terça-feira, 3 de agosto de 2010
Má educação e maus motoristas
A impressão que tenho é que sempre estou batendo na mesma tecla neste blog, talvez seja pelo fato de sempre deparar com os mesmos problemas que são repetidos a exaustão diariamente. O fato é que nunca gostei muito de dirigir, na realidade acho dirigir algo chato e mecânico, vejo o automóvel como um mero facilitador do cotidiano, já que o transporte público no Brasil é uma lástima, exceção do metrô que não existe em minha cidade, embora ela necessite muito de um. Não é um símbolo de poder ou status e tão pouco gera prazer algum trocar marchas, acelerar, brecar e controlar um volante em minha vida.
O trânsito está insuportável, o professor Roberto Romano em sua coluna no jornal Correio Popular fez um paralelo interessante entre a falta de respeito dos motoristas brasileiros com o comportamento em sociedade e como encaramos a própria democracia, na realidade a coluna do dia 21 de julho era um relato de uma entrevista com o jornalista da cidade e o professor Romano disse: “Nada mais contrário à essência democrática, simbolizada pela queda da Bastilha, do que as práticas brasileiras e campineiras de trânsito.”
Não poderia estar mais correto ou ser mais preciso do que isto. Ontem contei o número de atitudes imprudentes cometidas no trânsito de Campinas em um trajeto de apenas 15 minutos. Foram sete infrações que foram desde “espertinhos” podando pela direita na ânsia de ultrapassar para fazer conversões proibidas, fechadas clássicas de motoristas em celular e uma conversão proibida a contramão para se evitar um balão, o sujeito para cortar um balão virou o carro e ficou parado esperando o momento para fazer a conversão em contramão, claro que o motorista estava falando em um telefone celular. Faz tempo que noto um comportamento no trânsito pessoas andando a menos de 40/km no meio da via, tomando duas mãos, não se trata de excesso de prudência, mas de egoísmo, afinal ao passar pelas mesmas noto-as penduradas em seus telefones celulares. Este fenômeno ocorre com ambos sexos, com qualquer idade, desde a Cherokee enorme até ao pequeno Fiat Uno, do caríssimo Audi ao modesto Fusca.
O telefone celular é o símbolo desta era da má educação e do egoísmo, não culpo a tecnologia, mas o usuário que não respeita mais ninguém. Além da imprudência no trânsito e do egoísmo (vou ocupar a via toda andando a 30 Km/h e depois acelerar como um louco perto do semáforo, afinal só eu existo) há falta pura de educação de atender a uma chamada como um urso treinado a dançar ao ouvir uma campainha, sem ao menos pedir licença, e ficar durante vários minutos conversando no telefone enquanto você fica com cara de idiota olhando para a pessoa. Usar a porcaria do celular como rádio, com toda a distorção horrorosa que a minúsculas caixas de som do mesmo produzem quando aumentadas no máximo dividindo a porcaria de música com quem não está interessado.
Manter o mesmo ligado em qualquer lugar, não estou inventando e nem preciso disto, meses atrás compareci ao velório de um pai de um amigo, de repente uma mulher atende o celular e começa a falar alto “estou num velório..." e depois cita o nome do falecido, tudo em tom alegre como quem comenta uma ida ao cinema e nome do filme para eliminar a curiosidade do interlocutor. Tudo isto ao lado da família e no mesmo recinto que estava o caixão. Fiquei com vergonha pela mulher e revoltado pelo meu amigo e sua família.
Esta falta de educação, civilidade, egoísmo e imprudência denota um comportamento padronizado que explica o atual momento da nação. Seja no trânsito onde pode custar vidas ou no convívio social cada vez mais noto um egoísmo latente que não tem nada com ser uma pessoa individualista no sentido bom de ser, onde você e apenas você é responsável por suas escolhas e arca sozinho com resultado de todas elas.