RR
11/02/2010 - 06h47
Em evento para milhões de partidários, Ahmadinejad afirma que Irã pode enriquecer urânio a 80%
Em São Paulo*
-
Em imagem reproduzida da tv iraniana, milhares de pessoas se reúnem na praça central de Teerã para celebrar os 31 anos da Revolução Islâmica
Atualizado às 08h19
Em discurso para milhares de pessoas que lotam a praça Azadi, em Teerã, em virtude do aniversário de 31 anos da Revolução Islâmica, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, garantiu que seu país tem capacidade para enriquecer urânio até 80%, mas por enquanto não está interessado em chegar a esse nível. Segundo o líder iraniano, seu país é "suficientemente valente" para "anunciar antecipadamente" se estivesse desenvolvendo uma bomba atômica.
Mahmoud Ahmadinejad também anunciou que o país "triplicará rapidamente" a produção de urânio enriquecido no país a 3,5% nos próximos dias.
O discurso foi transmitido pelas emissoras de televisão iranianas, únicas autorizadas para a cobertura do evento em Teerã. O evento reuniu milhares de simpatizantes do governo e há relatos não confirmados de manifestações oposicionistas na capital iraniana e em Tabriz.
Aproveitando a data, os líderes oposicionistas Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi chamaram seus simpatizantes a participarem de manifestações contra o governo. Sites anti-governo pediram aos manifestantes que usem roupas ou emblemas verdes - a cor adotada pelo movimento oposicionista após a eleição de 12 de junho do ano passado.
Em antecipação às manifestações desta quinta-feira, o chefe da polícia iraniana, Esmail Ahmadi Moghaddam, disse que a Guarda Revolucionária e a milícia islâmica Basij estão prontas para enfrentar qualquer problema ou manifestações políticas violentas da oposição.
"Estamos totalmente preparados para realizar uma comemoração segura e gloriosa", disse ele à agência de notícias oficial Fars. "Acompanhamos de perto as atividades do movimento sedicioso, e várias pessoas que estavam se preparando para atrapalhar as comemorações de 11 de fevereiro foram presas", afirmou ele.
Controle na internet
A conflito entre manifestantes pró e contra Ahmadinejad eram previstos desde o início da semana. Para coibir a ação de estudantes e oposicionistas, o governo iraniano indicou um possível controle sobre o uso da internet no país. O Google relatou uma queda abrupta no tráfego de e-mails no Irã, apesar de nenhum problema ter sido detectado em sua rede.
Leia outras notícias sobre a tensão nuclaar com o Irã
- Irã possui capacidade real de produção de mísseis, dizem especialistas
- Teerã tem poucos motivos para temer as sanções
- Google: usuários iranianos não conseguem acessar o Gmail
- Irã começará a enriquecer urânio a 20% em alguns dias, diz agência da ONU
- Irã proíbe mídia estrangeira de cobrir aniversário de Revolução
"Sempre que encontramos bloqueios nos nossos serviços, tentamos resolver o problema o mais rápido possível", disse a companhia em um comunicado. "Infelizmente, algumas vezes não podemos controlar isso."
Uma reportagem do diário americano Wall Street Journal afirmou que a agência de telecomunicações do Irã havia anunciado "uma suspensão permanente dos serviços de e-mail do Google", justamente na véspera do dia mais importante do calendário político iraniano.
Apesar do bloqueio dos emails e ferramentas do Google, sites e redes de relacionamento social como o Twitter foram usados em larga escala pela oposição iraniana após as eleições de junho para convocar manifestações e para denunciar supostos abusos das forças policiais iranianas.
Tentando se antecipar às manifestações, o governo avisou que agirá com firmeza contra qualquer manifestação oposicionista. Muitos temem que essas manifestações possam gerar os maiores confrontos entre partidários do governo e da oposição desde a contestada eleição presidencial de junho, quando Ahmadinejad foi reeleito em uma votação marcada pelas denúncias de fraude.
Nos últimos dias houve relatos de prisões de oposicionistas e de possíveis violações da privacidade na internet do país.
O governo americano, que na quarta-feira ampliou suas sanções contra o Irã por conta das disputas em relação ao programa nuclear iraniano, disse que qualquer tentativa de restringir a livre circulação de informações no país vai falhar.
"Muralhas virtuais não funcionarão no século 21 de maneira melhor do que os muros físicos funcionaram no século 20", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano P. J. Crowley.
A ampliação das sanções americanas contra o Irã, que atingem a Guarda Revolucionária, foi anunciada após a determinação do Irã de ampliar o enriquecimento de urânio para seu programa nuclear.
O governo iraniano insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos para uso civil, mas os Estados Unidos e outros países ocidentais temem que o Irã esteja buscando o desenvolvimento de armas atômicas.
Segundo a agência de notícias AFP, a multidão de iranianos chegou ao local com bandeiras do país e cartazes com frases já conhecidas como "Morte a Israel" e "Morte aos Estados Unidos", segundo as imagens exibidas pela televisão estatal.
Um grande dispositivo policial foi mobilizado dentro e ao redor da praça, onde Ahmadinejad pronunciar discurso nesta quinta-feira.
Monde 11/02/2010 à 07h06
Iran: le 31e anniversaire de la révolution islamique sous haute tension
L'opposition a appelé ses partisans à participer aux défilés organisés dans tout le pays. Réponse du pouvoir: aucune «manifestation du mouvement vert» ne sera tolérée.
Images de la télévision iranienne en langue anglaise Press TV montrant le président Mahmoud Ahmadinejad, le 11 février 2010 lors d'un discours à Téhéran. (Photo AFP)
L'Iran célèbre jeudi le 31e anniversaire de la révolution islamique par de grands rassemblements officiels, avec le risque cette année de contre-manifestations de l'opposition qui a appelé ses partisans à participer aux défilés organisés dans tout le pays.
Cette commémoration intervient alors que la République islamique traverse une grave crise politique depuis la réélection contestée du président Mahmoud Ahmadinejad en juin 2009.
Des manifestations à répétition de l'opposition depuis huit mois ont entraîné des dizaines de morts et des milliers d'arrestations dans tout l'Iran, sans que la répression exercée par le pouvoir, qui a exécuté deux opposants et en a condamné dix à mort, n'entame la détermination des protestataires.
Crainte de répression
Dans ce contexte tendu, le pouvoir a averti qu'il ne tolèrerait pas de voix discordantes lors des manifestations du 11 février, traditionnellement destinées à afficher la force, l'unité et la popularité du régime islamique.
«La nation iranienne, par son unité et par la grâce de Dieu, infligera un camouflet à l'arrogance (ndlr: des puissances occidentales) le 22 Bahman (11 février) qui les laissera stupéfaites», a affirmé lundi le guide suprême, l'ayatollah Ali Khamenei.
Le général Hossein Hamedani, un responsable des Pasdaran, l'armée idéologique du régime, a affirmé qu'aucune «manifestation du mouvement vert», couleur de l'opposition, ne serait tolérée. Les forces de l'ordre et les bassidjis, les milices islamiques utilisées dans la répression des manifestations d'opposition, ont été mobilisés massivement.
Médias sous surveillance
Les autorités ont procédé ces derniers jours à de nouvelles arrestations d'opposants et de journalistes, un avertissement clair aux médias placés sous étroite surveillance. Elles ont aussi interdit à la presse étrangère de couvrir les défilés, la cantonnant dans une tribune officielle pour écouter le discours du président Ahmadinejad.
Les principaux leaders de l'opposition, interdite de manifestations, ont néanmoins appelé leurs partisans à participer massivement aux rassemblements officiels pour faire entendre leur voix, selon la tactique employée depuis le début de la crise.
«Participons tous aux cérémonies d'anniversaire calmement et fermement, avec patience et sans violences verbale et physique», a demandé l'ex-président réformateur du Parlement, Mehdi Karoubi.