Doença de Dilma pode "ressuscitar" tese de 3° mandato, diz especialista
Direto de Brasília
O cientista político da Unicamp, Roberto Romano, disse que a notícia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, extraiu um tumor e enfrenta um tratamento contra câncer linfático pode fazer ressurgir a tese de terceiro mandato. Segundo o professor de ética e de política, é "muito ruim" a descoberta da doença e, apesar de estar certo de que Lula manterá seu apoio à candidata, seu nome poderá perder força dentro da própria base de apoio do PT.
Dilma anunciou em entrevista coletiva neste sábado que extraiu um linfoma e está se tratando de um tipo de câncer com origem no sistema linfático. Há cerca de três semanas, ela se submeteu a uma cirurgia para a extração do nódulo na região da axila esquerda e colocou um cateter para as aplicações de quimioterapia, que devem durar quatro meses.
"A doença complica a situação da sucessão. Certamente dentro da base governista pode ressurgir a tese do terceiro mandato e aí a coisa complica porque o Congresso está muito fragilizado", disse.
Na visão dele, em hipótese alguma o presidente apoiaria qualquer idéia que não fosse a de lançar a candidatura de Dilma. "Isso seria muito ruim pra própria imagem do presidente, Lula jamais chegará a esse tipo de insensibilidade. O problema está nos setores governistas do PT, que vão levantar a tese do terceiro mandato", avalia.
Cenário não muda, diz PT
Representantes da cúpula do Partido dos Trabalhadores ouvidos pelo Terra neste sábado afirmaram que o fato de a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, estar enfrentando um problema de saúde "não mudará em nada" a postura de apoio do PT à candidatura dela para a presidência da República em 2010.
Para o presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), como a doença foi descoberta de forma prematura, a ministra terá plenas condições de se tratar e se restabelecer em tempo de não prejudicar a sua candidatura em 2010.
"O que sabemos é que se trata de um quadro bem diagnosticado, temos prognóstico otimista e hoje em dia, com a tecnologia da medicina, é plenamente possível se tratar. Não muda nada. Nós mantemos não só o apoio à candidatura da ministra com mais solidariedade ainda", disse.
O líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza, afirma que Dilma contará com o apoio irrestrito do partido. "Do ponto de vista da política não muda nada. É um momento de se tratar de saúde, nós vamos todo o apoio necessário e sabemos que é grande a expectativa de cura", disse.
De acordo com o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), o importnate agora não é fazer análises políticas e sim apoiar a ministra para que ela se recupere do problema. "Tenho dito que o momento é de carinho, solidariedade e apoio. O momento não é de análises políticas, e sim um momento afetivo, para que ela se recupere bem", afirmou o líder.