terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

MAROLINHA, MAROLINHA...

02/02/2010 - 11h06

Exportações caem com crise e derrubam produção industrial, diz IBGE

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

O bom desempenho do mercado interno não foi suficiente para conter o estrago que a crise provocou na demanda externa, e foram justamente os setores mais dependentes das exportações que influenciaram diretamente o pior desempenho da industria brasileira desde 1990. A produção industrial em 2009 registrou queda de 7,4% ante 2008, primeira resultado negativo desde 1999, quando a indústria havia tido retração de 0,7%.

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"A redução dos investimentos e a menor demanda externa foram decisivos para que a indústria apresentasse esse desempenho. Ao logo do ano, já nota-se uma retomada dos investimentos, mas as exportações ainda não reagiram no mesmo ritmo", afirmou Isabella Nunes, coordenadora da PIM (Pesquisa Industrial Mensal).

Ao mesmo tempo, os dados referentes à segunda metade de 2009 mostram claramente uma recuperação da indústria. No primeiro semestre, a produção industrial caiu 13,4% em relação a igual período em 2008. Na segunda metade de 2009, a retração da indústria foi de 1,7%.

"O setor industrial foi o mais atingido pela crise. Houve queda em diversos países do mundo. No Brasil, já vemos um movimento de recuperação, com uma retomada consistente, com qualidade e retomada dos investimentos", afirmou Isabella Nunes, coordenadora da PIM (Pesquisa Industrial Mensal).

Ela acentuou que, diante os ajustes na indústria em função da crise, a queda de 7,4% em 2009 pode ser considerada normal. Acrescentou também que o cenário macroeconômico atual é bem diferente do que era notado em 1990, e que isso vem permitindo que a indústria reencontre o rumo do crescimento de forma mais rápida e mais robusta.

A indústria de bens de capital, por exemplo, despencou 17,4% em 2009. No primeiro semestre, essa redução foi de 22,9%. De julho a dezembro, o ritmo de queda foi menor, com essa produção apresentando variação negativa de 12,3%. No ano, a retração mais expressiva foi observada na produção de máquinas e equipamentos, que despencou 18,5%.

Juntamente com os bens de capital, os bens intermediários representam cerca de 70% da indústria. O desempenho desse segmento também foi decisivo para que a indústria tivesse o pior desempenho em 19 anos. A produção de bens intermediários teve redução de 8,8%, influenciada principalmente pelo desempenho da indústria de metalurgia básica, que caiu 17,4% frente a 2008.

No primeiro semestre, a queda entre os intermediários foi de 15,7%. Já na segunda metade do ano, a retração foi de 1,9%.

A redução da produção de veículos automotores (-12,4%) puxou o resultado negativo dos bens de consumo duráveis, que apresentaram queda de 6,4% ao longo de 2009, na comparação com o ano anterior. A produção de material eletrônico e equipamentos de comunicações registrou queda de 25,5%, impactada pela baixa nas exportações de telefones celulares.

A manutenção do consumo do mercado interno, em função da manutenção do nível de emprego e renda do brasileiro, fez com que a produção de semi e não duráveis caísse de forma menos intensa, com redução de 1,6% frente a 2008.