Vida Pública
Domingo, 07/11/2010
Renato Cobucci/Jornal Hoje em Dia
Anastasia: uso de leis delegadas já seria “tradição” em Minas GeraisGovernador de Minas quer fazer leis sem a Assembleia
O reeleito Antonio Anastasia pede aval para mudar a estrutura administrativa do estado sem precisar dos deputados. Para oposição, atitude é desrespeitosa
A exemplo do que fez Aécio Neves (PSDB) no início de seus dois mandatos como governador de Minas Gerais, o seu sucessor, Antonio Anastasia (PSDB), pretende recorrer às chamadas leis delegadas para uma nova reestruturação administrativa. Um pedido de autorização foi encaminhado para a Assembleia Legislativa, onde o governo tem ampla maioria.
Recebida na quinta-feira, a mensagem do governador solicita delegação para que o Poder Executivo edite lei para estruturar a administração pública direta e indireta. Caso seja aprovada, Anastasia terá um prazo de 1.º a 31 de janeiro para editar leis delegadas relativas à reforma administrativa, sem a necessidade de as medidas serem aprovadas pelo Parlamento estadual. Deputados da oposição condenaram a proposta, com o argumento de que a aceitação pela Assembleia seria o mesmo que o Legislativo “dar um cheque em branco ao Executivo”.
Na mensagem, o governo solicita que sejam delegadas competências para “criar, incorporar, transferir, extinguir e alterar órgãos públicos, inclusive autônomos, ou unidades da administração direta”. O Executivo poderá também criar, transformar e extinguir cargos comissionados e de confiança. Também terá autorização para alterar a sistemática de remuneração dos servidores, atribuições, requisitos para ocupação, forma de recrutamento e jornada de trabalho.
A oposição diz que a delegação ao governador só deve ocorrer em casos de matérias urgentes e de grande relevância. Para o líder da bancada do PT, Adelmo Leão, trata-se de um “grande desrespeito” ao Parlamento.
Para Anastasia a lei delegada já é uma “tradição” na administração mineira, tendo sido utilizada antes do governo Aécio. “Ela permite a agilidade e permite, certamente, a aferição exata daquilo que é necessário. Então, nós temos a convicção que é a forma mais adequada.” Embora tenha sido utilizada por outros governadores mineiros, Aécio foi o que mais editou leis delegadas. Em 2003, foram 63; e, em 2007, 67.