sábado, 6 de março de 2010
Quem desdenha ... no fundo...quer
Texto de Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba.Como sempre, delicioso texto!
Elza Gonzales e sua escultura antes e depois da intervenção da polícia. Fotografia AFP in BBC Brasil, 6/3/2010.
Não pode!
Elza Gonzalez teve uma idéia que só os Gonzalez poderiam ter nos Estados Unidos. Os Wilsons, os Kings, os Bushes, não. Ela decidiu esculpir o dorso de uma mulher nua junto com seus filhos no jardim da frente de sua casa em Rahway, no estado de Nova Jérsei, ali ao lado de Nova Iorque. Coitada. Ela, que trouxe para a América a tesão pelo sexo, a paixão pela beleza, o amor pela arte, acordou em um pesadelo. Um vizinho, um McDonalds de lá, rapidamente chamou a polícia e reclamou que a obra era “muito ousada”. E a polícia pateta dos Estados Unidos não falhou. Ela deu duas alternativas para a família, ou a destruição da escultura, ou que ela fosse coberta, vestida “djá”. Esse é o famoso “pragmatismo” norte-americano. Parafraseando a querida, a belíssima Fabiana Karla que encarna a Doutora Lorca todo sábado no Brasil, bater, torturar e assassinar prisioneiros em Guantánamo não é “muito ousado”. Pode. Agora, uma escultura com os seios e a xoxota à mostra, não pode. Aliás, no Brasil dos Silvas, um episódio semelhante acaba de acontecer. Tiraram do ar a loirinha estrangeira que se requebrava inteira vendendo cerveja em um comercial de televisão. Ora, ora, ora. Mostrar tartaruguinha ensinando criança a beber cerveja, pode. Mostrar a Paes como a boa brasileira que se empanturra de cerveja, pode. Agora, a riquinha americana Hilton, que horror. Queimem a bruxa! Já deve ter gente no Palácio do Planalto fazendo o projeto de criação da Cervejobrás. No mínimo, mais dez mil boquinhas em defesa das “cumpanheiras” denegridas pelas propagandas. Nas próximas, só a Dilma. Porque a Dilma, pode!
Não pode!
Elza Gonzalez teve uma idéia que só os Gonzalez poderiam ter nos Estados Unidos. Os Wilsons, os Kings, os Bushes, não. Ela decidiu esculpir o dorso de uma mulher nua junto com seus filhos no jardim da frente de sua casa em Rahway, no estado de Nova Jérsei, ali ao lado de Nova Iorque. Coitada. Ela, que trouxe para a América a tesão pelo sexo, a paixão pela beleza, o amor pela arte, acordou em um pesadelo. Um vizinho, um McDonalds de lá, rapidamente chamou a polícia e reclamou que a obra era “muito ousada”. E a polícia pateta dos Estados Unidos não falhou. Ela deu duas alternativas para a família, ou a destruição da escultura, ou que ela fosse coberta, vestida “djá”. Esse é o famoso “pragmatismo” norte-americano. Parafraseando a querida, a belíssima Fabiana Karla que encarna a Doutora Lorca todo sábado no Brasil, bater, torturar e assassinar prisioneiros em Guantánamo não é “muito ousado”. Pode. Agora, uma escultura com os seios e a xoxota à mostra, não pode. Aliás, no Brasil dos Silvas, um episódio semelhante acaba de acontecer. Tiraram do ar a loirinha estrangeira que se requebrava inteira vendendo cerveja em um comercial de televisão. Ora, ora, ora. Mostrar tartaruguinha ensinando criança a beber cerveja, pode. Mostrar a Paes como a boa brasileira que se empanturra de cerveja, pode. Agora, a riquinha americana Hilton, que horror. Queimem a bruxa! Já deve ter gente no Palácio do Planalto fazendo o projeto de criação da Cervejobrás. No mínimo, mais dez mil boquinhas em defesa das “cumpanheiras” denegridas pelas propagandas. Nas próximas, só a Dilma. Porque a Dilma, pode!
