quinta-feira, 31 de julho de 2014

Folha, uma entrevista antiga, mas atualissima.

ão Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
Um remédio contra a tagarelice
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR-ADJUNTO DO MAIS!
Praticamente em silêncio, Roberto Romano, professor de filosofia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) preparou e está lançando um minucioso ensaio sobre o filósofo iluminista Denis Diderot (1713-1784).
Em "Silêncio e Ruído - A Sátira em Diderot", Romano investiga, a partir de "O Sobrinho de Rameau", de Diderot, o modo de funcionamento da sátira e seus vínculos com a tradição clássica, sobretudo em Plutarco e Luciano (leia crítica nesta página).
Para Romano, a sátira serve para indicar nossos limites. Ela é um purgatório contra os excessos do discurso. Não se trata ainda de criticar o logocentrismo, mas de vitimar a logorréia. A sátira de Diderot permanece válida em tempos em que a garrulice e a adulação se tornaram vícios coletivos.
Nesta entrevista à Folha, Roberto Romano fala de seu trabalho e critica o subjetivismo que tomou conta do discurso intelectual.
*
Folha - Que razões levaram o sr. a investigar a obra de Diderot?
Roberto Romano - Primeiro, para desmentir os clichês em torno da obra deste filósofo, considerado vulgarmente um pensador eclético, sem rigor, superficial, ligeiro. Segundo, para entrar numa área, a estética, considerada um lugar menor dentro da filosofia "séria". E dentro desta área menor quis pegar uma questão ainda mais desprezada, que é a da sátira. A partir dali, tento mostrar como, via sátira, você chega a certos pontos essenciais tanto na perspectiva epistemológica quanto na política.
Folha - Que lugar ocupa a sátira na filosofia contemporânea?
Romano - Hoje temos, por um lado, pensadores da Escola de Frankfurt, como Habermas, tentando encontrar uma ética do discurso, da vida em comum. Por outro, o positivismo lógico, realizando um trabalho seriíssimo de limpeza da linguagem, tendo em vista a questão da ciência. Ora, o que faz Diderot com a sátira ao longo de seus trabalhos? Discute a questão da comunicabilidade numa perspectiva paralela à de Rousseau na mesma época. Ambos concordam que a civilização chegou a uma situação de ruído, de incomunicabilidade, na qual o que se ouve é apenas um amontoado de sujeitos falando sozinhos. A diferença é que para Rousseau este é um ponto terminal, de opacidade completa dos sentimentos. No caso de Diderot, é o momento -propriamente poético da filosofia e da linguagem- de gerar fórmulas novas, que é o que ele tenta fazer.
Folha - Como a sátira funciona nas situações de incomunicabilidade por excesso de ruído?
Romano - A sátira, junto com o ceticismo, será sempre uma espécie de alavanca do pensamento, ela vai impedir que ele descanse, que seja invalidado pelo palavrório.
Folha - Na sua opinião, a filosofia está contaminada pelo palavrório?
Romano - Esta espécie de papinha que hoje se produz sob a denominação de desconstrucionismo, de pensamento pós-moderno, não responde a nada que seja profundo. Houve uma dessubstancialização do pensamento, uma desmaterialização, para utilizar uma expressão em voga, e nada foi colocado em seu lugar.
Hegel, na "Estética", interpreta a sátira como um momento de decadência da "polis", um momento de severidade, com a qual a sátira vai se identificar. De certo modo, o satírico é um censor.
Na verdade, tal como se vê em Plutarco e Luciano, a tradição satírica, junto com a censura política, quer mostrar o quanto é ridículo o abuso da palavra, sobretudo o abuso pedante da palavra. Diante do ridículo que afasta a linguagem do que é substancial, a sátira funciona como purgatório.
Folha - Quais são os sinais de excesso da linguagem hoje?
Romano - Vivemos uma inflação de palavras que não haverá Plano Real capaz de conter. Pode-se dar o exemplo de uma palavra que justifica planos econômicos, serve como modelo explicativo, como palavra de ordem etc.: globalização. É um fetiche. Ela aparece hoje como um novo sistema, como se nunca alguém tivesse pensado em circulação de mercadorias, de idéias etc. Essa inflação do discurso está a exigir uma espécie de gargalhada com a sátira.
Folha - Quem estaria apto a provocar esta risada?
Romano - Eu não sou satírico, não tenho essa capacidade poética, sou apenas um analista. Mas em alguns autores você encontra este tipo de remédio. Neste século, o encontramos em Joyce, Musil e Günter Grass, por exemplo.
Folha - Numa passagem do livro, o sr. critica, sem citar nomes, o que chama de "bajuladores das confrarias". A quem o sr. se refere?
Romano - O que acontece hoje é um enquistamento ao redor de pessoas e não mais de idéias. Nós chegamos a uma espécie de intersubjetivismo muito grave, no qual as questões do pensamento não são propriamente colocadas.
Eu me espanto com o que está ocorrendo no debate filosófico no Brasil. Não é ranhetice, mas alguma coisa está acontecendo quando as pessoas, em vez de pensarem, falam sobre si mesmas. Eu tenho algum interesse sobre a subjetividade deste ou daquele filósofo? O último livro de Paulo Arantes, por exemplo, é de uma tristeza global. Alguém que escreveu um texto magnífico sobre Hegel, hoje publica um livro de diálogos no qual se transcreve até uma ida ao banheiro. O mesmo acontece com Giannotti e Ruy Fausto. Que interesse tem para o público o "modus operandi" de Giannotti?
Falar de nós mesmos não interessa a ninguém. O culto à subjetividade chegou a um ponto perigoso, a partir do qual se está abrindo o caminho para o autoritarismo. Fomos tomados pela embriaguez da confissão sem sermos Santo Agostinho ou Rousseau.

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terça-feira, 29 de julho de 2014

Correio Braziliense, 29/07/2014

“Método do terror”


Sem entrar em nuances partidárias, o episódio envolvendo a demissão de analistas do Santander por terem elaborado um comunicado sobre as consequências do cenário político na economia brasileira reflete uma “democracia sem qualificação”, na opinião do professor, antropólogo e escritor Roberto DaMatta. “Trata-se de um ato autoritário, uma interferência incabível e inaceitável”, disse ele ao Correio. “É uma tentativa de tirar a legitimidade de quem pensa diferente”, emenda.

A decisão do banco de punir os responsáveis pela mensagem é encarada também pelo professor de ética e filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano como exemplo da “falta de democracia e de liberdade nas relações entre o poder e a sociedade civil”. “Vivemos em um país onde é proibido fazer oposição. Esse é mais um caso clássico de intolerância e da lógica absolutista instalada no poder federal”, argumenta.

Independentemente de partido político, quem chega ao poder no Brasil, sublinha Romano, costuma agir segundo o que ele chama de “método do terror”. “Nem a esquerda nem a direta conseguiram chegar à democracia. Ainda prevalece a lógica do coronel, da oligarquia. Essa história de “pedir a cabeça”, como observamos nesse caso do Santander, é coisa de absolutista, de quem acha que governar pela intimidação é o estilo correto”, dispara o professor.

Sobre os mútuos ataques virtuais após a polêmica mensagem, Romano diz que “os partidários dos governantes geralmente são mais intolerantes do que o próprio rei”. “Mas a história mostra que tentar calar as pessoas só aumenta as críticas”, sustenta ele, acrescentando que no ambiente acadêmico também não é raro se deparar com punições aos que divergem de quem está no poder. “Retiram bolsas de estudo e isso não vem a público nem fica tão evidente como no caso do Santander”, conclui.


 Correio Braziliense

CBN, 29/07/2014

Terça, 29/07/2014, 11:01

'Cargos de confiança na Cohab indicados por Maluf e PP são violações do princípio do que é público e privado'

Entrevista com Roberto Romano, filósofo e professor ética e política da Unicamp, que afirmou ainda que prometer uma ONG a um partido é um elemento de compra e venda de algo público e que pertence aos pagadores de impostos.

Ouvir
 



http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-sao-paulo/2014/07/29/CARGOS-DE-CONFIANCA-NA-COHAB-INDICADOS-POR-MALUF-E-PP-SAO-VIOLACOES-DO-PRINCIPIO-DO.htm



Marta Bellini, boa volta (e boa ida...). Abs.


Sou por aqueles excluídos...(Walt Whitman)...






Frio bate recorde pelo 2º dia seguido na região. “Só tem uma coberta e o coitado do bicho sente frio, preciso cuidar dele”, diz o morador de rua Luis Carlos. Leia: http://vai.ai/s-187391

Foto: Hamilton Pavam

Roque


Estado, 29/07/2014


Um milagre, papa Francisco!


Roberto Romano

Novalis, poeta e teórico político conservador do século 19, afirma que a Igreja foi o modelo de todas as sociedades. Segundo ele, as pessoas comuns encontravam na vida católica "proteção, respeito, escuta". De fato, em milênios ela inspirou povos e governantes, nem sempre de modo esplêndido (a Inquisição, no setor judiciário). Não existe poder moderno sem que os hierarcas tenham indicado as vias e as técnicas de comando. Max Weber adianta que os processos burocráticos de governo nasceram na Cúria, com a centralização do mando pelo papa. Carl Schmitt, discípulo conservador de Weber, mostra que a catolicidade instaura a hegemonia do mando executivo, portador da suprema decisão (plenitudo potestatis papae) acima dos bispos. A máquina jurídica e religiosa, construída racionalmente, venceu as doutrinas conciliaristas que davam aos pastores reunidos peso maior do que ao romano pontífice.

A tenaz oposição ao absolutismo papal, sobretudo após Lutero, inspirou as lutas contra o mando irrestrito dos reis e gerou as teses sobre a monarquia limitada. Exemplo dessa campanha temos na Franco Gália, tratado calvinista de François Hotman (1574). O parlamentarismo sempre foi avesso ao Executivo, combatendo-o na figura católica ou na tese laica do direito divino dos reis. O cardeal Caetano (Auctoritas Papae et Concilii sive Ecclesiae Comparata, 1511) exemplificara a dificuldade de conduzir os cristãos ao acordo entre papa (iudex ordinarium omnes, juiz comum de todos) e bispos. Um defensor da Igreja contra o Estado civil, o cardeal Bellarmino (ele causou longas digressões de Hobbes no Leviatã) pondera que "a monarquia temperada é melhor do que a pura" (De Summo Pontifice). O poder petrino sobre as igrejas é reforçado em 1870, no dogma da infalibilidade. Weber nele enxerga a base da organização curial, cujos diplomatas modelaram o acordo entre a Santa Sé e Mussolini, mais a desastrosa Concordata de Império com Hitler.

O absolutismo do papa sofre quebras no Vaticano II, mas é refeito pela mente cálida de João Paulo II e mostra sua fragilidade sob Bento XVI, o que possibilita a eleição de Bergoglio.

Marco Politi, respeitado na academia e na imprensa, acaba de publicar um estudo sobre os desafios do novo líder (Francesco tra i Lupi - Il Segreto di una Rivoluzione). Ele expõe o pontificado de Bento XVI e narra a conduta de Bergoglio à frente da Igreja argentina. No argentino ressalta o trabalho do bispo com seus padres e leigos. Após sumarizar os eventos que abalaram o trono pontifício, Politi descreve com saber maquiavélico o que chama de "golpe de Estado" cometido por Ratzinger. 

Maquiavélico: poucos cientistas políticos perceberam, com semelhante acume, os atos de um papa contra a Cúria tingida pela corrupção, sede de poder, baixa cortesania. Ao perder o controle, Bento XVI, no sigilo e com frio cálculo do tempo (O Príncipe teoriza esses elementos de modo ímpar), aplica o golpe perfeito. Se o Vaticano está dividido entre potentados da púrpura, terminemos as escaramuças entre eles e o trono. Com a renúncia, todos devem entregar os cargos, o que permite ao novo líder administrar a guerra intestina.

Após a descrição do golpe papal, digna de Gabriel Naudé, Marco Politi analisa a rede das Igrejas nacionais e seus líderes no conclave. Ele expõe o desejo dos hierarcas de atenuar o centralismo católico. Capítulo importante é o quinto, O fim da Igreja imperial. A escolha de Francisco significa a retomada do colégio eclesiástico, porque não é mais possível admitir que os "bispos sejam meros prefeitos, subordinados a um pontífice monarca". Politi mostra o projeto, assumido por Bergoglio, de refazer o programa conciliar, estabelecendo comissões de consulta às Igrejas locais na busca de apurar temas da fé, da disciplina, costumes. Questionários foram distribuídos pelo mundo católico para ouvir os fiéis e sua hierarquia. O autor exagera a novidade de tais procedimentos.

Em texto publicado na Revista de Economia Mackenzie (Reflexões sobre Impostos e Raison d'État, 2003), exponho o caso dos questionários presentes no Livro do Estado de Almas, feito sob a égide de Carlos Borromeu (1538-1584). Neles a Igreja tem um guia para saber a condição econômica, higiênica, social e religiosa dos católicos. As fichas são bem elaboradas e, diz um especialista de hoje, "só falta o computador" para sintetizar rapidamente os resultados. Depois, a técnica dos questionários serve aos soberanos civis como instrumento de sondagem para fins de impostos, controle e segurança, etc.

Mesmo com a crise do Dictatus Papae, mudar o sentido do mando é difícil. Como observa Politi, "a ideia de uma hierarquia onipotente, que nunca erra, está profundamente enraizada na autocompreensão da Igreja Católica. Pio XII, no exercício do seu poder, gostava de enunciar: 'Não quero colaboradores, quero executores'". É a dura realidade que analiso em minha tese de doutoramento, Brasil, Igreja contra Estado (1979), odiada pela direita e pela esquerda eclesiásticas. Ainda em 2014 haverá um Sínodo com agenda precisa e, nele, emissários das conferências episcopais, "vindos de vários continentes, poderão exprimir-se com clareza sobre pontos específicos".
Francisco deve responder, com atos e doutrina, ao repto do conservador De Maistre: "Se não há centro nem governo comum, não pode existir unidade nem, por conseguinte, Igreja universal (ou católica), pois nenhuma igreja particular tem o meio constitucional de saber se ela está em comunhão de fé com as outras"(Du Pape). O pastoreio deve manter a universalidade da Igreja, protegendo as nações e os indivíduos. A Igreja é modelo de toda sociedade.

Caso Francisco seja bem-sucedido, talvez Brasília, demoníaca cúria sem Deus nem lei, bastião do absolutismo centralizador, escute os povos que habitam suas terras. Então, poderemos falar em democracia e federalismo. Por tal milagre, Francisco mereceria a glória dos altares...


*Roberto Romano é professor da Universidade Estadual de Campinas, é autor de 'O Caldeirão de Medeia' (Perspectiva).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Metro Porto Alegre, 21 de julho de 2014


Foto Unicamp, Toninho Perri


Metro, Porto Alegre, segunda feira, 21 de julho de 2014.

issuu.com/metro_brazil/docs/20140721_br_portoalegre



Roberto Romano

Professor de ética da Unicamp projeta uma eleição com poucos projetos e forte influência da  propaganda. Para ele, Dilma Roussef precisa se  reinventar, Aécio neves ser mais combativo, e acha difícil Eduardo Campos ser uma surpresa.

Eleições 2104

É possível esperar alguma novidade nas eleições?

As eleições deste ano já trouxeram novidade, que é o fato de não ter repetido aquela distinção entre o PT e o PSDB. A candidatura de Eduardo Campos com a Marina Silva modifica a estrutura do jogo. Além dissom há uma quantidade grande de pequenos candidatos que podem desequilibrar o resultado do partido que receba mais votos: o Pastor everaldo, a Luciana Genro, todos eles somados podem dar uma diferença considerável no primeiro turno.

Embora haja uma ideologia diferente, os projetos políticos se  apresentam bem semelhantes, principalmente sobre a manutenção das diretrizes da economia. Há convergência de propostas?

Se for eleito, Aécio Neves vai manter os pressupostos do Plano Realm adaptado à situação de hoje, enfrentando a inflação alta e a crise na produção industrial. O Eduardo Campos vai assumir a mesma posição. E a presidente Dilma Roussef idem. Não existem muitas opções além dessa situação que foi resultante de 12 anos de governo petista. Muito difícil ter uma novidade.

Os gastos excessivos de campanha ainda são um fator de desequilíbrio na disputa eleitoral?

É abissal a distância dos candidatos da oposição e do governo com os candidatos ditos nanicos. Um exemplo é o Pastor Everaldo. Embora tenha o apoio das igrejas evnagélicas, ele não vai ter recursos para crescer mais do que 8%. Da mesma forma, a Luciana Genro. As despesas dos candidatos estão se tornando cada vez mais insuportáveis. Vai chegar um momento que será preciso colocar um limite nisso, mas claro que os interesses econômicos, ideológicos e até mesmo religiosos estão por trás destes gastos, o que é muito preocupante.

O que esperar dos debates: mais apresentação de projetos ou mais troca de  acusações?

Nem uma coisa nem outra. O foco será a propaganda. Infelizmente, os debates estão sendo controlados pelo marketing político  - e isso não é um fenômeno apenas no Brasil. De tal modo, o que você pode dizer é que será um confronto de marqueteiro. Não vejo a possibilidade de grandes emoçòes e apresentação de projetos. Eu acho que os debates serão pautados pela propaganda.

Qual será o papel da internet?

Tem sido cada vez mais importante. A campanha da Ficha Limpa, por exemplo, conseguiu mobilizar para uma mudança legal. A internet será determinante tanto para o bom quanto para o péssimo, porque haverá uma enxurrada de ataques recíprocos, dos mais baixos, sem que as pessoas assumam as suas responsabildiades. E, do ponto de vista positivo, o canditado terá a oportynunidade de colocar em debate o que a midia tradicional impede porque o tempo é limitado, o que não acontece com a internet, que tem o tempo mais elástico.

Em 2002, o então candidato Lula defendia a alternância no poder como algo salutar para a democracia e foi bem sucedido. Essa percepção, com a presidente Dilma Roussef querendo mais quatro anos de governo, hoje se perdeu entre os eleitores?

Eu acho que não. As pesquisas Ibope e Datafolha mostram que os eleitores quem mudança, inclusive na prática governamental. Esse desejo pode ser debitado ao fato da permanência muiro longa do Partido dos Trabalhadores no centro do poder. Note que, mesmo com a hegemonia do PT, setores  do PMDB e de outros partidos da base aliada estão no plano estadual dando apoio à candidaturas opostas à de Dilma Roussef.

Durante 12 anos, a base governista impôs mais derrotas ao governo do PT do que a própria opoisição. A;ecio Neves, que é o principal candidato oposicionista, terá que adotar uma postura mais combativa?

Com certeza. Eu seria até mais severo. Eu diria que durante os governos Lula e Dilma, a oposição deu muito apoio aos projetos do governo, sobretudo no setor econômico. A estrutura da macroeconomia se manteve a mesma, com ligeiras modificações. Não é que a oposição foi apenas fraca, ela foi conivente com boa parte da política do governo. É um defeito dos sistema político brasileiro. O Brasil é aquele país em que é proibido ser oposição, porque senão não conseguirá recursos para seus Estados ou municípios junto aos ministérios. Você manter uma atitude oposicionista radical é uma tarefa heróica.

O candidato Eduardo Campos se apresenta como terceira via. As pesquisas, no entanto, apontam que a campanha dele aida foi incapaz de absorver os 20 milhões de votos conquistados por Marina Silva. Há chances de uma guinada?

Eu não sou pitonisa, mas acho que será muito difícil. Mesmo porque essa aliança foi feita e, em termos estratégicos, não há concordância. Inclusive a Marina, não raro, coloca óbices às alianças qe o Eduardo Campos quer fazer. Ele, por sua vez, é um político tradicional do Nordeste, que tem uma posição muito antiga em termos de prática política. E, por isso, acho que ele não vai modificar muito e não vai conseguir, pelo menos no meu prognóstico, uma situação que o coloque em condição de derrotar os outros adversários.

Marcelo Freitas. METRO Brasilia.

Siro Darlan, Desembargador, a pensar com rigor.


Prisão de ativistas só serve para saciar a fome de vingança de setores raivosos

Siro Darlan

Siro Darlan

Especial para o UOL


O Brasil é hoje o terceiro país no mundo que mais possui encarcerados, perdendo apenas para a China e os Estado Unidos. Esse número não nos deixa em boa posição em um cenário de civilização que promoveu diversas revoluções na conquista das liberdades. Nossa pátria já traz tatuada em sua história a marca de ser o último país da América a abolir a escravidão.

Ainda não nos desapegamos dessa prática hedionda. Trocamos o tronco e os castigos físicos, além da exclusão social em razão da cor da pele, pelo encarceramento como forma de manter acesa a chama do apartheid social.

Apesar do reconhecimento do fracasso do sistema penitenciário brasileiro como forma de ressocialização, ainda é muito grande o número de pessoas encarceradas desnecessariamente quando existem alternativas de reparação dos danos que a criminalidade causa à sociedade, além da violência oriunda dos cárceres.
Trocamos o tronco e os castigos físicos, além da exclusão social em razão da cor da pele, pelo encarceramento como forma de manter acesa a chama do apartheid social Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça e Coordenador-Rio da Associação Juízes para a Democracia, sobre o sistema prisional brasileiro
O dispêndio inútil de recursos para aprisionar poderia e deveria ser destinado para a construção de uma sociedade mais justa, que priorizasse a educação e saúde do nosso povo. Reformas legais têm sido feitas, mas não houve o desapego de juízes e membros do Ministério Público ao sistema de privação de liberdade.

Alternativas não faltam às medidas privativas de liberdade, tais como as diversas medidas cautelares, a prisão domiciliar e as penas alternativas.

O custo social e financeiro do encarceramento é muito elevado, e retira do administrador público a oportunidade de direcionar tais recursos para um combate mais eficaz da criminalidade, como a construção de escolas e universidades, o saneamento básico de comunidades pobres e o implemento de políticas públicas que privilegiem as pessoas mais vulneráveis, como crianças, idosos e pobres.
Hoje o sistema penitenciário tem sido habitado prioritariamente pela criminalidade relacionada com o tráfico de drogas. Há países que estão experimentando modalidades diversas de combate às drogas, que não esse sistema proibicionista, que tem provocado tantas mortes de agentes de segurança pública, de criminosos e, sobretudo, de inocentes.
Enquanto houver alternativas diversas da privação da liberdade, essas devem prevalecer sobre o encarceramento Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça e Coordenador-Rio da Associação Juízes para a Democracia, sobre outras formas de punição por crimes e contravenções
A descriminalização do comércio de drogas e seu controle pelo poder público, além de um sistema eficiente de tratamento de saúde dos usuários e vítimas das drogas, tem se mostrado mais eficaz que o atual sistema, responsável por quase 70% dos prisioneiros.

A Constituição preserva a liberdade como um bem fundamental a ser preservado, e a sua restrição se dá apenas em casos excepcionais e devidamente fundamentados pela autoridade judiciária competente.

Enquanto houver alternativas para privação da liberdade, essas devem prevalecer sobre o encarceramento. Apesar dessa regra maior, tem sido uma prática a internação de jovens envolvidos com o tráfico de entorpecentes, mesmo que não se trate de "ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa", o que viola expresso texto legal.

Nesse contexto, a denúncia do Ministério Público - embora a mídia interessada em subtrair a verdade do público tenha noticiado incêndios, lesões corporais, danos ao patrimônio público e porte de explosivos, dentre outros delitos - é exclusivamente pelo delito de quadrilha armada (artigo 288, parágrafo único do Código Penal, cuja pena pode variar entre um e três anos de reclusão, podendo ser dobrada).

Ora, ainda que os acusados venham a ser condenados, na pior das hipóteses a pena não ultrapassará dois anos, pois são réus primários e de bons antecedentes. Sabe-se que, pela nossa legislação, a condenação até quatro anos pode e deve ser substituída por penas alternativas em liberdade.
A Constituição Federal preserva a liberdade como um bem fundamental a ser preservado, e a sua restrição se dá apenas em casos excepcionais desembargador do Tribunal de Justiça e Coordenador-Rio da Associação Juízes para a Democracia, sobre a prisão de ativistas
Assim sendo, o que justifica manter presas pessoas que, ainda que condenadas, permanecerão em liberdade?

Prejuízo maior terá a sociedade se tais pessoas vierem posteriormente acionar o Estado para que paguemos, com os tributos que nos são cobrados, indenizações por terem sido presas ilegalmente apenas para saciar a "fome de vingança" de setores raivosos, incapazes de raciocinar além do noticiário indutivo.

No caso concreto, acrescente-se ainda que o próprio Ministério Público, fiscal da lei e principal defensor da sociedade, afirmou expressamente nos autos de processo contra dois dos acusados que "os indiciados não representam qualquer perigo para a ordem pública, entende o Parquet - membro do Ministério Público - que não se encontram presentes os requisitos autorizadores da manutenção da custódia cautelar dos indiciados"."O Ministério Público é pelo deferimento do pleito libertário formulado em favor dos indiciados CARJ e IPD`I", diz Paulo José Sally, promotor de Justiça.

Eis as razões pelas quais as medidas cautelares aplicadas estão mais em conformidade com a Constituição, as leis e a jurisprudência dos tribunais, salvo melhor entendimento.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Artigo antigo. Antigo?



São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004


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TENDÊNCIAS/DEBATES

NÃO

Sobre ética e fé pública ROBERTO ROMANO

Os movimentos sociais possuem histórias e formas diferentes. Eles experimentam, em seu próprio interior, disputas pela direção a ser tomada. Nenhum deles oferece ao governo garantias de que fala em nome de todos. As sua tendências apresentam reivindicações que, no máximo, circunscrevem consensos temporários, os quais podem seguir num sentido ou noutro, de acordo com as batalhas encetadas em suas assembléias. Sem hegemonia interna, falham as unidades programáticas, doutrinas ou alvos. São instáveis as pontes entre os que defendem as mulheres, os negros, os homossexuais, os sem-teto, os sem-terra e outros "negativamente privilegiados" (Max Weber).

Nos tratos com o governo, cada movimento segue uma cronologia própria e técnicas definidas de organização. Quando se reúnem, exibem discursos cuja semântica varia muito. Qualquer administração pública enfrenta a pergunta prévia: qual movimento escolher para cooperar, antes dos demais?. A resposta define a estratégia do governo. Se ele seguir a resposta errada, o trato com os movimentos sociais se compromete. Restam táticas oportunistas ou patéticas para captar o apoio dos líderes e militantes.

Os movimento buscam a própria sobrevivência. Se for necessário salvar alguém, nas situações críticas, eles escolhem a si mesmos. Nenhum governante que possua conhecimentos sociológicos e domine a psicologia das massas deixa-se embair pelos "apoios irrestritos" dos movimentos sociais, políticos, ideológicos, religiosos. O MST sabe que a sua âncora não está no governo. O apoio desse último é uma cilada. Deter a sua atividade para dar fôlego aos ministros, sobretudo quantos eles enfrentam uma crise política, é desastroso para os militantes. Em sua estratégia, tais ocasiões potenciam suas reivindicações.
Para que o MST coopere com o governo, apenas duas hipóteses devem ser vistas. Na primeira, o monopólio da força física é empregado contra as tomadas de fazendas, invasões de edifícios públicos etc.

 O governo deve contar com um leque amplo de apoio nos setores inimigos ou concorrentes do MST. Sem isso, será mais do que um erro ordenar o uso das armas contra os militantes. Eldorado de Carajás alerta contra essa "solução". Na segunda hipótese, o governo aplica uma política competente de assentamentos e ganha, pela sua eficácia, autoridade para definir rumos certos no campo e na cidade. Um Incra que exponha resultados palpáveis, e não slogans, atenua, embora não detenha, os atos do MST. Essencial, nesse rumo, é a fé pública. A palavra dos administradores precisa valer para todos os envolvidos na questão agrária: os militantes, as autoridades judiciais, a imprensa, a cidadania.

Mas sobra incompetência e arrogância stalinista no governo. A sua técnica usual encontra-se no verticalismo autoritário e o seu recurso é a propaganda enganosa, como demonstrou esta Folha. A fé pública não pode ser garantida por Duda Mendonça. Na questão agrária e nas eleições, o tempo difere. As segundas podem ser ganhas com fantasias. No campo, ou a política econômica mostra viabilidade, ou recomeçam as invasões etc. O eleitor ludibriado por um partido rompe com ele só nas próximas eleições. O candidato à terra não tem o mesmo tempo. A reação à propaganda enganosa surge em poucos dias.

Sem fé pública, incompetente para administrar as políticas sociais -todas à mingua de recursos devido ao superávit fiscal-, o governo oscila entre autismo e promessas, ou propaganda. A perdurar esse "modus operandi", logo a "solução" empregada pelos dirigentes será o uso das armas para reprimir o MST. Este último tem plena consciência disso. E usa o seu tempo para garantir o que já conquistou.
O caso do MST é o mais grave, mas não é o único. Algo similar ocorre nos direitos humanos, na segurança, nos setores que lutam contra o racismo etc. Se os ministros (sobretudo o da Justiça) cuidassem mais de resolver os problemas do campo, deixariam de avançar slogans incendiários para encobrir sua própria indigência na arte de governar. Eles falariam menos de "conspiração", exigiriam mais recursos para suas pastas, gastariam verbas com eficácia e ciência.

Os culpados por uma previsível tragédia no campo, desta vez, serão os eleitos pelo PT. Eles fazem tudo, da troca fisiológica às ameaças, para garantir a "governabilidade". Mas esta última, sem ética e fé pública, só pode ser garantida na ponta das baionetas. Tal "solução" é a única que sobrará, em pouco tempo, aos soberanos do PT.


Roberto Romano, 57, é professor titular de ética e filosofia política na Unicamp e autor de, entre outras obras, "Moral e Ciência - a Monstruosidade no Século XVIII" (ed. Senac/São Paulo).


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Apoio à candidatura de Luciana Genro à presidência.

Brasil - 22/07/2014

Acadêmicos, intelectuais e militantes elaboram manifesto em apoio à candidatura de Luciana Genro

"Por sua história de coerência e luta em defesa dos trabalhadores e da juventude, Luciana Genro é o nome que está à altura desse grande desafio que é dar voz à demanda de mudanças que o Brasil exige nas ruas"
 

Foto: Kauê Scarim
Intelectuais e dirigentes ligados ao PSOL, como Vladimir Safatle, Ricardo Antunes, Márcia Tiburi, Mathias Seibel e Maurício Costa tomaram a iniciativa de fazer um abaixo-assinado em apoio à candidatura de Luciana Genro presidenta. Importantes adesões de intelectuais e professores universitários já começaram a chegar.

A primeira que destacamos com orgulho é a de Plínio de Arruda Sampaio, que ainda em vida, mesmo hospitalizado, foi consultado por seu filho Plínio de Arruda Sampaio Júnior, e aderiu com entusiasmo, junto com Plininho. Além dele, Leandro Konder também nos honra com sua assinatura.

Outros nomes que não têm vinculação com o PSOL também já enviaram seu apoio como o jurista Fábio Konder Comparato, o filósofo Roberto Romano, o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto e os juristas Alysson Mascaro e Salo de Carvalho. Apoios de intelectuais de fora do Brasil também já começaram a chegar como de Michel Lowÿ, Gilbert Achcar, Robert Brenner e Susan Weissman.

Confira a lista dos primeiros signatários e mande o seu apoio também, o Manifesto é aberto à adesão de todos!

Manifesto Luciana Genro Presidenta
 
As manifestações de junho de 2013 abriram as portas da história do Brasil para a mudança. De lá pra cá, nas ruas de todo o país houve uma importante retomada das mobilizações populares como protagonistas da política nacional. Os seguidos protestos que hoje vivenciamos colocam em questão as insuficiências e limites estruturais do atual modelo político e econômico no qual prevalecem os interesses de uma minoria de privilegiados sobre a maioria da população. Mais do que isso: mostram que a população já não aceita mais a simples troca de gerentes para um mesmo projeto, é urgente uma alternativa real.

Diante das eleições que se avizinham em que o poder econômico mais uma vez se expressará em máquinas eleitorais invariavelmente comprometidas com os interesses de seus financiadores, urge a construção de um contraponto que apresente de forma cristalina e independente um programa de mudanças estruturais promotoras de uma verdadeira inversão de prioridades em que a justiça social e a construção de um modelo de desenvolvimento ecologicamente justo estejam no centro. Um projeto que questione a continuidade do Sistema da Dívida, que drena 40% do orçamento para sustentar os ganhos astronômicos dos bancos e especuladores e que ponha do avesso o atual sistema tributário que sacrifica o assalariado e protege quem acumula grandes quantidades de riqueza. Esta mudança é especialmente importante no que toca à saúde e à educação pública do país que precisa concretizar o aumento de verbas do PNE e valorizar seus servidores do nível básico ao superior.

É necessário também um projeto que faça o contraponto firme à reação conservadora frente aos avanços exigidos pela cidadania no campo dos costumes, como os direitos da população LGBT, o debate franco e sem preconceitos sobre temas como a famigerada guerra às drogas — que só gera violência e corrupção — a descriminalização e regulação do uso da maconha, os direitos das mulheres, dos negros e indígenas. É preciso um projeto corajoso de Brasil soberano que esteja em sintonia com a necessidade de reconstruir em novas bases os processos de participação democrática e estimular a mobilização permanente das forças sociais em defesa dos direitos e liberdades civis que tanto foram reclamados nas ruas. Um projeto que esteja a serviço da construção de um Poder Popular.

Por sua história de coerência e luta em defesa dos trabalhadores e da juventude, Luciana Genro é o nome que está à altura desse grande desafio que é dar voz à demanda de mudanças que o Brasil exige nas ruas. Não foi por vinte centavos, foi por direitos! Não é somente por uma eleição, é por direitos! É por um projeto novo, socialista e libertário que votamos em Luciana Genro para presidenta do Brasil.

Primeiros signatários
  1. Plínio de Arruda Sampaio (in memoriam)
  2. Adilson Siqueira de Andrade (Mestre em Antropologia e Chefe de Gabinete da Reitoria, UNIR, RO)
  3. Adolfo Oliveira Neto (professor da Faculdade de Geografia, UFPA, PA)
  4. Aécio Alves de Oliveira (Economia Ecológica, UFC, CE)
  5. Afrânio Boppré (Professor, economista e mestre em geografia, SC)
  6. Aldemário Araújo Castro (Mestre em Direito e Conselheiro Federal da OAB, Universidade Católica de Brasília, DF)
  7. Alessandra Devulsky (Doutora em Direito Econômico e Financeiro e Professora de Direito, Universidade Nove de Julho, SP)
  8. Alexandre Araújo Costa (Doutor em Ciências Atmosféricas e professor titular, UECE, CE)
  9. Aloysio Nogueira de Melo (Especialista em História e Historiografia da Amazônia, UFAM, AM)
  10. Alysson Leandro Mascaro (Doutor em Direito e Professor da Faculdade de Direito, USP e Mackenzie, SP)
  11. Ana Maria Orlandina Tancredi Carvalho (ex-diretora do Instituto de Ciências da Educação da UFPA, ex-candidata à reitora da UFPA, professora do curso de Pedagogia, UFPA, PA)
  12. Andrea Cristina Solimões (prof. Escola de Aplicação, UFPA, PA)
  13. Antonia Andrade (Secretária municipal de educação de Macapá, UNIFAP, AP)
  14. André Luis Tavares (Mestre em Educação PPGED/ ICED, UFPA, PA)
  15. Antonio Euzébios Filho (Doutor em Psicologia e Professor, Unesp, SP)
  16. Antonio Gonçalves (Andes - Sindicato Nacional, UFMA, MA)
  17. Antonio José Camillo De Aguiar (Doutor em Entomologia e professor do Departamento de Zoologia, UnB, DF)
  18. Antonio Marcelo Pacheco (Doutorando em Sociologia e Professor, Universidade São Judas, RS)
  19. Áquilas Mendes (Doutor em Ciências Econômicas e professor livre-docente de economia da saúde, USP, SP)
  20. Ariani Bueno Sudatti (Doutorado em Filosofia do Direito e professora de Linguagem Jurídica, Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, SP)
  21. Arlindo Esteves Rodrigues (Pesquisador da CAPES, SP)
  22. Breno Mendes (Professor, Estácio/FAMAP, AP)
  23. Carla Ferreira (Jornalista e historiadora, organizadora de "O Brasil frente à ditadura do capital financeiro" ed. Univates, RS)
  24. Carlos Alvares da Silva Campos Neto (Economista, Coordenador de Infraestrutura Econômica na IPEA, DF)
  25. Carlos Lima (Coordenador NEPPOS/CEAM, UnB, DF)
  26. Carlos Luis Ferreira da Silva (Ciência da Computação, UNIR, RO)
  27. Carlos Schmidt (Ximitão) (Doutorado em Ciência Política e Professor do Departamento de Ciência Política, UFRGS, RS)
  28. Caroline Lima (Mestre em História Regional e Local, UNEB, BA)
  29. Ceres Torres (Professora de Pedagogia, UFPEL, RS)
  30. Cesar Antonio Alves Cordaro (Procurador aposentado do Município de São Paulo, Procurador Geral do Município 2001-2002, Conselheiro da OAB/SP 1998-2003, Advogado, Membro do Comitê Paulista Pela Memória Verdade e Justiça, SP)
  31. César Carneiro (Mestre em História Social, BA)
  32. Cezar Miranda (Sociologia, IFBA, BA)
  33. Charles Chelala (Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional, professor universitário, UNIFAP, AP)
  34. Cid Benjamin (Jornalista e ex-deputado federal, RJ)
  35. Ciro Teixeira Correia (Doutor em Geociências e Professor do Instituto de Geociências, USP, SP)
  36. Claudia Mazzei Nogueira (Professora Doutora de Serviço Social, Unifesp, SP)
  37. Cristiane Gandolfi (Professora, Metodista, SP)
  38. Cristiane Gonçalves da Silva (Doutora em Psicologia Social e Professora do Dpto. De Políticas Públicas e Saúde Coletiva, Unifesp, SP)
  39. Damião Sabino (Direção Nacional MST, RN)
  40. Daniel Bin (Doutor em Sociologia e Professor Políticas Públicas, UnB, DF)
  41. Daniela Franco (Doutoranda em economia, UFF, RJ)
  42. Ediane Lopes (Mestra em História Social do Brasil, UNEB, BA)
  43. Edilson Lobo do Nascimento (Economia, UNIR, RO)
  44. Edmilson Brito Rodrigues (professor da Universidade Rural da Amazônia, UFRA, PA)
  45. Edson Miagusko (Chefe do Departamento de Ciências Sociais e professor adjunto, UFRRJ, RJ)
  46. Elenilton Neukamp (Escritor e professor de Filosofia, RS)
  47. Elias Ribeiro da Silva (Doutor em Linguística Aplicada e Professor, Unifal, MG)
  48. Elisabete Burigo (Professora Doutora do Instituto de Matemática, UFRGS, RS)
  49. Eliziário Andrade (Doutor em História e Professor,UNEB, BA)
  50. Elson Manoel Pereira (Doutor em Urbanismo Professor do Dpto. De Geociências, candidato a prefeito de Florianópolis em 2010, UFSC, SC)
  51. Elvio Zenker (Professor de Letras, UNIFAP, AP)
  52. Fabiane Tejada (Professora de Teatro, UFPEL, RS)
  53. Fábio Konder Comparato (Professor Emérito Direito, USP, SP)
  54. Fátima Macapá (Mestra em Educação e Diretora da Faculdade de Educação Física, UFPA, PA)
  55. Felipe Monteiro (Professor de Engenharia Elétrica, UNIFAP, AP)
  56. Fernando Lacerda Jr. (Professor da Faculdade de Educação, Membro da Diretoria da Regional Planalto do ANDES/SN gestão 2012-2014, UFG, GO)
  57. Flávio Bezerra Barros (Doutorado em Biologia da Conservação e Professor Adjunto do Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural, UFPA, PA)
  58. Florinaldo Carreteiro (Pesquisador e Professor do curso de Enfermagem, UNIFAP, AP)
  59. Francisco Cancela (Professor do Departamento de História, UNEB, BA)
  60. Francisco Marshall (Doutor em História Social e Professor do Dpto. De História, UFRGS, RS)
  61. Frederico Flósculo (Doutorado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde e Professor adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB, DF)
  62. Frederico Henriques (Professor de Ciências Sociais, UFRN, RN)
  63. Gilbert Achcar (Acadêmico e escritor libanês)
  64. Gilberto Cunha Franca (Doutor e Professor de Geografia, Ufscar, SP)
  65. Gilberto Maringoni (Professor de Relações Internacionais e candidato a governador, UFABC, SP)
  66. Hamilton Assis (Ex-candidato à vice presidência pelo PSOL 2010, BA)
  67. Hamilton Octávio de Souza (Jornalista e professor, PUC, SP)
  68. Haroldo Saboia (Deputado Fedral Constituinte de 1988, MA)
  69. Helvécio Damis de Oliveira Cunha (Mestre em Direito, Doutor em Educação e Professor, UFU, MG)
  70. Isabel Maria Loureiro (Doutora em Filosofia e Professora, Unesp, SP presidente do Instituto Rosa Luxemburg Stiftung em São Paulo.)
  71. Jader Marques (Doutor em Direito Professor de Direito Penal e Direito Processual Penal, Escola Superior da Magistratura da AJURIS, RS)
  72. Jennifer Susan Webb Santos (Prof. Escola de Aplicação, UFPA, PA)
  73. Jeovah Meireles (Geografia e Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFC, CE)
  74. João Batista Babá (Professor UFRJ e Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR, UFRJ, RJ)
  75. João Carlos Santiago (Professor ICFH, UFPA, PA)
  76. João Machado Borges Neto (Doutor em Economia e professor do Departamento de Economia, PUC, SP)
  77. João Zanetic (Professor do Instituto de Física, USP, SP)
  78. Jonathan Erkert (Doutorando em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie 2013, Professor Universitário, Diretor do Instituto Luiz Gama, SP)
  79. Jorge Almeida (Professor de Ciência Política e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, UFBA, BA)
  80. Jorge Antunes (Pesquisador, Maestro, compositor e membro da Academia Brasileira de Música, UnB, DF)
  81. José Augusto Avancini (Pós-doutor pela Universidade Federal da Bahia, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS)
  82. José Corrêa Leite (Doutor em Ciências Sociais e Professor do Instituto de Estudos Avançados, USP, SP)
  83. José Damião de Lima Trindade (Procurador do Estado de São Paulo aposentado, SP)
  84. José Queiroz Carneiro (Professor de Ciência Política, UFPA, PA)
  85. Joselene Mota (Professora de Educação Física e Vice-coordenadora LEPEL, UFPA, PA)
  86. Jurandir Novaes (economista e pesquisadora, UFPA, PA)
  87. Lailson de Almeida (Sociólogo e professor aposentado, UFRN e IFRN, RN)
  88. Leandro Konder (Doutor em Filosofia e professor de História e Educação, UFF e PUC, RJ)
  89. Lucenilson de Oliveira (Coordenação Estadual MST, RN)
  90. Lucilia Borsari (Professora Doutora do Instituto de Matemática e Estatística, USP, SP)
  91. Lúcio Flávio Pinto (Sociólogo, jornalista e editor, Jornal Pessoal, PA)
  92. Luís Antônio de Araújo Costa (Doutorando em Ciências Sociais e professor de Sociologia, IFBA, BA)
  93. Luis Antonio Pedrosa (Comissão de Direitos Humanos OAB, MA)
  94. Luís Flávio Godinho (Doutor em Sociologia e Chefe de Gabinete da Reitoria, UFRB, BA)
  95. Luis Paladin (Doutorando em Educação PPGED/ICED, PA)
  96. Luiz Araújo (Professor Doutor da Faculdade de Educação, UnB, DF)
  97. Luiz Carlos Lucas (Professor de ciência política e ex-presidente do Andes, UFPEL, RS)
  98. Manoel Cipriano (Professor universitário aposentado, MG)
  99. Marcela de Andrade Rufato (Mestre em Ciências Sociais e Professora, Unifal, MG)
  100. Marcelo Pelizzoli (Doutor em Filosofia e Pós-doutor em Bioética, Professor do Depto. de Filosofia, UFPE, PE)
  101. Márcia Cunha (Sociologia, EHESS-Paris, França)
  102. Márcia Tiburi (Doutora em Filosofia e Professora, Mackenzie, SP)
  103. Márcio Bernardino da Silva (Doutor em Ciências Biológicas e Professor, UFPB, PB)
  104. Marcio Seligmann (Doutor em em Teoria Literária e Literatura Comparada e professor do Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, SP)
  105. Marcio Sotelo Felippe (Ex-procurador do Estado de SP, SP)
  106. Marco André (Professor do Instituto de Filosofia, UFU, MG)
  107. Marcos Aurélio Neves (professor, IFSC, SC)
  108. Marcos Barbosa de Oliveira (Doutor em História e Filosofia da Ciência e Professor Livre-Docente do Dpto. De Filosofia, USP, SP)
  109. Marcos de Oliveira Soares (Doutor em Geografia e Professor, Ufscar, SP)
  110. Marcos Mendonça (Professor, AP)
  111. Maria da Conceição dos Santos. Professora ICED (UFPA, PA)
  112. Maria do Socorro Senna (Professora, UNIP, AP)
  113. Maria Elvira Rocha de Sá (professora da Faculdade de Serviço Social, UFPA, PA)
  114. Maria Lucia Fattorelli Carneiro (Auditoria Cidadã da Dívida, auditora da Receita Federal aposentada, DF)
  115. Maria Lúcia Leal (Baiana) (Doutora em Serviço Social e Professora adjunta de Serviço Social, UnB, DF)
  116. Mathias Seibel Luce (Professor de História, UFRGS, RS, Coordenador do HEDLA - Núcleo de História Econômica da Dependência Latino-Americana)
  117. Maurício Brito (Professor de História, UFRB, BA)
  118. Mauro Pinto (Advogado, OAB,SP)
  119. Meire Reis (Mestra em História, BA)
  120. Melillo Diniz do Nascimento (Advogado, Comissão Justiça e Paz da CNBB, DF)
  121. Michael Löwy (Diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique, Paris, França)
  122. Michele Borges (Doutoranda em Educação PPGED/ICED, UFPA, PA)
  123. Milton Temer (Jornalista e ex-deputado federal, RJ)
  124. Milton Ribeiro (jornalista)
  125. Moysés Pinto Neto (Doutor em Filosofia e Professor de Filosofia e Direito, ULBRA e Univates, RS)
  126. Nara Machado (Professora Doutora do curso de Arquitetura e Urbanismo, PUC, RS)
  127. Pablo Daniel Andrada (Professor doutorando “Estudos da Tradução", UFPB, PB)
  128. Paulo Gajanigo (doutorado em Ciências Sociais e Professor de Sociologia UFF, RJ)
  129. Paulo Lemos (Professor, Estácio/FAMAP, AP)
  130. Paulo Mendes (Professor, CEAP, AP)
  131. Pedro Costa Junior (Sociólogo, IFB, DF)
  132. Plínio de Arruda Sampaio Jr. (Professor de Economia, Unicamp, SP)
  133. Rafael Chaves (professor da Faculdade de Engenharia de Computação, UFPA, PA)
  134. Raquel S. L. Guzzo (Professora Pós-graduação em Psicologia, Centro de Ciências da Vida, PUCCAMP, SP)
  135. Ricardo Antunes (Professor Titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e Doutor em Sociologia, Unicamp, SP)
  136. Rigler Aragão (Professor de Matemática, UFPA, PA)
  137. Robério Paulino (Professor de economia e candidato a governador, UFRN, RN)
  138. Robert Brenner (historiador e professor de economia, diretor do Centro de Teoria Social e História Comparada da UCLA, editor do jornal Against the Current, e membro do comitê editorial da New Left Review, UCLA, EUA)
  139. Robert Ponge (Doutor em Letras e professor titular aposentado, UFRGS, RS)
  140. Robert Sean Purdy (Professor de História, USP, SP)
  141. Roberto Goulart Menezes (Doutor em Ciência Política, Professor do Instituto de Relações Internacionais e Coordenador do Núcleo de Estudos do Mercosul, UnB, DF)
  142. Roberto Robaina (Mestre e doutorando em Filosofia PUR, RS)
  143. Roberto Romano (Doutor em Filosofia e Professor titular, Unicamp, SP)
  144. Rogério Silva (Sociologia, IFBA, BA)
  145. Ronaldo Garcia (Professor Doutor de Matemática e Estatística, UERN e UFRSA, RN)
  146. Rosa Maria Marques (Professora de Economia, PUC,SP)
  147. Rosana Pinheiro-Machado (Antropóloga e professora no Departamento de Desenvolvimento Internacional, Oxford, Reino Unido)
  148. Rovena Marshall (Professora - Biblioteconomia UFRGS)
  149. Salo de Carvalho (Doutor em Direito e Professor, UFSM e Unilasalle, RS)
  150. Sandra Helena Ribeiro Cruz (Diretora da Faculdade de Serviço Social e professora do curso de Serviço Social, UFPA, PA)
  151. Sandra Tedde Santaella (Ciências Ambientais, Labomar, UFC, CE)
  152. Silvia Helena Ribeiro Cruz (professora da Faculdade de Turismo, UFPA, PA)
  153. Silvia Leticia da Luz (Doutoranda em Educação PPGED/ICED, PA)
  154. Silvio Almeida (Pós-doutorando no departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito e Professor de Ciência Política da Faculdade de Direito, Mackenzie e Instituto Luiz Gama, SP)
  155. Silvio Mendes (Doutor, professor e pesquisador, SC)
  156. Suely Rozenfeld (Pesquisadora, FIOCRUZ, RJ)
  157. Suzana Salém (Doutora em Física Nuclear Experimental e Professora do Departamento de Física Geral, USP, SP)
  158. Susan Weissman (Professora PhD, em sociologia e política, EUA)
  159. Terezinha Torres (professora da Faculdade de Serviço Social, UFPA, PA)
  160. Thiago Bagatin (Mestre em Educação e Professor de Psicologia, PUC, PR)
  161. Thiago Marinho Engenharia de Pesca (UFOPA, PA)
  162. Vanda Souto (Doutoranda em Ciências Sociais, Unesp, SP)
  163. Vicente Cretton Pereira (Doutorando em Antropologia e Professor, Unifal, MG)
  164. Vicente Ribeiro (Professor de História, UFFS, SC)
  165. Virgilio Arraes (Doutor em História e professor, UnB, DF)
  166. Vladimir Safatle (Doutor em Filosofia e Professor Livre Docente do Departamento de Filosofia, USP, SP)
  167. Waldemir Rosa (Doutorando em Antropologia Social e professor da Faculdade de Ciências Sociais, UFG, GO)
  168. Waldir Ferreira de Abreu (Doutor em ciências Humanas, Pós-Doutor em Ciências da Educação pela UPE-Espanha e Diretor da Faculdade de Educação e Ciências Sociais, UFPA, PA)
  169. Welson Cardoso de Sousa (professor da Faculdade de Serviço Social, UFPA, PA)
  170. Yang Chun (Sociologia, IFBA, BA)
  171. Zaira Valeska Fonseca (Professora UEPA, PA)

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