segunda-feira, 8 de novembro de 2010

It´s about nothing. Obrigado Caro Otterco, pelas resposta !

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Turning around

Run Forrest, Run!

Disse que não falaria mais no assunto, mas... agradeço e também esclareço algumas coisas. Farei por partes:
Primeiro o agradecimento:

Caro Professor Roberto Romano,

Fiquei muito feliz com o seu comentário sobre o meu post ontem (na verdade é o maior orgulho deste blog tê-lo como leitor) aproveito também para agradeçar a indicação da leitura de seu ensaio "A mulher e a desrazão ocidental" - livro Lux in Tenebris que será feita. Principalmente as palavras que foram precisas e realmente traduzem o que a nossa sociedade demonstra: uma tendência ao fascismo especialmente acentuado dentro da classe média. Quanto aos palhaços comentando no vídeo é exatamente aquela coisa do “que frouxo, se fosse comigo...” que é a velha bravata para mostrar para quem está perto que ele é mais homem do que o sujeito do vídeo. O que me assusta de verdade é o turbilhão de sentimentos guardados pela hipocrisia de nossa sociedade e a carga enorme de frustrações de todos os tipos acumulada nas pessoas. Não vejo nenhuma ação para atenuar este quadro, mas ações que reforçam e pressionam mais para este cenário. Creio que isto explique o nível de violência de nossa sociedade.

Agradeço o apoio pela expressão dos pensamentos muitas vezes atropelados e até toscos presentes neste blog resultado de uma mente perturbada na maioria das vezes.

O esclarecimento:

Viviane (iria enviar por e-mail, mas se suscitou esta imprensão em você, deve ter ocorrido o mesmo com outros, portanto peço sua licença e respondo pelo blog):

Quando disse que a sociedade ocidental colhe o que plantou em 1960, me refiro à cultura beatnik e hippies e não aos movimentos pela luta por direitos ocorridos especialmente nos Estados Unidos. O que ficou daquela época senão a idéia de que ficar doidão sem fazer nada e ser promíscuo sexualmente (se atracando com qualquer coisa se mova num raio de 1 metro) ser o máximo? Não só a tolerância, mas o incentivo e apologia ao uso de drogas que impregnou as décadas e gerações seguintes e só piora com o tempo? A promiscuidade sexual também cada vez mais acentuada e incentivada. Esta idéia até hoje persiste nas gerações atuais. Não sou um puritano, mas também não apoio a devassidão desenfreada que é o padrão comportamental nas sociedades ocidentais. Não sou eu que digo, mas graças a este comportamento celebrado como livre, hedonista e libertário temos uma proliferação absurda de doenças sexualmente transmissíveis e uma epidemia de Aids que assola o mundo desde a década de 1980. Quantos recursos já não foram usados e quanto já não foi gasto em políticas públicas e sanitárias para tentar reverter um problema estritamente comportamental e até autodestrutivo já que não há cura para esta doença.
Muitos dos problemas atuais da sociedade ocidental residem neste “way of life” que não demanda responsabilidade alguma e distorce a idéia de liberdade (a liberdade fácil sem ônus: faço o que bem entender, mas não estou disposto a arcar com as consequências dos meus atos. Se tudo der errado é culpa de alguém: sociedade cruel, opressão exercida pelos membros do Status Quo e etc.).
Não sou um louco visceral oponente de movimentos sociais como o feminismo. Foi importante, mas precisa se reciclar destes discursos loucos ou que projetam a mulher em condição social do século XIX (algumas destas feministas têm pouco mais de vinte anos e falam como se estivessem lutando pelo movimento sufragista ainda.) ou discursos ultra radicais que reconhecem os avanços, mas apontam para que a felicidade suprema feminina (como se todas as mulheres desejassem a mesma coisa que a militante entende como ideal) somente será alcançada com uma revanche interminável e com a extirpação do ‘inimigo’ de posições chaves da sociedade. Muitas destas vivem destes discursos, pois são militantes profissionais à frente de ONGs, institutos e etc e tiram seu sustento desta pregação. Porém já passou da hora do movimento feminista (que acho uma besteira, como todo movimento sectário à base de militância) se reciclar ou pelo menos reciclar o discurso. A sociedade pintada em muitos discursos não é mais assim faz tempo. As mais radicais sequer pegaram qualquer resquício deste mundo felizmente já perdido.
O mesmo digo em relação ao socialismo, não odeio socialistas (não concordo com quem defenda o comunismo, pois é o mesmo que alguém defender o nazismo, fascismo ou a ditadura militar, por exemplo), mas também acredito que eles precisam reciclar seus conceitos e discursos e parar de apontar falhas e soluções para o capitalismo como era no início da Revolução Industrial ou do começo do século XX. Esta história de que revolução proletária e sindicatos como solução não cola mais. Sindicatos são uma fonte inesgotável de corrupção e pouco fazem pelas classes que dizem defender. O que vejo são dirigentes sindicais dando saltos de melhorias de vida, ascensão social e se projetando na vida política, verdadeiros trampolins para o sucesso sem muito esforço. O socialismo foi muito importante no final do século XIX e começo do século XX onde deu voz e consistência para uma nova classe que surgia e não possuía direito algum, se não fosse pelo movimento socialista, fábricas ainda estavam pegando órfãos e fazendo-os trabalhar até morrerem. As pessoas trabalhariam por uma ninharia, sem direito, garantia e condição alguma salubre. Ainda existe isto no mundo? Certamente (curiosamente e principalmente onde os ‘socialistas’ governam: China, Coréia do Norte, Brasil – América Latina como um todo), mas não forma um padrão mundial atualmente exatamente pelo movimento socialista. Também muitas das noções de direitos humanos, proteção contra a dominação pelo poder aquisitivo e outras distorções onde cidadãos não são colocados em condições iguais, existem por luta de socialistas. Mas é preciso uma reciclagem, eliminar alguns clichês, idéias anacrônicas e principalmente se livrar de alguns totens e ícones. Coisa que 90% não conseguem fazer. Tanto é fato, pois quando estas pessoas chegam ao poder se esquecem de seus compromissos, cumprem agendas do partido que não passam de clichês da militância que pouco se adéquam a realidade, ficam presos em ideologias anacrônicas para contentar os companheiros e cumprem chantagens de grupos abrigados durante anos dentro do partido. No resto são muito mais reacionários que o mais conservador dentre os ultraconservadores. Não é a toa que sempre formam alianças com estas pessoas na primeira oportunidade.
Para encerrar de vez: A sociedade contemporânea ocidental é uma amalgama de pessoas que se unem muito mais por poucas afinidades e interesses comum e convivem (ou se suportam na maioria das vezes) dentro de um oceano de diferenças, particularidades e idiossincrasias que as separam. Por isto não compactuo, refuto, rejeito e me ponho a toda e qualquer tentativa de classificar pessoas em grupos e tratá-las como pequenos rebanhos que pensam da mesma maneira e anseiam pelas mesmas coisas por se enquadrarem dentro de uma categoria determinada por um oportunista que os vê como um meio fácil para alcançar seus objetivos pessoais e como massa de manobra. Não raro, muitos destes líderes são pegos em atitudes hipócritas ou totalmente opostas àquilo que pregam.
O simples fato de ser homem caucasiano heterossexual adulto nascido no Brasil, sudeste, interior de São Paulo não diz nada a meu respeito, não orienta o meu comportamento, e tão pouco me faz ter afinidade ou os mesmos objetivos de homens caucasianos heterossexuais adultos nascidos no Brasil, sudeste e interior de São Paulo, simplesmente por que possuímos determinadas características comuns. Ou mesmo dizer que gosto e sou amigo de todo mundo que gosta dos mesmos filmes que eu, das mesmas músicas, das mesmas séries, dos mesmos livros, que possuem visões políticas e religiosas parecidas ou que são praticantes de Aikido, por exemplo. Ou acreditar que todos pensamos de maneira igual por isto. Não soa extremamente ridículo?
Agora imagine políticas públicas e leis voltadas para atender grupos de pessoas divididos por cor de pele, gênero, região, classe social e etc. O que dizer então de estudos, ensaios, editoriais e matérias comportamentais classificando, orientando e falando em nome das pessoas que se enquadram nestes grupos simplesmente porque nasceram no mesmo lugar; possuem o mesmo gênero ou etnia?
Pois bem, o que vejo no mundo atual é cada vez mais governos, nichos e segmentos dentro do mercado de consumo e a própria sociedade se guiando por isto e forçando padrões comportamentais dentro desta visão. Se já era errado fazer este tipo de distinção e generalização antes que oprimia pessoas por isto, por que seria certo fazer o mesmo agora? Qual é o objetivo de continuar o erro apenas invertendo o lado da moeda ou criando vários segmentos?
É muito mais fácil dominar pequenos grupos ou nichos divididos e antagônicos que não possuem cooperação alguma, pelo contrário, gastam muito de seu tempo tentando galgar centímetros em batalhas inúteis direcionadas e programadas do que enfrentar indivíduos livres conscientes de seus direitos e de seus deveres unidos por leis universais. Isto é tão velho que qualquer guerreiro que se prezasse, desde as primeiras guerras, já sabia. Os grandes conglomerados, seitas e partidos políticos sabem muito bem disto.