Oposição tem desempenho acima do esperado
O desempenho indica uma disputa apertada no segundo turno entre Dilma e Aécio
São Paulo - O desempenho dos candidatos da oposição no primeiro turno
da eleição presidencial, melhor do que o indicado pelas pesquisas de
intenção de voto, aliado a uma performance abaixo da expectativa da
presidente Dilma Rousseff, indica uma disputa apertada no segundo turno entre Dilma e Aécio Neves (PSDB).
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Na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters, a soma dos votos da
oposição --em Aécio e na candidata do PSB, Marina Silva-- indicam
acirramento da rodada decisiva da eleição no dia 26 de outubro, embora
Dilma ainda tenha conseguido uma votação expressiva e conte com a
máquina para se reeleger.
“Os votos em Aécio e em Marina apontam que a oposição está forte para o
segundo turno. O segundo turno vai ser bastante disputado e sem
favoritos”, disse o cientista político e professor da PUC do Rio de
Janeiro Ricardo Ismael.
Os analistas atribuem a desidratação de Marina na reta final aos
ataques sofridos e à frágil estrutura de campanha, mas alertam que a
estratégia de ataques duros pode dar sinais de esgotamento no segundo
turno.
“Você não faz o papel de Lobo Mau sem consequências”, disse o cientista
político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano.
Com 99,27 por cento da apuração concluída, Dilma tem 41,53 por cento
dos votos, contra 33,63 por cento de Aécio e 21,29 por cento de Marina.
Pesquisas de intenção de voto do Ibope e do Datafolha divulgadas na
véspera da eleição apontavam que a presidente teria entre 44 e 46 por
cento das intenções de voto, enquanto Aécio ficaria com entre 26 e 27
por cento e Marina somaria 24 por cento.
Os resultados, portanto, apontam um desempenho superior ao indicado nas
pesquisas para a soma dos dois principais candidatos de oposição.
"Aécio se tornou um adversário muito difícil para Dilma, ganhou
musculatura e novo ânimo após retornar a disputa. O PSDB usará sua
estrutura para levá-lo à vitória no segundo turno", disse o analista
político André Cesar.
Além de ter desempenho pior do que previam as pesquisas, Dilma enfrenta
outros desafios para confirmar no dia 26 a liderança conquistada neste
domingo.
Para os analistas, a decisão de Marina de apoiar ou não Aécio pode ser
um fator importante na disputa e eventuais novas denúncias de corrupção
envolvendo a Petrobras também.
“Ela (Dilma) teve um desempenho pior do que em 2010 e ela estava contra
os mesmos dois –o PSDB com o Serra e a mesma Marina”, disse o cientista
político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.
“Dilma tem o perigo de mais explosões na Petrobras”, acrescentou Fleischer.
APOIO DE MARINA Alvo de ataques duros da campanha de Dilma durante a
campanha e sem tempo de TV nem estrutura partidária e palanques
estaduais para responder esses ataques, Marina estaria mais propensa à
neutralidade ou a um apoio ao tucano nesta nova fase da campanha.
Para Romano, a decisão a ser tomada pela candidata derrotada do PSB será chave.
“Se você somar os votos do Aécio e da Marina você vê que a presidente está em maus lençóis”, disse.
“Se Marina não apoiar Aécio, ela (Dilma) está mais tranquila... Só Aécio eu acho muito difícil vencer a Dilma”, comentou.
No sábado, Aécio já fez afagos públicos a Marina e neste domingo, ao
falar após a definição da eleição, fez questão de lembrar Eduardo
Campos, candidato do PSB morto em um acidente aéreo em agosto.
Os tucanos devem procurar Marina e o PSB para conversar em breve e,
segundo o presidente da legenda em Minas, o deputado federal Marcus
Pestana, os tucanos têm "amigos" e "canais" para dialogar com o partido
de Marina.
"Tenho certeza que as oposições estarão unidas”, disse Pestana neste domingo.
Também sob o recente calor do resultado das urnas, o deputado federal
Alfredo Sirkis (PSB-RJ), uma das pessoas mais próximas de Marina,
adiantou à Reuters que a posição que defenderá é a de apoio a Aécio.
"Eu vou propor o apoio ao Aécio Neves no segundo turno, porque eu acho
fundamental que haja alternância", disse Sirkis. "Vai haver um
processo de discussão no PSB, espero que seja rápido. Eu pessoalmente já
explicito que a minha posição é apoiar o Aécio Neves." (Reportagem
adicional de Patrícia Duarte e Maria Carolina Marcello)