segunda-feira, 6 de outubro de 2014

As festas dos estudantes, todos imaginariamente de esquerda e libertários, na Unicamp, abusando do trabalho de mulheres negras. Retiro da correspondência o nome da professora e da aluna que postaram na correspondência interna do IFCH, o que segue abaixo. É triste quando o fascismo se traveste de libertarismo.Segue meu voto de solidariedade com aquelas mulheres, vítimas da tirania estudantil (que recebe apoio de vários professores).

Prezados colegas
Compartilho, com a devida autorização da autora nossa estudante xxx, 
o relato sobre o trabalho humilhante a que as terceirizadas do IFCH são 
submetidas nos "pós-festas". 
Abraço,
XXX
"A precarização tem sexo e tem raça. Todas sabemos. Os serviços mais precarizados com menores rendimentos, ficam a cargo das mulheres. Combatemos essa prática seja lá em que forças se encontram nossos ideais de esquerda. Combatemos? Na última quinta-feira (02/10/2014) houve uma festa no IFCH. No dia seguinte, os prédios estavam muito sujos. O cheiro era de cocô e xixi. Por mais que alunas e alunos tenham se comprometido em tirar o grosso da sujeira, a parte mais pesada da limpeza (cocô e xixi) ficou sob responsabilidade das trabalhadoras terceirizadas da limpeza. Nem preciso dizer que ouvi a revolta partindo delas mesmas. A cena na manhã de sexta era um exército de mulheres negras limpando a sujeira dos alunos.
A divisão sexual do trabalho é ponto fundamental da opressão das mulheres trabalhadoras. Estas mulheres ganham menos, cuidam de suas casas e famílias, trabalham por muitas horas no dia, de forma remunerada ou não. Naquela manhã encontrei colegas circulando pelo espaço, nem todos compartilhavam da minha indignação. Pulavam as máquinas de limpeza e as poças de sabão como se todas aquelas trabalhadoras e suas tarefas, fossem todas invisíveis. Nem mesmo toda a bravata do movimento estudantil foi capaz de expor esta contradição até hoje.

E vale tudo por que estamos na universidade? Inclusive precarizar ainda mais o trabalho delas?Tenho convicção que não. Lutar contra a opressão das mulheres é não admitir a reposição da opressão. A cena da manhã de sexta foi lamentável e revoltante. Nos faz questionar o que andamos fazendo do espaço público e de nossas discussões sobre trabalho e precarização.

Já não é sem tempo o de botar fim nestas práticas estudantis e perceber que a contradição de classe e de sexo faz parte de cada uma das relações sociais travadas. Contradição é igual alface no dente, a gente só vê na boca dos outros.

"


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Profa. Dra. XXXXX
Departamento de XXXX
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Rua Cora Coralina, nº 100
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP)
Cidade Universitária Zeferino Vaz
13083-896 - Campinas - SP
Brasil


Caros,

Eu tenho assistido isto de perto, semanalmente.

Além da sujidade para as tercerizadas temos "pixações" (inclusive de "palavrões e expressões esdrúxulas") que temos que correr para limpar, pintar novamente...

Esta final de semana foi especialmente danoso... Acabaram com o canteiro de plantas em frente o prédio da graduação e da livraria. A impressão que tivemos, jardineiro e eu, é que pisotearam os canteiros.

O mais agravante desta ultima festa foi a abertura dos hidrantes que deixaram mal fechados e desperdiçando água.

Vale informar que nas festas anteriores tínhamos problemas com os telhados. Algumas pessoas subiam pelas escadas marinheiro e dormiam na laje dos prédios da administração e graduação. Além de resíduos deixados na laje (preservativos, papéis, garrafas pet, etc) que entupiam calhas e condutores de água de chuva, pisavam no telhado e deixavam telhas quebradas. Recentemente procedemos o reparo dos telhados (troca de aproximadamente 200 telhas) e colocamos  um dispositivo de fechamento na entrada das escadas. Parece que o problema do telhado  foi resolvido...
Talvez esteja mesmo no momento de discutir o assunto.

Saudações

xxx