Brasil
27/10/2014 16:37
Dilma enfrentará campo minado no Congresso, diz especialista
A presidente Dilma Rousseff durante discurso após apuração eleitoral, onde foi reeleita
São Paulo - Após uma vitória suada nas urnas, a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) enfrentará agora uma relação difícil com o Congresso Nacional. A bancada do PT saiu reduzida das últimas eleições, e partidos antes “nanicos” ganharam mais força.
Para o cientista político Roberto Romano, professor de filosofia da
Unicamp, essa situação requer maior capacidade de negociação, algo que
nunca foi o ponto forte do governo Dilma.
“O caminho da presidência em sua relação com o Congresso está
pavimentado de problemas. A pulverização entre os vários partidos vai
tornar mais difícil fazer uma aliança duradoura. A qualquer momento eles
podem se desgarrar da base aliada”, afirma Romano.
Para conseguir esse apoio, a presidente vai precisar entrar em
negociação com esses partidos, diz Renato Janine Ribeiro, professor de
ética e filosofia política da USP.
“Todo governo faz essa barganha. FHC fez, Lula fez. Dilma foi a que
menos quis fazer, mas precisou. Enquanto não houver mudanças no sistema
político não dá pra abrir mão da coalização”, afirma.
Com esse cenário, o Palácio do Planalto ficará mais dependente de sua
aliança com o PMDB, diz Roberto Romano. “E ele é um partido que cobra
caro. O que vai fazer com que a presidente precise ceder mais cargos ,
ministérios, recursos para regiões”, avalia.
Essa barganha, por sua vez, pode deixar descontentes os próprios
parlamentares do PT, fortalecendo uma disputa entre os dois partidos,
explica Romano.
Para conseguir lidar com a situação, Dilma precisará de um articulador
político forte. Uma das principais dificuldades políticas da presidente
será fazer avançar a reforma política.
Logo após a vitória nas urnas, Dilma ressaltou em seu discurso que este tema terá grande importância no segundo mandato.
“Esse é um tema difícil, pois enfrenta os interesses da maior parte do Congresso”, afirma Janine Ribeiro.
O professor da USP avalia que uma boa solução seria convocar uma
assembleia exclusiva para a reforma, com proibição de reeleição
posterior. “Mas essa decisão também precisaria passar pelo Congresso”,
afirma.