As eleições deste ano já trouxeram
novidade, que é o fato de não ter repetido aquela distinção entre o PT e o
PSDB. A candidatura de Eduardo Campos com a Marina Silva modifica a estrutura
do jogo. Além dissom há uma quantidade grande de pequenos candidatos que podem
desequilibrar o resultado do partido que receba mais votos: o Pastor everaldo,
a Luciana Genro, todos eles somados podem dar uma diferença considerável no
primeiro turno.
Embora haja uma ideologia
diferente, os projetos políticos se
apresentam bem semelhantes, principalmente sobre a manutenção das
diretrizes da economia. Há convergência de propostas?
Se for eleito, Aécio Neves vai
manter os pressupostos do Plano Realm adaptado à situação de hoje, enfrentando
a inflação alta e a crise na produção industrial. O Eduardo Campos vai assumir
a mesma posição. E a presidente Dilma Roussef idem. Não existem muitas opções
além dessa situação que foi resultante de 12 anos de governo petista. Muito
difícil ter uma novidade.
Os gastos excessivos de
campanha ainda são um fator de desequilíbrio na disputa eleitoral?
É abissal a distância dos candidatos
da oposição e do governo com os candidatos ditos nanicos. Um exemplo é o Pastor
Everaldo. Embora tenha o apoio das igrejas evnagélicas, ele não vai ter
recursos para crescer mais do que 8%. Da mesma forma, a Luciana Genro. As
despesas dos candidatos estão se tornando cada vez mais insuportáveis. Vai
chegar um momento que será preciso colocar um limite nisso, mas claro que os
interesses econômicos, ideológicos e até mesmo religiosos estão por trás destes
gastos, o que é muito preocupante.
O que esperar dos
debates: mais apresentação de projetos ou mais troca de acusações?
Nem uma coisa nem outra. O foco será
a propaganda. Infelizmente, os debates estão sendo controlados pelo marketing
político - e isso não é um fenômeno
apenas no Brasil. De tal modo, o que você pode dizer é que será um confronto de
marqueteiro. Não vejo a possibilidade de grandes emoçòes e apresentação de
projetos. Eu acho que os debates serão pautados pela propaganda.
Qual será o papel da
internet?
Tem sido cada vez mais importante. A
campanha da Ficha Limpa, por exemplo, conseguiu mobilizar para uma mudança
legal. A internet será determinante tanto para o bom quanto para o péssimo,
porque haverá uma enxurrada de ataques recíprocos, dos mais baixos, sem que as
pessoas assumam as suas responsabildiades. E, do ponto de vista positivo, o
canditado terá a oportynunidade de colocar em debate o que a midia tradicional
impede porque o tempo é limitado, o que não acontece com a internet, que tem o
tempo mais elástico.
Em 2002, o então
candidato Lula defendia a alternância no poder como algo salutar para a
democracia e foi bem sucedido. Essa percepção, com a presidente Dilma Roussef
querendo mais quatro anos de governo, hoje se perdeu entre os eleitores?
Eu acho que não. As pesquisas Ibope
e Datafolha mostram que os eleitores quem mudança, inclusive na prática
governamental. Esse desejo pode ser debitado ao fato da permanência muiro longa
do Partido dos Trabalhadores no centro do poder. Note que, mesmo com a
hegemonia do PT, setores do PMDB e de
outros partidos da base aliada estão no plano estadual dando apoio à
candidaturas opostas à de Dilma Roussef.
Durante 12 anos, a base
governista impôs mais derrotas ao governo do PT do que a própria opoisição.
A;ecio Neves, que é o principal candidato oposicionista, terá que adotar uma
postura mais combativa?
Com certeza. Eu seria até mais
severo. Eu diria que durante os governos Lula e Dilma, a oposição deu muito
apoio aos projetos do governo, sobretudo no setor econômico. A estrutura da
macroeconomia se manteve a mesma, com ligeiras modificações. Não é que a
oposição foi apenas fraca, ela foi conivente com boa parte da política do
governo. É um defeito dos sistema político brasileiro. O Brasil é aquele país
em que é proibido ser oposição, porque senão não conseguirá recursos para seus
Estados ou municípios junto aos ministérios. Você manter uma atitude
oposicionista radical é uma tarefa heróica.
O candidato Eduardo
Campos se apresenta como terceira via. As pesquisas, no entanto, apontam que a
campanha dele aida foi incapaz de absorver os 20 milhões de votos conquistados
por Marina Silva. Há chances de uma guinada?
Eu não sou pitonisa, mas acho que
será muito difícil. Mesmo porque essa aliança foi feita e, em termos
estratégicos, não há concordância. Inclusive a Marina, não raro, coloca óbices
às alianças qe o Eduardo Campos quer fazer. Ele, por sua vez, é um político
tradicional do Nordeste, que tem uma posição muito antiga em termos de prática
política. E, por isso, acho que ele não vai modificar muito e não vai
conseguir, pelo menos no meu prognóstico, uma situação que o coloque em
condição de derrotar os outros adversários.
Marcelo Freitas. METRO Brasilia.