sábado, 25 de abril de 2009

O Globo país.

Para analistas políticos, doença não prejudica possível candidatura de Dilma à Presidência

Publicada em 25/04/2009 às 17h44m

Flavio Freire

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Hospital Sírio-Libanês, onde confirmou, em entrevista, que faz tratamento contra um câncer linfático - Edilson Dantas/Diário de São Paulo

SÃO PAULO - Tida como a "dama-de-ferro" do governo federal, a ministra-chefe da Casa Civil, DilmaRousseffpotencial candidata do PT à Presidência em 2010, poderá ver sua própria imagem modificada perante a opinião pública ao longo do tratamento de um câncer que detectou há poucas semanas, mas revelado apenas neste sábado. Se tratada de forma discreta, a doença deverá "humanizar" a figura da ministra, observada à distância como uma mulher de forte temperamento, segundo analistas políticos ouvidos pelo GLOBO. (A doença da ministra repercute entre os políticos)

" Dependendo de como ela vai lidar com a doença, a ministra pode agregar uma empatia do eleitor à sua figura "

- Dependendo de como ela vai lidar com a doença, a ministra pode agregar uma empatia do eleitor à sua figura. Basta ela tratar esse problema com discrição, vide o que aconteceu com o vice-presidente José Alencar, muito mais popular por conta da luta contra essa doença - analisa o professor de Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Abrúcio.

Com a ressalva de que se trata de uma questão que fugiu ao controle da ministra, Abrúcio avalia que a forma como ela lidará com o linfoma pode se transformar, involuntariamente, num favorável marketing político. Segundo ele, considerando o prognóstico otimista da equipe médica, o eleitor brasileiro tem simpatia por histórias de superação. (Leia mais: Saiba mais sobre os linfomas)

" A Dilma não é vista com bons olhos por parte do PT, e isso pode fazer ressurgir a discussão pelo terceiro mandato de Lula "

Para o professor de Ética e Filosofia da Unicamp, Roberto Romano, o eleitor tende a se compadecer com pessoas nessa situação, mas, ao mesmo tempo, ele acredita que a luta contra a doença pode enfraquecê-la no que diz respeito às atividades do dia-a-dia.

- Ela passará por quimioterapia e esse é um período difícil na vida de qualquer paciente, ainda mais no caso dela, que tem como obrigação viajar por todo o país - avalia Romano, para quem a doença não deve refletir negativamente na trajetória política de Dilma, já que não é mais vista como uma "sentença de morte". Ele ainda levanta outro tema que há tempos transformou-se em batalha política para Dilma.

- A Dilma não é vista com bons olhos por parte do PT, e isso pode fazer ressurgir a discussão pelo terceiro mandato de Lula - disse ele, que não acredita no uso político da doença por parte de oposicionistas. - Acredito que, nesses casos, a ética ainda prevalece.