O pensador que fundou o mundo moderno
Com sua Enciclopédia, Diderot provocou poderosos e deu voz ao homem comum
Antonio Gonçalves Filho
Uma enciclopédia que fosse de fato uma suma do conhecimento humano provocaria um incômodo tão grande no mundo contemporâneo que governos cairiam, igrejas perderiam fiéis e seus autores seriam perseguidos pelo planeta afora, a julgar pelos ataques virtuais que os chineses têm desferido contra o Google nos últimos meses. Informação perturba. Conhecimento, mais ainda. Por saber demais, o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784), um dos principais pensadores iluministas, foi parar na cadeia em 1749. Autor de um panfleto contra as regras universais da moral e a favor do livre-pensar, ele ousou defender o ateísmo numa época em que a Bíblia segurava monarquias decadentes na Europa. E mais: não fugiu do assunto em sua Enciclopédie, mãe de todas as enciclopédias modernas e tataravó da Wikipedia (leia texto abaixo).
É justamente a Enciclopédia de Diderot que volta a incomodar o coro dos conformistas em tempos de censura internética e intolerância. Depois de publicar, em 2007, um volume com seus verbetes que definem várias escolas filosóficas, o editor Jacó Guinsburg, da Perspectiva, lança agora o segundo volume de História da Filosofia (tradução de Newton Cunha, 368 págs., R$ 68), um resumo que vai de Aristóteles a Spinoza. E, de bônus, entrega às livrarias uma nova tradução, sua, de A Religiosa (256 págs., R$ 52), o polêmico relato romanesco de Diderot que também chega ao mercado na versão em DVD (Cult Classic, R$ 29,90) do filme homônimo dirigido por Jacques Rivette em 1966 (leia texto na página ao lado).
Se depender da disposição do experiente Guinsburg, a Coleção Diderot não vai parar nesse oitavo volume, que dá seguimento ao projeto de reunir o melhor da obra filosófica e literária do autor, cuja paixão pela racionalidade e a liberdade marcou o Iluminismo e conduziu à Revolução Francesa. Brevemente chegará ao leitor o terceiro volume da História da Filosofia e uma biografia do filósofo, primeira paixão de Guinsburg antes mesmo de fundar a editora Perspectiva, em 1965. "Não tenho a pretensão de publicar a obra completa de Diderot, mas creio que lançamos alguns de seus principais livros". De fato, além dos já citados, sua editora publicou, entre outros, o picaresco Jacques, O Fatalista, e Seu Amo e o satírico O Sobrinho de Rameau. Em ambos os casos nota-se a irreverência de Diderot e sua hostilidade às autoridades constituídas, do Estado ou da Igreja.
Apesar disso, entre os colaboradores de sua Enciclopédia ele contou com padres progressistas, não perdendo uma única oportunidade de incorporar visões heterodoxas. Ele foi o que se chama hoje de um homem sintonizado com seu tempo, familiarizado com as descobertas científicas e até mesmo precursor de algumas teorias - como a evolucionista, depois desenvolvida por Darwin - que definem a posição filosófica de um materialista e determinista. Sua adesão inicial ao deísmo - que vê na razão o único modo de assegurar a existência divina, o que significa não considerar qualquer religião -, que muitos atribuem à influência do pensamento filosófico de Shafstebury (1671-1713), foi trocada pelo ateísmo em seu ensaio Carta Sobre os Cegos (1749). Ele traduz a impossibilidade de Diderot de se identificar com a ideia de uma harmonia cósmica e de um design divino defendida pelo pensador inglês. Já Sainte-Beuve, o crítico francês do século 19, considerou seu ateísmo mais como uma resposta rebelde ao aspecto tirânico que a doutrina de Pascal deu ao deus cristão, alegando que Diderot, na velhice, tinha sérias dúvidas sobre a inexistência de Deus.
Educado por jesuítas e destinado à carreira eclesiástica, Diderot chegou a ser tonsurado aos 13 anos, mas sua futura carreira de libertino não poderia conviver com uma cabeça raspada e roupas de padre. Há uma passagem em A Religiosa na qual a sofredora Suzanne, confinada pelos pais num convento, expressa sua repulsa pelo hábito que lhe cola à pele e aos ossos como uma maldição que a priva da liberdade. Ela não é só a filha bastarda que se rebela contra a decisão dos pais ou a irmã humilhada pela madre superiora, mas alguém a quem ficou grudado um estigma. Privada de sua liberdade pelos pais burgueses, Suzanne é a antípoda dos homens descritos por Diderot em seu Supplément au Voyage de Bougainville (escrito em 1772 e publicado em 1796), habitantes das ilhas do Pacífico que vivem o sexo livre numa sociedade sadia. O filósofo seguiu seus modelos. Libertino, escreveu cartas a amigos contando suas orgias numa certa casa de Landes.
Não foi, claro, por seu malabarismo sexual que Diderot passou à história, embora seus panfletos tenham ligação indireta com o dito. Ao ser preso, em 1749, por causa de Carta Sobre os Cegos, a acusação que lhe pesava era de que ele professava "um ceticismo e um sensualismo confinante com o materialismo". De fato, o filósofo defende na carta que o conhecimento adquirido por meio da percepção não deve jamais ser desprezado. A monarquia francesa, que estava desmoronando, ainda teve forças para tirá-lo da prisão de Vincennes justamente porque seus representantes liberais não só entendiam como aprovavam esse conhecimento advindo dos cinco sentidos - afinal, muitos deles participavam das orgias na casa de Landes. De qualquer modo, a prisão o tornou discreto, até mesmo porque sua Enciclopédia lhe traria fortes dores de cabeça por causa das acusações de subversão da ordem constituída, desrespeito à religião e incitamento à revolução.
A Enciclopédia exigiu de Diderot mais de 20 anos de dedicação (de 1745 a 1772) e o levou a escrever O Filho Natural (1757), A Religiosa (1760) e O Sobrinho de Rameau (1761) - todos lançados pela Perspectiva -, aprofundando discussões que não cabiam nos limites dos verbetes. Na impossibilidade de lançar a enciclopédia inteira, Guinsburg selecionou dela apenas a parte filosófica, embora reconhecendo a contribuição que Diderot deu às ciências. "Ao contrário de Voltaire, sua pesquisa está calcada na ciência como instrumento de descoberta, aproximando-se do que viria a ser o positivismo", explica ele. Não é difícil entender as razões de a Enciclopédia ter sido proibida pela monarquia francesa. Era mesmo uma ameaça aos nobres, por promover o artesanato (Diderot era filho de cuteleiro) e o saber das classes "inferiores" (os enciclopedistas entrevistavam artesãos e trabalhadores para conhecer seus ofícios). Atacada por obscurantistas e saudada por outros como sinal de uma nova era, ela entrou na lista dos livros perigosos dos conselheiros de Luís XV por "incitar o espírito de independência e revolta", além de "promover a dissolução de costumes e a descrença na religião". Não era exatamente esse o espírito da publicação, mas o mundo jamais foi o mesmo depois da enciclopédia de Diderot.
Em Coleção
Oito volumes da Coleção Diderot já foram lançados pela Editora Perspectiva, de São Paulo. Além dos dois dedicados à História da Filosofia - que usam verbetes da Enciclopédia - as duas principais coletâneas dos textos de Denis Diderot reúnem os livros Filosofia e Política (Obras I) e Estética, Poética e Contos (Obras II). Dos textos ficcionais, três obras são essenciais: Jacques, o Fatalista, e Seu Amo, A Religiosa e O Sobrinho de Rameau. Jacques, o Fatalista foi considerado até mesmo superior a seu modelo, o Tristram Shandy, de Laurence Sterne, tratando com humor o tema do destino e do livre-arbítrio.
É justamente a Enciclopédia de Diderot que volta a incomodar o coro dos conformistas em tempos de censura internética e intolerância. Depois de publicar, em 2007, um volume com seus verbetes que definem várias escolas filosóficas, o editor Jacó Guinsburg, da Perspectiva, lança agora o segundo volume de História da Filosofia (tradução de Newton Cunha, 368 págs., R$ 68), um resumo que vai de Aristóteles a Spinoza. E, de bônus, entrega às livrarias uma nova tradução, sua, de A Religiosa (256 págs., R$ 52), o polêmico relato romanesco de Diderot que também chega ao mercado na versão em DVD (Cult Classic, R$ 29,90) do filme homônimo dirigido por Jacques Rivette em 1966 (leia texto na página ao lado).
Se depender da disposição do experiente Guinsburg, a Coleção Diderot não vai parar nesse oitavo volume, que dá seguimento ao projeto de reunir o melhor da obra filosófica e literária do autor, cuja paixão pela racionalidade e a liberdade marcou o Iluminismo e conduziu à Revolução Francesa. Brevemente chegará ao leitor o terceiro volume da História da Filosofia e uma biografia do filósofo, primeira paixão de Guinsburg antes mesmo de fundar a editora Perspectiva, em 1965. "Não tenho a pretensão de publicar a obra completa de Diderot, mas creio que lançamos alguns de seus principais livros". De fato, além dos já citados, sua editora publicou, entre outros, o picaresco Jacques, O Fatalista, e Seu Amo e o satírico O Sobrinho de Rameau. Em ambos os casos nota-se a irreverência de Diderot e sua hostilidade às autoridades constituídas, do Estado ou da Igreja.
Apesar disso, entre os colaboradores de sua Enciclopédia ele contou com padres progressistas, não perdendo uma única oportunidade de incorporar visões heterodoxas. Ele foi o que se chama hoje de um homem sintonizado com seu tempo, familiarizado com as descobertas científicas e até mesmo precursor de algumas teorias - como a evolucionista, depois desenvolvida por Darwin - que definem a posição filosófica de um materialista e determinista. Sua adesão inicial ao deísmo - que vê na razão o único modo de assegurar a existência divina, o que significa não considerar qualquer religião -, que muitos atribuem à influência do pensamento filosófico de Shafstebury (1671-1713), foi trocada pelo ateísmo em seu ensaio Carta Sobre os Cegos (1749). Ele traduz a impossibilidade de Diderot de se identificar com a ideia de uma harmonia cósmica e de um design divino defendida pelo pensador inglês. Já Sainte-Beuve, o crítico francês do século 19, considerou seu ateísmo mais como uma resposta rebelde ao aspecto tirânico que a doutrina de Pascal deu ao deus cristão, alegando que Diderot, na velhice, tinha sérias dúvidas sobre a inexistência de Deus.
Educado por jesuítas e destinado à carreira eclesiástica, Diderot chegou a ser tonsurado aos 13 anos, mas sua futura carreira de libertino não poderia conviver com uma cabeça raspada e roupas de padre. Há uma passagem em A Religiosa na qual a sofredora Suzanne, confinada pelos pais num convento, expressa sua repulsa pelo hábito que lhe cola à pele e aos ossos como uma maldição que a priva da liberdade. Ela não é só a filha bastarda que se rebela contra a decisão dos pais ou a irmã humilhada pela madre superiora, mas alguém a quem ficou grudado um estigma. Privada de sua liberdade pelos pais burgueses, Suzanne é a antípoda dos homens descritos por Diderot em seu Supplément au Voyage de Bougainville (escrito em 1772 e publicado em 1796), habitantes das ilhas do Pacífico que vivem o sexo livre numa sociedade sadia. O filósofo seguiu seus modelos. Libertino, escreveu cartas a amigos contando suas orgias numa certa casa de Landes.
Não foi, claro, por seu malabarismo sexual que Diderot passou à história, embora seus panfletos tenham ligação indireta com o dito. Ao ser preso, em 1749, por causa de Carta Sobre os Cegos, a acusação que lhe pesava era de que ele professava "um ceticismo e um sensualismo confinante com o materialismo". De fato, o filósofo defende na carta que o conhecimento adquirido por meio da percepção não deve jamais ser desprezado. A monarquia francesa, que estava desmoronando, ainda teve forças para tirá-lo da prisão de Vincennes justamente porque seus representantes liberais não só entendiam como aprovavam esse conhecimento advindo dos cinco sentidos - afinal, muitos deles participavam das orgias na casa de Landes. De qualquer modo, a prisão o tornou discreto, até mesmo porque sua Enciclopédia lhe traria fortes dores de cabeça por causa das acusações de subversão da ordem constituída, desrespeito à religião e incitamento à revolução.
A Enciclopédia exigiu de Diderot mais de 20 anos de dedicação (de 1745 a 1772) e o levou a escrever O Filho Natural (1757), A Religiosa (1760) e O Sobrinho de Rameau (1761) - todos lançados pela Perspectiva -, aprofundando discussões que não cabiam nos limites dos verbetes. Na impossibilidade de lançar a enciclopédia inteira, Guinsburg selecionou dela apenas a parte filosófica, embora reconhecendo a contribuição que Diderot deu às ciências. "Ao contrário de Voltaire, sua pesquisa está calcada na ciência como instrumento de descoberta, aproximando-se do que viria a ser o positivismo", explica ele. Não é difícil entender as razões de a Enciclopédia ter sido proibida pela monarquia francesa. Era mesmo uma ameaça aos nobres, por promover o artesanato (Diderot era filho de cuteleiro) e o saber das classes "inferiores" (os enciclopedistas entrevistavam artesãos e trabalhadores para conhecer seus ofícios). Atacada por obscurantistas e saudada por outros como sinal de uma nova era, ela entrou na lista dos livros perigosos dos conselheiros de Luís XV por "incitar o espírito de independência e revolta", além de "promover a dissolução de costumes e a descrença na religião". Não era exatamente esse o espírito da publicação, mas o mundo jamais foi o mesmo depois da enciclopédia de Diderot.
Em Coleção
Oito volumes da Coleção Diderot já foram lançados pela Editora Perspectiva, de São Paulo. Além dos dois dedicados à História da Filosofia - que usam verbetes da Enciclopédia - as duas principais coletâneas dos textos de Denis Diderot reúnem os livros Filosofia e Política (Obras I) e Estética, Poética e Contos (Obras II). Dos textos ficcionais, três obras são essenciais: Jacques, o Fatalista, e Seu Amo, A Religiosa e O Sobrinho de Rameau. Jacques, o Fatalista foi considerado até mesmo superior a seu modelo, o Tristram Shandy, de Laurence Sterne, tratando com humor o tema do destino e do livre-arbítrio.
A Religiosa, a via-crúcis do filósofo
Publicado postumamente, o livro teve censurada a adaptação para o cinema
Antonio Gonçalves Filho
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A nova tradução, a cargo de Jacó Guinsburg, destaca o vigor crítico desse texto "visual" que nasceu de uma brincadeira de salão de Diderot e seus amigos, ao saber da história da freira de Longchamp. A esse respeito, o filósofo Roberto Romano, que coordena a Coleção Diderot com o editor Guinsburg, aponta os exageros dos analistas que viram no romance certo "pictorialismo literário", embora defenda que se trata, efetivamente, de um livro com vocação cinematográfica. Considerando o interesse do filósofo por todas as manifestações artísticas e literárias da época, é bem possível que estivesse hoje escrevendo roteiros para cinema - e certamente menos reverentes que o de Rivette e Jean Gruault para o seu livro. A Religiosa antecipa algumas invenções da literatura moderna, que o diretor deixa escapar em seu filme. Parece claro que, para Rivette, a ética precede a estética. Já para Diderot, as duas andam juntas.
Aparentemente, Diderot teria escrito o livro como um panfleto amargo contra a vida monástica, um ataque à religião mais voraz que seus escritos anteriores sobre o tema. A prisão de Suzanne Simonin não seria apenas física, mas, acima de tudo, moral. Privada de sua liberdade para pagar uma pena que não era a sua - a de ser filha bastarda de um advogado e uma mãe adúltera culpada -, a "religiosa" antecipa o drama dos personagens sartrianos. Para ela, não há saída. Seja no convento das freiras histéricas de Longchamp, que a identificam com Satã por ter negado seus votos, ou no convento das lésbicas libertinas de Arpajon, para o qual é enviada depois, Suzanne está condenada a pagar por sua lucidez e seu desejo de liberdade. E a pagar com a própria vida. Ajudada por um padre confessor igualmente sem vocação, ela foge do convento para viver livre, mas descobre tarde demais que a liberdade tem alto preço num mundo em que o senso de justiça social é precário. Às portas da prostituição, ela se mata.
De algum modo, A Religiosa (1760) é o tratamento trágico de temas que seriam posteriormente abordados em Jacques, o Fatalista, e Seu Amo (1773) e O Sobrinho de Rameau (1761). Se, no primeiro, Jacques acredita ingenuamente no destino, sendo contestado por seu amo, a "religiosa" de Diderot luta contra esse destino, embora saiba - e diga isso com todas as letras - que sua história está traçada pela sociedade. Esta marcou seu corpo com o estigma do hábito, grudado nela como a própria pele. Em outras palavras, sua roupa de freira seria equivalente à burca da mulher muçulmana, cuja identidade é negada em nome de uma lei divina - nos países fundamentalistas, evoque-se, uma mulher pode ser presa por não usar o véu.
O acadêmico suíço Jean Starobinski já observou que Diderot se sentia embaraçado por ser obrigado a dar aos seus personagens uma identidade fixa e estável. Ele se saía melhor quando podia contar a história de forças naturais agindo sobre a estabilidade dessa existência individual, quando se abandonava ao prazer de acabar com a ilusão da autonomia pessoal, segundo Starobinski. Não por outro motivo a freira de Diderot é uma filha ilegítima sem recursos ou poder de barganha com a família. Se, na tragédia grega, os filhos sempre acabam pagando pela culpa dos pais, o destino de Susanne Simonin não é diferente. Há, efetivamente, uma progressão trágica que marca A Religiosa desde o princípio.
Diderot assume a personagem colocando-se no lugar da atormentada religiosa, numa espécie de "androginia literária" em que Rivette apenas esbarra. Essa ética hedonista, que derrubaria as fronteiras morais, fazendo com que freira e criador se unissem contra uma disciplina estoica, é inútil porque se limita a um impulso isolado contra o despotismo. Em todo caso, Diderot tem uma esperança, assim como Suzanne: a de que seja ouvido pelo leitor; que ele, ao menos, experimente a liberdade de imaginar a liberdade.
É ao leitor que o autor conta (como se fosse Suzanne) que o relato só existe por causa do marquês de Croismare, seu amigo, a quem escrevia cartas como se fosse a freira perseguida de Longchamp, provocando-o com a necessidade de um benfeitor para interceder em seu caso, mentira que se revelou, afinal, a mais trágica e pura verdade.
Filme Proibido
Ao ser lançado, em 1966, o filme A Religiosa, dirigido por Jacques Rivette e agora disponível em DVD da Cult Classic, provocou um escândalo e tanto. O Ministério da Informação da França recebeu 12 mil cartas solicitando sua interdição e o governo do general De Gaulle simplesmente acolheu os pedidos. Proibiu o longa tanto na França como no exterior. Ele só foi liberado porque o ministro da Cultura, André Malraux, convenceu os produtores do Festival de Cannes a mostrar o filme, proibido por "imoralidade". No Brasil, o longa foi exibido com cortes.