sábado, 6 de março de 2010

Gazeta do Povo e G-1

Bancoop

Em notas, tesoureiro do PT e cooperativa ligada ao partido negam irregularidades

MP pediu quebra de sigilo de petista e bloqueio de contas da Bancoop

06/03/2010 | 18:11 | G1/Globo.com

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e a diretoria da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), negaram na tarde deste sábado (6) por meio de notas irregularidades nas contas da cooperativa. As notas foram uma resposta ao pedido de quebra de sigilo bancário de Vaccari e do bloqueio de contas da cooperativa, feito pelo Ministério Público de São Paulo, conforme reportagem da revista "Veja" deste final de semana.

Segundo o promotor José Carlos Blat, Vaccari teria participado, quando era presidente da cooperativa, de um esquema de desvio de verbas para um suposto caixa dois do PT. Ele será o responsável pelas contas da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República.

Veja a íntegra da nota de Vaccari

A respeito de matéria publicada pela revista Veja desta semana, esclareço:

1. Presidi a Bancoop de 2005 até a semana passada, quando me desliguei da cooperativa para assumir minhas funções como Secretário de Finanças e Planejamento do PT;

2. Nunca houve nenhum tipo de acusação contra mim e não respondo a nenhum processo, civil ou criminal

3. Em relação à investigação envolvendo a Bancoop, sempre nos colocamos à disposição das autoridades, agindo com total transparência, disponibilizando documentos e fazendo os esclarecimentos necessários à Promotoria e aos cooperados.

4. Repudio o tipo de jornalismo antiético praticado por Veja, que diz ter passado seis meses “investigando” o caso e em nenhum momento procurou ouvir a mim ou a Bancoop.

Veja a íntegra da nota da Bancoop

1. A BANCOOP (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) não foi ouvida em momento algum pelos jornalistas responsáveis pela matéria da revista “VEJA”, em clara violação a princípio elementar de ética jornalística.

2. A matéria tem nítida finalidade política, já que não agrega praticamente nenhuma novidade às acusações que foram efetuadas no passado e devidamente rebatidas pela BANCOOP. Sua publicação com grande destaque se explica pela previsão de instalação dentro dos próximos dias de CPI sobre a BANCOOP na Assembléia Legislativa de São Paulo, requerida ainda em 2008 pela bancada de deputados do PSDB.

3. No que se refere à conduta do Ministério Público de São Paulo relativamente à BANCOOP, é preciso esclarecer que a BANCOOP celebrou com o Ministério Público em 2008 Acordo Judicial em Ação Civil Pública, no qual foram estabelecidos compromissos voltados ao aprimoramento da gestão da cooperativa, de modo a se gerar maior segurança aos cooperados. Vários desses compromissos correspondem a condutas que já vinham sendo adotadas pela cooperativa, como, por exemplo, a realização de auditoria contábil por empresa independente (o que vem sendo promovido pela empresa de auditoria Terco Grant Thornton desde as contas a partir de 2005).

4. Quanto à esfera penal, foi instaurado em 2007 Inquérito Criminal (1º DP da Capital de São Paulo), que continua em andamento, sem que, até o presente momento, tenha sido promovida pelo Ministério Público qualquer medida judicial. Contraditoriamente, o Promotor José Carlos Blat procura sistemática a imprensa com o objetivo de fazer acusações políticas à cooperativa, como a de que “A BANCOOP é hoje uma organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT e que ajudou a financiar inclusive a campanha de Lula à Presidência em 2002”.

5. A matéria é extremamente fantasiosa quanto aos fatos, como demonstra a informação de que teriam sido emitidos, para saque em dinheiro, cheques nominais à própria BANCOOP em valor total superior a R$ 31 milhões. Na verdade, há uma intensa movimentação bancária entre contas da própria BANCOOP, já que cada empreendimento da cooperativa, por força inclusive do Acordo Judicial celebrado com o Ministério Publico, tem conta bancária específica, sendo necessária a transferência de recursos utilizados para o custeio das respectivas obras.

6. A BANCOOP, apesar de ter vivido dificuldades administrativas em 2003 e 2004, tem sido extremamente bem sucedida na disponibilização de imóveis a preço de custo destinado a moradia. Trata-se de alternativa no âmbito do mercado imobiliário que procura facilitar o acesso de trabalhadores à casa própria. Seguem alguns dados que refletem o desempenho da BANCOOP desde sua criação, em 1996, até dezembro de 2009: a) Total de empreendimentos já concluídos ou em construção: 34. b) Empreendimentos com todas as unidades entregues: 24. c) Empreendimentos em construção: 10. d) Empreendimentos que foram descontinuados por falta de interesse dos cooperados: 19. e) Total de unidades já entregues ou em construção: 6.358 f) Total de unidades entregues: 5.337 (84% do total), sendo 4.152 em empreendimentos já concluídos e 1.185 em empreendimentos em construção. g) Total de unidades em construção: 1021, sendo que, desse total, 502 pertencem a cooperados que aguardam a conclusão e o restante integra um estoque de unidades disponíveis. h) Total de unidades com escritura liberada: 3.406.

7. A BANCOOP sempre esteve à disposição dos cooperados, das autoridades competentes e da imprensa para prestar informações sobre as atividades da cooperativa.

“O que chama a atenção é que na época que ele [Vaccari] era presidente da Bancoop, com dificuldades terríveis para pagar construtoras e cumprir as obras, foi entregue um cheque no valor de R$ 1,5 milhão a uma empresa de segurança. Também foram sacados R$ 31 milhões em cheques nominais à própria Bancoop na boca do caixa. A prática do saque é feita para dificultar o controle da conta corrente das empresas. É prática muito primária, mas é conhecida quando se quer ocultar”, disse o promotor ao G1.

Em sua nota, Vaccari afirma que no período em que foi presidente da Bancoop, de 2005 até a semana passada, nunca foi acusado de cometer irregularidades. “Nunca houve nenhum tipo de acusação contra mim e não respondo a nenhum processo, civil ou criminal”, diz o texto.


O tesoureiro do PT também diz que no período em que presida a cooperativa, sempre se colocou “à disposição das autoridades, agindo com total transparência, disponibilizando documentos e fazendo os esclarecimentos necessários à Promotoria e aos cooperados”.


A Bancoop, por sua vez, diz em sua nota que “a matéria tem nítida finalidade política, já que não agrega praticamente nenhuma novidade às acusações que foram efetuadas no passado e devidamente rebatidas pela Bancoop”. Segundo a nota, a “publicação com grande destaque se explica pela previsão de instalação dentro dos próximos dias de CPI sobre a Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo, requerida ainda em 2008 pela bancada de deputados do PSDB”.

A diretoria da cooperativa informa ainda que já havia adotado uma série de compromissos firmados com Ministério Público em 2008 em um Acordo Judicial em Ação Civil Pública com o objetivo de aprimorar a gestão. Entre os compromissos estavam “a realização de auditoria contábil por empresa independente”, que, segundo a nota, vem sendo realizada desde 2005.


A Bancoop informa ainda que inquérito criminal instaurado em 2007 para apurar eventuais irregularidades “continua em andamento, sem que, até o presente momento, tenha sido promovida pelo Ministério Público qualquer medida judicial” e diz que o promotor José Carlos Blat buscou a imprensa “com o objetivo de fazer acusações políticas à cooperativa, como a de que ‘a Bancoop é hoje uma organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT e que ajudou a financiar inclusive a campanha de Lula à Presidência em 2002”.