Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - O Hamas anunciou na quarta-feira que começou a retomar o controle da Faixa de Gaza e a procurar suspeitos colaboradores de Israel, levando o grupo rival Fatah a alegar que seus membros estão sendo alvejados.
"O serviço de segurança interno foi instruído a rastrear os colaboradores e golpeá-los com força", disse Ehab al Ghsain, porta-voz do Ministério do Interior do Hamas, sem citar textualmente membros do Fatah.
"Eles prenderam dezenas de colaboradores que tentaram golpear a resistência, dando informações sobre os combatentes à ocupação", disse Ghsain, empregando o termo com o qual o Hamas designa Israel, cuja ofensiva de 22 dias devastou a Faixa de Gaza.
Partidários do Hamas e do Fatah vêm trocando acusações na mídia árabe de que o Fatah teria colaborado com Israel na esperança de conseguir voltar ao poder na Faixa de Gaza e que o Hamas teria provocado a invasão israelense com seus disparos de foguetes contra o sul de Israel.
Grupo extremista islâmico que venceu a eleição palestina de 2006, o Hamas tomou a região costeira da Faixa de Gaza das mãos do Fatah, liderado pelo presidente Mahmoud Abbas, em combates em 2007.
Um comunicado divulgado pelo Fatah em Gaza disse que, desde que se encerraram os combates na guerra de Gaza --Hamas e Israel puserem em vigor tréguas separadas no domingo--, milícias do Hamas teriam lançado vários ataques contra integrantes do Fatah.
De acordo com o comunicado, os ataques incluem "disparos nos pés de membros do Fatah, crimes brutais de execução e corpos atirados nos escombros da destruição". O Fatah apelou à Autoridade Palestina, de Abbas, para que intervenha.
Ghsain negou as alegações, mas disse que as autoridades começaram a procurar suspeitos de colaborar com Israel.
"Essas são mentiras familiares e alegações falsas do Fatah e das forças da sedição", disse ele.
"É também uma tentativa de roubar a luz da vitória e acobertar o fato de eles terem apostado no inimigo e sua decepção pelo fato de o inimigo não ter conseguido fazer nada para devolvê-los ao poder."
Moradores da Faixa de Gaza disseram que durante a guerra vários suspeitos colaboradores foram mortos por agressores desconhecidos. Nenhum grupo ligado ao Hamas reivindicou esses atos, e acredita-se que parentes de militantes mortos por Israel estejam por trás de alguns deles.
A ofensiva que Israel lançou em 27 de dezembro com o objetivo declarado de acabar com os disparos de foguetes desde a Faixa de Gaza deixou 1.300 palestinos e milhares de desabrigados. Autoridades médicas de Gaza dizem que pelo menos 700 dos mortos palestinos são civis.
Israel, que avaliou suas baixas em dez soldados e três civis, diz que centenas de militantes morreram. A retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza foi concluída na quarta-feira.