quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Globo

Ritmo de campanha

Especialistas temem que clima eleitoral prejudique rotina do governo

Publicada em 01/10/2009 às 00h02m

Flávio Freire e Soraya Aggege

SÃO PAULO - A participação direta de membros do governo no processo eleitoral antecipado prejudica o funcionamento da administração pública. A avaliação é do cientista político Leôncio Martins Rodrigues, professor aposentado da USP e da Unicamp: ( Há conflito de interesse na filiação de ministros? Opine )

- A burocracia estatal atinge índices mais elevados de racionalidade quanto mais distante estiver de interesses personalísticos e político-partidários.

( Leia mais: Dos 37 ministros de Lula, 31 estão filiados a partidos )

Segundo o cientista, as democracias anglo-saxônicas são as que mais se aproximam do ideal da separação do público e do privado. O mesmo quadro não se repete em países latinos:

" A diferença, agora, é que o aparelho estatal está sendo ocupado principalmente por grupos partidários, capitaneados pelo PT "

- Nos países latinos de formação católica, que são mais burocráticos e menos desenvolvidos, o Estado é quase sempre ocupado por partidos que nada mais são do que expressão de grupos familiares e clientelísticos. Não é por acaso que a democracia, nesses países, funciona de modo precário.

Ainda segundo ele, no Brasil, a prática da colonização do Estado por interesses privados ou por grupos econômicos sempre existiu em nossa História, especialmente no período de participação política limitada:

- A diferença, agora, é que o aparelho estatal está sendo ocupado principalmente por grupos partidários, capitaneados pelo PT.

Para historiador, governo se voltará para interesses eleitoreiros

" Essa correria dos membros do governo acabará interferindo na atividade do governo "

O historiador Marco Antonio Villa, da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), considera que até março o Brasil terá um governo mais voltado para os interesses eleitoreiros que os de gestão, principalmente diante das últimas filiações e das manifestações de intenções eleitorais do presidente do Banco Central (Henrique Meirelles) e dos ministros ( Celso Amorim , Tarso Genro, Fernando Haddad e a própria Dilma Rousseff):

- O governo Lula tem feito várias inovações, e essa é uma delas: essa correria dos membros do governo acabará interferindo na atividade do governo. Isso com certeza causa prejuízos à rotina administrativa. Eu acho isso muito negativo.

Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp, diz que recomenda prudência ao presidente do Banco Central, Henrique Meireles, e ao ministro das Relações Exteriores, chanceler Celso Amorim, que se filiaram, respectivamente, ao PMDB e PT. Para ele, quanto mais alto o posto na escala do Estado, mais cuidado as autoridades devem ter nas relações com o Executivo.

- Essas pessoas destilarão desconfiança no Estado, afinal, a carga de assuntos sigilosos e importantes tanto do Itamaraty quanto do Banco Central é altíssima - avalia Romano, para quem qualquer risco à democracia é dissolvido com a conduta discreta dessas autoridades.

O professor de Ética da Universidade de Brasília (UNB) Ubirajara Calmon Carvalho chamou a atenção para o cuidado que as autoridades devem ter para "não misturar os campos", mas ponderou que todo cidadão tem o direito amplo de tomar suas decisões políticas.

- A filiação política é facultada às autoridades. O errado não é pertencer politicamente a um partido, mas se corromper eticamente - avaliou ele, argumentando que falta no país um acompanhamento mais rígido sobre os que exercem cargos públicos.

O cientista político Fábio Wanderley Reis, da UFMG, acha que é muito difícil estabelecer o limite entre o eleitoral e o eleitoreiro. Ele não vê problemas nas filiações e acha que, em tese, governar é fazer campanha.

- Mas há o risco de conflito de interesse.

Leia mais

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA.



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CRISE EM HONDURAS 2
O fundamento legal omitido

Por Dalmo de Abreu Dallari em 30/9/2009

Quando a imprensa afirma que um ato de autoridade foi inconstitucional ou ilegal deve apontar qual o artigo da Constituição ou da lei que foi desrespeitado, para permitir aos destinatários da notícia sua própria avaliação e uma possível reação bem fundamentada. De modo geral a ofensa à Constituição e às leis é sempre grave, num Estado Democrático de Direito. A par disso, toda a cidadania tem o direito de controlar a legalidade dos atos das autoridades públicas e para tanto precisa estar bem informada.

Um caso atual e patente de imprecisão nas informações está dificultando ou distorcendo a avaliação dos acontecimentos de Honduras. Grande parte da imprensa brasileira apresenta o presidente deposto Manuel Zelaya como vítima inocente de golpistas, mas quase nada tem sido informado sobre os aspectos jurídicos do caso.

Uma omissão importante, que vem impedindo uma avaliação bem fundamentada dos acontecimentos, é o fato de não ter sido publicada pela imprensa a fundamentação constitucional precisa da deposição de Zelaya, falando-se genericamente em "golpistas" sem informar quem decidiu tirá-lo da presidência, por que motivo e com qual fundamento jurídico. Esses elementos são indispensáveis para a correta avaliação dos fatos.

Alternância obrigatória

Com efeito, noticiou a imprensa que a Suprema Corte de Honduras ordenou que o Exército destituísse o presidente da República. É surpreendente e suscita muitas indagações a notícia de que ele foi deposto pelo Exército por ordem da Suprema Corte. Pode parecer estranha a obediência do Exército ao Judiciário para a execução de tarefa que afeta gravemente a ordem política, o que, desde logo, recomenda um exame mais cuidadoso das circunstâncias, para constatar se o que ocorreu em Honduras foi mais um caso de golpe de Estado.

É necessária uma análise atenta, para saber de onde vem a força da Suprema Corte para ordenar a deposição de um presidente eleito e ser obedecida pelo Exército. A par disso, é importante procurar saber por que motivo e com que base jurídica a Suprema Corte tomou sua decisão e ordenou ao Exército que a executasse.

Segundo o noticiário dos jornais, o presidente deposto havia organizado um plebiscito, consultando o povo sobre sua pretensão de mudar a Constituição para que fosse possível a reeleição do presidente da República, sendo oportuno observar que este seria o último ano do mandato presidencial de Zelaya.

Ora, está em vigor em Honduras uma lei, aprovada pelo Congresso Nacional, proibindo consultas populares 180 dias antes e depois das eleições – e estas estão convocadas para o mês de novembro. Foi com base nessa proibição que a consulta montada por Zelaya foi declarada ilegal pelo Poder Judiciário.

Um dado que deve ser ressaltado é que a Constituição de Honduras estabelece expressamente, no artigo 4º, que a alternância no exercício da Presidência da República é obrigatória. Pelo artigo 237 o mandato presidencial é de quatro anos, dispondo o artigo 239 que o cidadão que tiver desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser presidente ou vice-presidente no período imediato.

Informações incompletas

Outro ponto de extrema relevância é que a Constituição hondurenha não se limita a estabelecer a proibição de reeleição, mas vai mais longe. No mesmo artigo 239, que proíbe a reeleição, está expresso que quem contrariar essa disposição ou propuser sua reforma, assim como aqueles que o apóiem direta ou indiretamente, cessarão imediatamente o desempenho de seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de qualquer função pública.

Reforçando essa proibição, dispõe ainda a Constituição, no artigo 374, que não poderão ser reformados, em caso algum, os artigos constitucionais que se referem à proibição de ser novamente presidente. Essa é uma cláusula pétrea da Constituição.

Foi com base nesses dispositivos expressos da Constituição que a Suprema Corte considerou inconstitucional a consulta convocada pelo presidente da República e fez aplicação do disposto no artigo 239, afastando-o do cargo.

Note-se que a Constituição é omissa quanto ao processo formal para esse afastamento, o que deve ter contribuído para um procedimento desastrado na hora da execução. Tendo em conta que o respeito à Constituição é fundamental para a existência do Estado Democrático de Direito, não há dúvida de que Zelaya estava atentando contra a normalidade jurídica e a democracia em Honduras. A falta de informações completas e precisas sobre a configuração jurídica está contribuindo para conclusões apressadas que desfiguram a realidade.

THE NEW YORK TIMES

Battle for Honduras Echoes Loudly in Media

Published: September 24, 2009

TEGUCIGALPA, Honduras — “The lies of Manuel Zelaya” intones a stern voice as a picture of Mr. Zelaya, the deposed president of Honduras, flashes on the screen. Then to the ring of a cash register, images flash by of Mr. Zelaya’s cowboy hat, horses, a private plane, Times Square.


Rodrigo Abd/Associated Press

Supporters of the ousted Honduran president, Manuel Zelaya, set up a bonfire barricade in Tegucigalpa on Thursday.

While he was president, Mr. Zelaya bought jewels, paid for trips and maintained his horses with money he stole from the Central Bank and the Treasury, according to the television advertisement produced by the de facto government. Headlines from Honduran newspapers pop up onscreen as if to demonstrate the truth of the accusations.

The spot, and others like it, are regular fare on Honduran television and radio, where the fierce political battle dividing Honduras plays out amid assertions of all kinds, no matter whether they are rooted in fact. Mr. Zelaya’s return to the country on Monday has turned up the volume on the media war — one in which the government’s voice is the loudest, but in which Mr. Zelaya is a skilled and equally slippery combatant.

“Mr. Zelaya has a terrorist plan,” another government ad asserts, accusing the deposed president of using the Brazilian Embassy, where he has taken refuge, as his general command. That followed an ominous warning that “foreign groups and military planes” had managed to enter Honduran territory.

The government spots are the most extreme example of the allegations that have become the diet of the Honduran airwaves.

Even before Mr. Zelaya was ousted in a coup on June 28, television and newspapers, controlled by a handful of wealthy businessmen, were opposed to him. Along with a state television station, the government of Roberto Micheletti, the de facto president, has many vehicles with which to discredit, if not smear, Mr. Zelaya.

On Wednesday night, for example, government television reported, without attribution, that Brazil had promised to reinstate Mr. Zelaya in return for a permanent seat on the United Nations Security Council.

But Mr. Zelaya has his own media allies, notably the Radio Globo radio station, which broadcasts around the clock, opening its microphones to callers and repeating its own set of rumors and misrepresentations. Mr. Zelaya is a frequent caller to the station and to others around the world, where he makes his own outrageous claims: Israeli commandos have been hired to kill him; he is being secretly poisoned by gas and radiation; Mr. Micheletti is preparing to storm the Brazilian Embassy.

“Nobody in Honduras gives the truth 100 percent,” said Alejandro Villatoro, the owner of Radio Globo and a legislator allied with Mr. Zelaya. He said that the reports of repression by the police and soldiers that had become a staple of his station were not broadcast on government-allied media.

The government clearly has the advantage, he said, noting that he and his reporters were briefly arrested the day of the coup. That experience has made him determined to keep the station on the air, even though the government frequently blocks his programming (most recently with children’s bedtime stories).

Advertisers have pulled their spots since the coup, and so he is financing the station’s $15,000 to $20,000 monthly budget.

Each side argues that it is countering the other side’s lies. “Our goal is to tell people the truth,” said a government media adviser who asked not to be identified because he was not authorized to speak for the government. “They are running a disinformation campaign.”

The competing accusations continue when the two sides discuss what led to the crisis. According to a recent analysis of the legal issues of the case prepared by the Law Library of Congress in Washington, both Mr. Zelaya and those who ousted him appear to have broken the law.

In Mr. Zelaya’s case, he flouted court rulings ordering him not to conduct a survey on whether to convene a citizens assembly to change the Constitution. Eventually, the chief prosecutor filed a complaint with the Supreme Court accusing Mr. Zelaya of treason and abuse of authority, among other charges. That led to an arrest warrant that was carried out on June 28.

But Mr. Zelaya was not formally arrested when soldiers raided his home. Instead, the army detained him, took him to the airport and put him on a plane to Costa Rica, even though the Honduran Constitution says no citizen may be handed over to foreign authorities.

The military has said it decided to remove Mr. Zelaya from the country to reduce the likelihood that his detention would cause unrest. After initially defending the decision, members of the de facto government have come to see it as a mistake.

Norma C. Gutierrez, an international law specialist who prepared a legal analysis for American lawmakers last month, criticized both sides. Her bottom line: the case against Mr. Zelaya was rooted in constitutional and statutory law. His removal from the country was not.

Elisabeth Malkin reported from Tegucigalpa, and Marc Lacey from Mexico City.

CHAMADO À MOBILIZAÇÃO. JÁ!

TODOS MOBILIZADOS PARA BARRAR A VISITA DO DITADOR FASCISTA-ISLÂMICO DO IRÃ! COM AS FALAS DO CANALHA DA RÁDIO GLOBO DE HONDURAS, SOMADAS AOS ATENTADOS ANTI-SEMITAS NA VENEZUELA, NA ARGENTINA E NO RESTO DA AMÉRICA, SÓ RESTA AOS QUE TEM SANGUE NAS VEIAS DENUNCIAR A CUMPLICIDADE DO GOVERNO BRASILEIRO COM O ANTI-SEMITISMO. O BRASIL NÃO PODE RECEBER UM NEGADOR DO HOLOCAUSTO, POIS TAL VISITA É O SÍMBOLO MESMO DA SUA INTEGRAÇÃO NA INTERNACIONAL RACISTA QUE SE ARMA, COM DECISIVO APOIO DE CHAVEZ E DE OUTROS DITADORES.

TODOS À MOBILIZAÇÃO CONTRA A VISITA DO TIRANO! SE COMEÇARMOS AGORA, NÃO SEREMOS SURPREENDIDOS.


ROBERTO ROMANO

No It's abouth Nothing ...

Quarta-feira, 30 de Setembro de 2009

Irã violou lei ao não declarar nova instalação, diz El Baradei

Por Mark Heinrich
Reuters

VIENA (Reuters) - O Irã violou uma regra de transparência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) ao não revelar há muito tempo que está construindo uma nova fábrica de material nuclear, disse o diretor da instituição, Mohamed El Baradei, em entrevista pela TV.O Irã notificou a construção da nova usina à AIEA em 21 de setembro. Potências ocidentais dizem que Teerã só o fez depois de saber que governos exteriores haviam tomado conhecimento da obra, cuja construção começou há três anos e meio.

Fontes diplomáticas ocidentais dizem que a fábrica está escondida no subsolo de uma encosta montanhosa, num antigo quartel da Guarda Revolucionária, perto da cidade sagrada xiita de Qom. A revelação sobre sua existência reforçou a suspeita ocidental de que o Irã tenta desenvolver armas nucleares.Teerã diz que seu objetivo é apenas gerar eletricidade para fins pacíficos, e que a usina só irá produzir urânio pouco enriquecido, o que é compatível para o uso civil. Enriquecido em níveis mais elevados, o urânio pode se prestar à produção de armas atômicas.

A República Islâmica alega ainda que não teria obrigação de ter revelado anteriormente a existência da nova usina, e que a partir de agora a instalação será aberta a inspeções da AIEA, a exemplo do que já acontece com a fábrica de urânio enriquecido de Natanz.El Baradei, no entanto, disse à CNN-India, durante visita a Nova Délhi, que "o Irã deveria ter nos informado no dia em que decidiu construir a instalação (e) não o fez"."Eles estão dizendo que essa deveria ser uma instalação reserva caso nós (Irã) fôssemos atacados, e sendo assim eles não poderiam ter nos contado antes."

"Apesar disso, eles têm estado no lado errado da lei até agora quanto a informar à agência sobre a construção, e, como vocês viram, isso criou preocupação na comunidade internacional", acrescentou. "Foi um revés para o princípio da transparência, para o esforço da comunidade internacional de construir confiança a respeito do programa nuclear iraniano."
Um estatuto da AIEA modificado em 1992 exige que os Estados membros notifiquem os inspetores assim que tomarem a decisão de construir uma nova instalação nuclear. Até então, esse alerta deveria ser feito num prazo de até seis meses antes da entrada de material nuclear da nova instalação.

© Thomson Reuters 2009 All rights reserved.

Enviado pelo amigo Alvaro Caputo. Como se ve, os anti semitas estão em Honduras, como na Argentina, na Venezuela, etc.

Antisemitismo y Xenofobia en Radio Globo
20 hours ago
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1. Antisemitismo y Xenofobia en Radio Globo
20 hours ago
Repulsiva retórica antisemita de radio globo el medio simpatizante de los zelayistas y la resistencia. aparentemente también: nido de xenofobia y antisemitismo enmascarado de libre expresión. david romero director de radio globo:
1. Antisemitismo y Xenofobia en Radio Globo
20 hours ago


Do blog do Reinaldo Azevedo

DIRETOR DE RÁDIO ZELAYSTA ACUSA OS JUDEUS DE TRAMAR CONTRA ZELAYA E LAMENTA, NO AR, QUE HITLER NÃO TENHA CUMPRIDO SUA MISSÃO HISTÓRICA

quarta-feira, 30 de setembro de 2009 | 13:01

Se vocês clicarem aqui, terão acesso a um vídeo em que poderão ouvir a voz de David Romero, diretor da rádio Globo, que apóia Manuel Zelaya. É aquela rádio que sofreu intervenção do governo interino, acusada de incitar a violência, e que deixou os bolivarianos brasileiros excitadíssimos. Ouvindo o que está aí, vocês têm uma noção de quem é aquela gente. Zelaya havia acusado a existência de um complô judaico para matá-lo com gás e radiação de alta freqüência. Por incrível que pareça, alguns jornalistas brasileiros caíram na conversa. Já escrevi um post aqui em que demonstrei as raízes anti-semita do bolivarianismo chavista. Ouçam o que vai aí. Abaixo, publico um tradução de trecho da fala.

Às vezes, eu me pergunto se Hitler não teve razão de haver terminado com essa raça, com o famoso Holocausto. Se há gente que causa dano a este país, são os judeus, os israelitas. Eu quero, esta tarde, aqui na rádio Globo, dizer, com nome e sobrenome, quem são os oficiais do Exército judeu que estão trabalhando com as Forças Armadas de nosso país e que estão encarregados de fazer todas essas atividades de conspiração e ações secretas. E [quero dizer] tudo o que está acontecendo ao presidente da República.
Depois que me informei, eu me pergunto por que não desejamos que Hitler tivesse cumprido sua missão histórica. Desculpem-me a expressão dura de repente. Porém eu me pergunto isso depois que fiquei sabendo disso e de outras coisas. Eu creio que teria sido justo e correto que Hitler tivesse terminado sua missão histórica”

Voltei
Na opinião de vocês, uma rádio que tem um diretor que faz tal avaliação, no ar, estaria mesmo empenhada em incitar a violência? Olhem, é com esse tipo de gente que se meteu o governo brasileiro; é essa metafísica influente que Lula e Celso Amorim se mostram dispostos a apoiar até o fim; é por gente que tem esse universo mental que o Brasil está se mobilizando. Estes são os apoiadores de Manuel Zelaya.

Correio Popular de Campinas, Dalcio.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Correio Popular de Campinas 30/09/2009

Publicada em 30/9/2009


Zelaya, o diabo e o bom Deus

O mundo assistiu um ato comum entre ditadores e monarcas do mundo moderno. Recordemos a cena: na embaixada brasileira de Honduras, o deposto Zelaya recebe, boca aberta, uma hóstia dada por sacerdote. O que é dito na foto? Deus estaria com Zelaya e não com os que o expulsaram do poder. Que um líder empreenda instrumentalizar o fato religioso, não é novidade. Basta a memória de Henrique IV, protestante que, para assumir o trono, abandonou sua crença. Na hora decisiva ele teria afirmado: “Paris vale a missa”. Para garantir o mando, a religião se define como um trampolim. A blasfêmia foi partilhada pelo dono da ordem civil e pela Igreja. A “conversão” tardia transforma um serviço divino em comédia. A peça terminou de maneira sangrenta, pois o ator foi assassinado por Ravaillac, fanático que agiu em nome do ser divino.

Napoleão, que supostamente herda as formas democráticas da Revolução Francesa, não abriu mão da comédia religiosa ao ser entronizado. Para deixar bem claro o papel subalterno da Igreja, ele arrancou das mãos pontifícias a coroa imperial e a colocou na própria cabeça. Humilhação para o Papa, antigo titular da plenitude de todos os poderes na defunta República Cristã. No século 20, tanto Mussolini quanto Hitler aproveitaram a vacilação eclesiástica e a busca vaticana de recuperar poderes, abençoando celerados. Depois tivemos os ditadores que usaram a Igreja para se legitimar: Franco (Cruzada do Cristo Rei), Salazar, Peron, Vargas e militares brasileiros.

Nada pior do que o encontro de João Paulo 2 e Pinochet. O fato é narrado por Berstein e Politi, na sua biografia do Sumo Pontífice. Quando o Papa e o ditador estavam na porta do último, surgiu uma senhora com a pele queimada pela tortura. O papa virou-lhe as costas e, abraçado ao algoz, entrou na casa de quem, parece, salvou a “civilização cristã e ocidental” com meios piores do que os inquisitoriais.

Essas recordações nos conduzem ao golpe (ou contragolpe) ocorrido em Honduras. Quando Zelaya, sem nenhum pudor, comunga “urbi et orbe”, com evidente instrumentalização do culto em proveito político, ele evidencia o quanto seu governo ou estilo de mando é ligado à pior tradição autoritária da modernidade. Quando se fala em golpe, vale citar o clássico livro de Gabriel Naudé, as Considerações Políticas sobre os Golpes de Estado (1640). Ali, o defensor do mando absoluto diz com evidência solar: “Nada ajuda mais os assuntos de um príncipe, do que a crença de sua união com Deus”. Esta é a divisa da Razão de Estado e dos regimes modernos e malditos. O governante deve mentir e dissimular quando se trata de convencer os dominados: “quem não sabe dissimular, não sabe governar” dizia o rei Luis 11, não por acaso apelidado “rei aranha”.

E por falar em Naudé, ele enuncia com clareza o que se passa nos golpes de Estado (ou contragolpes). Naqueles atos tudo se inverte “as matinas são ditas antes de serem anunciadas, a execução precede a sentença e tudo se faz (...) ao inverso. Um sujeito recebe o golpe, quando imaginava dá-lo”. Todos os golpes de Estado são ditos, pelos que os perpetram, contragolpes preventivos. Assim, os nazistas golpearam a República de Weimar porque, diziam eles, os comunistas dariam um golpe na Alemanha, à semelhança de 1917 na Rússia. A mesma desculpa é fornecida pelos citados Franco, Salazar, Peron, Vargas, militares e civis da “Redentora” em 1964.

Em Honduras não existe lobo mau nem Chapeuzinho Vermelho. Zelaya tentou dar um golpe e, como já avisara Naudé em 1640, recebeu um contragolpe. Quando ele ia com o milho golpista, os adversários apareceram com o angu de caroço de um regime difícil de ser definido. Fanáticos, como Ravaillac, enxergam Deus de um lado e de outro o Diabo. Mas esta é a comédia maniqueísta do poder, nada mais. Quem pensa com a própria cabeça conhece o truque de Zelaya e os recursos de seus oponentes. Os democratas não precisam, nem devem, preferir um ou outro, mas recusar os dois, meros irmãos gêmeos quando se trata de impor tiranias.

Em Pelotas, o Congresso de Filosofia Moral e Política


Programação

09/11/09- Segunda:

16:00-18:00 – Retirada de Material

19:00 – Abertura oficial: Prof. Cesar Borges (Reitor UFPel)

19:30 – Conferência de Abertura: Pierre-Marie Morel (Ecole Normale Supérieure de Lettres et de Sciences Humaines – Lyon) A Prudência em Aristóteles e no Epicurismo

Moderador: João Hobuss (UFPel)

10/11/09- Terça:

09:00-11:30 – Mini-Curso

11:40-13:20 – Comunicações

14:30-16:00 – Mesa Temática: Filosofia Política e Relações Internacionais

Yara Frateschi (Unicamp), João Carlos Brum Torres (UFRGS), Douglas Ferreira (PUC-Campinas)

Coordenador: Cláudio Leivas (UFPel)

16:15-16:30 – Café

16:30-19:00 – Mesa Temática: Teorias da Justiça e Direitos Humanos

Nythamar de Oliveira (PUCRS), Delamar V. Dutra (UFSC), Luiz Bernardo Araújo (UERJ)

Coordenador: Carlos Ferraz (UFPel)

19:30 – Conferência: Pablo da Silveira (Universidad Católica del Uruguay) O Governo da Educação como Tema da Filosofia Política Contemporânea

20:30 – Conferência: Roberto Romano (Unicamp) – Trapaças, Vícios e Virtudes: uma leitura da razão de Estado

Moderador: Carlos Ferraz (UFPel)

11/11/09- Quarta:

09:00-11:30 – Mini-Curso

11:40-13:20 – Comunicações

14:30-15:45 – Mesa Temática: Democracia e Globalização

Nelson Boeira (UFRGS), Álvaro de Vita (USP), Yves Zarka (Université Paris Descartes/Sorbonne)

Coordenador: Álvaro Barreto (UFPel)

16:00-16:15 – Café

16:15-19:00 – Mesa Temática: Fundamentos da Ética

Marco Zingano (USP), Noeli Rossato (UFSM), Roberto Pich (PUCRS), Juliette Lemaire – Centre Léon Robin (Paris IV)

Coordenador: Manoel Vasconcellos (UFPel)

19:30 – Conferência: Pierre Guenancia (Université de Bourgogne)Identidade e Nação

20:30 – Conferência: Jorge Dotti (Universidad de Buenos Aires) – A Axiologia como Neutralização do Político

Moderador: Cláudio Leivas (UFPel)

12/11/09 – Quinta:

09:00-11:30 – Mini-Curso

14:00-16:00 – Comunicações

16:15-16:30 – Café

16:30 – 19:00: Mesa Temática: Temas de Metaética

Nelson Gomes (UnB), Darlei Dall’Agnol (UFSC), Adriano Naves de Brito (UNISINOS)

Coordenador: Denis Silveira (UFPel)

19:30 – Conferência: Miguel Andreoli (Universidad de la República del Uruguay) – Observações sobre Razões Morais e Direitos Sociais

20:30 – Conferência: Gustavo Pereira (Universidad de la Republica del Uruguay) Eticidade Democrática

Moderador: Robinson dos Santos (UFPel)

COMUNICAÇÕES:

Apresentação de comunicações terça, quarta e quinta. Os trabalhos completos serão publicados em CD.

Dia/Horário: Terça e Quarta (10, 11) 11:40-13:20

Quinta (12): 14:00-16:00

MINI-CURSO:

Terça, Quarta e Quinta – Horário: 9:00- 11:30.

Alfredo Storck (UFRGS)



Generacion Y

Computadora sin papeles

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Tocaron a la puerta con una orden de registro que la madre de Aldo apenas pudo ver. Fueron directo al cuarto para ocupar la computadora donde se almacenan las letras de esas canciones que circulan por todo el país. No hubo manera de hacerle ver al policía que aquel hombre de cabello largo y tatuajes por todo el cuerpo no era un delincuente. A los uniformados, se les da mal el hip hop y un peludo pintoreteado es lo que más se les parece a un malhechor. No tuvieron en cuenta que a éste, sólo una semana antes, Juanes lo había evocado en la Plaza de la Revolución cuando mencionó al grupo Los Aldeanos. La noticia de la detención se regó y hasta el propio cantautor Silvio Rodríguez intercedió para que le devolvieran el ordenador y lo dejaran ir a casa.

Aldo y Bian ya han sido apartados de casi todo, menos de ese don para la música que la censura no ha logrado quitarles. Unos amigos distribuyeron hojas impresas para denunciar la exclusión contra el popular dúo y propusieron que “asumir a estos hombres como órganos vitales de la nación, es cuestión de honor”. Pero la nuestra es una sociedad ingresada en terapia intensiva, con partes trasplantadas y una máquina de diálisis conectada a esa zona donde debería funcionar una ciudadanía. Vivimos en una Isla donde se extirpa y se amputa porque unos pocos diagnostican que un miembro tiene gangrena, cuando en realidad es –simplemente– diferente.

Al llevarse al músico con su computadora –que carece de papeles de propiedad, como la gran mayoría que hay en Cuba– quizás estaban aplicándole una inyección de susto, la conocida medicación para aumentar el miedo. Pero ya no les funciona como antes. Ahora, la aprensión se trasmuta en canciones, en blogs, en discos que circulan de mano en mano, mientras que las confiscaciones y las detenciones sólo logran que lleguen más lejos.

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Marta Bellini. Sempre digo, quando perguntado sobre a "solução" dos problemas políticos: "Democracia, Democracia, Democracia".

Comentário: horror similar ocorreu no Camboja, só que no Camboja foi pior. Horror similar em Cuba, no Irã, etc. Horror, horror. E sem democracia, não existe saída. É por isto que sou contra toda e qualquer ditadura, de esquerda ou direita, religiosa ou atéia. Quem opta pela ditadura (seja qual for o seu disfarce ideológico) escolhe a tortura, a morte dos vencidos, o exílio, e toda desgraça para sua gente. Líderes políticos não valem os sofrimentos que aplicam aos governados, especialmente se a MENTIRA usada por eles é a salus populi. Se existe dogma da Igreja em que acredito, é o do Inferno. Não é justo, é um escândalo da razão como diria Kant, que um Hitler, um Stalin, um Mao, um Fidel, Um Franco, um Salazar, um Pinochet, e ditadores coletivos como os da Argentina, sigam para o paraíso ou para o Nada. O nada é um prêmio à sua violência. Acredito no Inferno para tiranos. Na terra, para evitar que eles surjam, acredito na democracia. Nela, os atos do governo são vigiados, com legitimidade, pelos que pagam impostos. Nas ditaduras, impostos são pagos para que nossos amigos, familiares, visinhos sejam vilipendiados em seu corpo e alma. Ditadura, jamais!




Cartas de Buenos Aires, por Gisele Teixeira* do Blog do Noblat

Incontinência verbal

A confissão aconteceu em 2007 durante um jantar, num restaurante de uma ilha paradisíaca de Bali, na Indonésia. Difícil imaginar uma conversa tão horrível em um lugar tão lindo, mas foi assim.

O piloto argentino Julio Alberto Poch
, que então trabalhava para a companhia aérea holandesa Transavia (que pertence à Air France-KLM), entre um drinque e outro, contou a seus companheiros que durante a ditadura militar (1976 a 1983) havia pilotado os chamados vôos da morte. E deu detalhes.

Os prisioneiros eram levados em furgões a um aeroclube, normalmente à noite
. Ao chegarem, recebiam uma injeção de Pentotal (um sonífero), eram embarcados em aviões e, após dormirem, jogados ao mar sem roupas, para que não houvesse nenhuma possibilidade de identificação.

Às vezes, tinham as barrigas abertas para que as vísceras se espalhassem no mar
e, assim, os corpos afundassem mais rápido. Ou, em outras palavras, não boiassem.Os holandeses, claro, ficaram horrorizados e o denunciaram à justiça do país. Começou aí uma investigação – em total sigilo - que foi finalizada na terça-feira passada com a prisão de Poch, numa escala da viagem Amsterdam-Valência.

Era seu último vôo antes da aposentadoria. Foi preso pela polícia espanhola quando, coincidentemente, estava acompanhado da mulher e de um dos filhos. Tem apenas 57 anos. Os passageiros do avião não ficaram sabendo de nada.Aqui, longe de tudo, me delicio com os detalhes da operação, me delicio com as sutilezas do destino. Esfrego as mãos, satisfeita. Essa prisão, é claro, deve ter sido noticiada no Brasil, mas como a semana passada o noticiário foi muito dominado por Honduras, achei melhor relembrar.

Pelo menos relembrar seu contexto. Poch é o segundo piloto detido por atirar pessoas vivas ao mar durante a ditadura. O primeiro foi Adolfo Scilingo, em 1995, o primeiro repressor a confessar participação em vôos deste tipo. Segundo ele, os vôos saíam uma vez por semana, com cerca de 15 a 30 pessoas. Dessa forma, confirma, devem ter sido “eliminadas” uma 4.400 pessoas.

Dizem que há centenas de envolvidos, talvez milhares. Membros das Forças Armadas e também civis – desde os motoristas dos furgões até os enfermeiros que ministravam as injeções e inclusive apenas simples testemunhas, que acompanhavam as operações.Os mais jovens possuem pouco mais de 50 anos e os mais velhos estão com cerca de 90. Alguns enlouqueceram. Não puderam viver com o segredo de terem jogado ao mar pessoas vivas, drogadas, indefesas, desnudas, desde aviões em pleno vôo em direção ao vazio.
Os depoimentos são assustadores.

Rubén Ricardo Ormello, que em 1976 era cabo e tinha 21 anos, foi mecânico e prestou serviços para a área militar. Relatou a seguinte história
. “Uma vez trouxeram uma gorda que pesava como 100 quilos, e a droga não havia feito efeito suficiente. Quando íamos jogá-la ao mar se acordou e se agarrou ao avião. A filha da puta não se soltava. Tivemos que carregá-la a patadas até que foi à merda”, recorda, sem arrependimentos.

Conto essa história porque na semana passada falei da belle époque portenha. Mas a cidade tem também outra faceta. E para entender Buenos Aires é preciso conhecer as duas.

É preciso visitar seus palácios, mas também a ESMA, a Escuela Superior de Mecánica de la Armada, principal centro de extermínio de prisioneiros durante a ditadura, que desde 2004 abriga um espaço dedicado à memória e a promoção da defesa dos direitos humanos. Dois lados de uma história, que talvez não sejam tão independentes como possa parecer à primeira vista.

*Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo (giseleteixeira.wordpress.com), com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.

Libération. Nestes tempos delirantes, urbi et orbi, um pedaço de terra sem contacto com os "civilizados" é tentador, muito tentador...

Voyage en pays Amish


Le temps pour seule valeur, voilà bien la philosophie Amish qui rejette toute possession matérielle au profit d’une application stricte des règles de la Bible. Visite du Dutch County en Pennsylvanie.


Voyage en pays Amish
Il suffit d’un court trajet entre Philadelphie et le comté de Lancaster (une centaine de kilomètres) pour se retrouver plusieurs siècles en arrière, au cœur du Pennsylvania Dutch Country, le Pays Amish. L’histoire de cette région a commencé dès le 17ème siècle. Au début des années 1700, les Mennonites, persécutés en Europe fuirent en masse pour venir se réfugier chez William Penn qui donna son nom à la Pennsylvanie. De cette migration dans le comté de Lancaster, il reste aujourd’hui la plus ancienne communauté regroupant plus de 70 000 membres qui appartiennent aux sectes Amish, Mennonite et Brethren. Leur point commun est l’adhésion au principe de séparation de l’Église et de l’État, de la non-violence et du baptême des adultes.

Depuis le début du 18ème siècle, ils refusent le modernisme en général, la vaccination, les engrais chimiques, l’automobile, la radio, l’électricité et le téléphone. Ils ne se déplacent qu’en carrioles ou «buggy», s’éclairent avec des lampes à pétrole, cultivent la terre à la charrue, sont exemptés de service militaire et portent des vêtements sobres à la mode de jadis. Ils parlent une langue curieuse faite d’un mélange de bernois, d’alsacien, de hollandais et de palatin (dialecte allemand). Une anecdote : quand les premiers colons sont arrivés, les autorités britanniques d’alors leur demandèrent quelle était leur langue maternelle. « Deutsch » leur répondirent-ils. Ainsi naquit le « Dutch Country ».

Voyage en pays Amish
Comprendre et apprendre

C’est au centre d’information, à deux pas de Lancaster, que nous attend Yvonne. Une Alsacienne, installée dans la communauté depuis plus de 60 ans, mère de 5 enfants et dont la vie a toujours été rythmée par les principes mennonites. C’est avec elle que nous allons faire le tour de ce pays, véritable curiosité pour les Américains eux-mêmes qui, dès les beaux jours, affluent en masse à Lancaster. Elle qui nous conduira à la rencontre de ceux et celles qui, exceptionnellement vont nous accueillir quelques heures. Ce qui frappe en premier, c’est le spectacle de la nature faite de terres labourées, à perte de vue. Seules quelques fermes ponctuent le paysage. Les « barns », hangars traditionnels, colorent le bleu du ciel d’un rouge profond. Ce qui étonne c’est l’absence de poteaux et de fils électriques, à l’installation souvent anarchique, si caractéristiques aux Etats-Unis. C’est le refus du modernisme qui explique ce paysage parsemé de quelques ponts couverts, construits à l’ancienne.

Dès les premiers kilomètres, on perçoit les changements qu’imposent les règles amish. Une mutation imperceptible. Croiser des hommes à la barbe parfaitement taillée et aux chapeaux ronds d’une propreté parfaite surprend. Ni sourires, ni regards. « l’Anglais » que je suis (c’est le nom donné aux étrangers) n’existe pas, même si à l’heure du déjeuner, après l’obligatoire prière, deux Mennonites viendront parler avec nous. Un discours curieux. Impossible de parler politique, d’argent, de culture ou d’art de vivre. Des sujets interdits pour les Amish qui pensent que tout ce qui les entoure n’est que l’œuvre de Dieu… Y compris le « superficiel », créé pour montrer qu’il ya de fausses voies où il est mauvais de s’engager.

Nous parlerons donc d’agriculture. Dans ce domaine, les Amish sont de vrais champions. Habitués à travailler la terre à l’ancienne, leurs résultats sont incroyables. Ici l’écologie n’existe pas. Comme monsieur Jourdain faisait de la prose, eux produisent naturellement, sans engrais, depuis des siècles. Dans les champs, le spectacle, lui aussi, détonne. Des machines modernes que trainent des chevaux. Femmes et enfants sont sur la charrette qui suit, prêts à donner le coup de main. « Pour les Amish » précise Yvonne « le travail et le respect des plus jeunes envers les anciens est une règle que tout le monde respecte naturellement. Personne ne se force à être ce qu’il est. Ce serait contraire aux règles de la Bible. C’est ce qui explique la douceur de vivre que l’on ressent ici ».

Voyage en pays Amish
Des fermes, centre du monde

Pour comprendre les Amish, il faut se rendre dans une ferme. Une de celle tenue par un membre du nouvel ordre, plus moderne et à peine plus ouvert sur le monde. On reconnaît ces fermes à deux trois détails. Une cabine téléphonique dans le jardin, un compresseur pour produire l’électricité nécessaire à la traite ou à la conservation du lait. Une révolution ! Pas question de parler avec les femmes, ce ne serait pas correct. Les hommes détaillent et expliquent l’organisation de la ferme et leurs relations avec les « anglais », premiers clients des Amish. En passant dans la cour, sur le côté de la maison, des lampes au gaz sont en cours de réparation. Ce sont les seuls éclairages autorisés. Pas de fioritures, un simple tuyau recourbé couvert d’une boule en verre blanc.

Pour faire le tour de cette ferme, nous prenons le buggy. L’invité restera devant. Yvonne ne sera pas du voyage. Impensable pour le chef de famille. Impossible aussi de faire quelques portraits photographiques. Poliment mes hôtes déclinent. « Trop mondain » m’explique Yvonne. Une façon polie de me dire qu’ici la forme ne compte pas. Rien ne doit différencier une famille d’une autre. Ni bijoux, ni vestes ou jupes colorées. A la sortie de la ferme, un magasin général nous tend les bras. A peine la porte poussée, les femmes et les jeunes filles baissent les yeux. Pas un bonnet d’organdi ou un tablier blanc ne manque à l’appel. Des jupes strictes tenues par une épingle à nourrice, seul luxe toléré, complète des chemisiers sans aucune fioriture. Même les enfants, dès leur plus jeune âge, portent le gilet noir et le chapeau. Dehors, alignés, les buggys attendent. Ces carrioles, à la demande des autorités, se sont modernisées. Désormais, elles sont équipées de feux électriques, indispensables pour être vues le soir.

Voyage en pays Amish
Tolérance et rigueur

Pour comprendre les Amish et le choix « d’adulte » qui consiste volontairement à accepter et à demander le baptême, Yvonne me conduit chez Rick Presto, un historien qui vit à Lancaster et qui a été conseiller sur le tournage du film Witness avec Harrison Ford. « Les Amish, contrairement aux idées reçues ne subissent pas leur situation. Ils l’acceptent » m’explique l’homme de l’art. « Pour preuve ce qu’ils appellent le « Rumspirgra », ce qui veut dire : aller de droite à gauche. Trois années de liberté et de folie. Tout est autorisé mais après, à leur retour, s’ils sont partis ils doivent se déterminer et rentrer dans le rang de la communauté. Ce sont eux qui décident volontairement du baptême et d’accepter les règles strictes de la communauté. Moins de 2 % des jeunes ne reviennent pas. Tout est dit ».

Même vision de l’école. Pour les Amish, savoir n’est pas utile. Seule la connaissance des livres saints compte. Aussi, les institutrices, issues de la communauté se bornent-elles à apprendre à lire, à écrire et à compter. A l’âge de 15 ans, l’école est finie. La vie active commence à la ferme. « La connaissance est dangereuse pour les Amish qui pensent que tout est déjà dit dans la bible » commente Rick « Réfléchir, mais à quoi ? Leur monde est éloigné du nôtre. C’est leur force et leur faiblesse ».

Ni un zoo, ni même une réserve. Inutile de penser que vous arriverez dans une zone protégée, une sorte de cloche géante ou sont conservés les derniers spécimens d’un passé oublié. Pour les Amish, le modernisme n’existe pas. Dieu l’a intégré à la Bible. Tout a été dit sur le sujet. Preuve de cet optimisme, et du sens de l’entraide permanent, aux premiers jours de l’été, toute la communauté se réunit pour aider les jeunes à construire un hangar ou une ferme. Une centaine d’hommes, réunis autour d’un pique-nique géant préparé par les femmes, viennent hisser un à un les éléments en bois de l’ouvrage. Des scènes épiques de solidarité qui résument à elles seules ce pays Amish.


Pour en savoir plus sur la culture amish

Amish Experience Theater & Amish Country Homestead : ce théâtre multimédia joue régulièrement le spectacle “Jacob’s Choice”. Cette présentation s’appuie sur cinq écrans géants, un système 3D et des effets spéciaux qui vous font suivre le parcours d’un jeune Amish sur le point de décider s’il veut vivre dans sa communauté ou « dans le monde extérieur ». Des guides expliquent comment vit cette communauté. En anglais uniquement.
www.amishexperience.com

Aaron and Jessica Buggy Ride
Excursions en buggy dans le pays Amish. Unique pour assimiler les rites sociaux de la communauté. A partir de 12 €.
www.amishbuggyrides.com

Adamstown
Pas mal d’objets traditionnels proposés par près de 5000 vendeurs. De très jolis paniers et surtout une impressionnante collection de jouets en bois.

Lancaster Quilt & Textile Museum
L’une des plus belles collections de patchwork amish. Une salle entière est consacrée aux techniques utilisées par les femmes amish.
37 Market Street - Lancaster, PA 17603 - (717) 299-6440
www.quiltandtextilemuseum.com

Lancaster Museum of Art
La villa Grubb Mansion, qui abrite le musée d’art de Lancaster, fut construite pour Clement Bates Grubb, grand patron de l’industrie du fer. C’est un excellent exemple encore intact de l’architecture typique du comté, d’inspiration grecque. Le musée d’Art est depuis 1965 l’une des étapes culturelles majeures dans la région.
(Du lundi au samedi de 10 h à 16 h- le dimanche de midi à 16 h)
135 North Lime Street –Lancaster - 717-394-3497-
www.Lmapa.org

Noblat

Deu em O Globo

Sem mocinhos (Editorial)

A volta de Manuel Zelaya a Honduras foi classificada pelo representante dos EUA na OEA de “irresponsável e tola”, e com razão.

O ex-presidente saiu da Nicarágua num avião venezuelano, que pousou em El Salvador, onde carros do partido no governo neste país o esperavam para transportá-lo à fronteira com Honduras.

Ainda se levarmos em conta a improvável versão brasilei-ra de que Zelaya “materializou-se” na Embaixada do Brasil, é lamentável que Brasília se deixe enredar em armadilhas chavistas.

Embarca o Brasil na tese bolivariana de que golpista é o governo interino de Honduras, chefiado por Roberto Micheletti, quando não há mocinhos nessa história.

Zelaya, presidente eleito, tratava de organizar um referendo para permitir-lhe a reeleição, algo expressamente proibido pela Constituição de Honduras, mas que figura no receituário chavista como fórmula para acabar com a alternância democrática no poder.

As instâncias legislativas e jurídicas hondurenhas reagiram adequadamente, culminando com uma decisão da Suprema Corte, que decretou a prisão do presidente e expediu ordem de captura.

Na execução da ordem, contudo, os militares também violaram a Constituição ao enviar Zelaya para a Costa Rica, quando a Carta determina que “nenhum hondurenho poderá ser expatriado nem entregue pelas autoridades a um Estado estrangeiro”.

A situação criada em Tegucigalpa certamente entrará para os manuais de Direito Internacional, pois nunca se vira um foragido político receber “abrigo” estrangeiro ao voltar para seu próprio país e transformar a embaixada que o acolhe em palanque para atacar inimigos políticos.

Nos últimos dias, as posições se acirraram perigosamente. O único caminho legítimo é o do respeito à legalidade. O governo interino de Honduras deve respeitar a integridade da Embaixada do Brasil, ao contrário do que vem ameaçando fazer, e Zelaya tratar de se aquietar, abandonando qualquer proselitismo político contra o governo em exercício.

Parta a iniciativa do Brasil ou do próprio Zelaya, a mudança de seu status de “abrigado” para asilado político facilitaria a resolução do impasse que prejudica enormemente o povo hondurenho, pois o país está paralisado à espera de uma decisão.

É preciso que tanto o governo interino quanto Zelaya flexibilizem posições e aceitem negociar via OEA. De uma fórmula para descongelar a situação depende a realização das eleições presidenciais de 29 de novembro, em que Zelaya está impedido de concorrer.

Diante do atual impasse, a ONU concluiu que Honduras não está em condições de realizá-las. Mas elas são o melhor instrumento para permitir o retorno do país à normalidade.

Folha, matérias enviadas pelo amigo Alvaro Caputo.

CLÓVIS ROSSI

Pede para sair, Zelaya

SÃO PAULO - Se eu fosse do governo brasileiro, chamaria o capitão Nascimento, o personagem desse excelente ator que é Wagner Moura em "Tropa de Elite", para dizer "pede para sair, Zelaya". É a única solução para acabar com o esculacho na missão em Tegucigalpa.Tudo bem condenar o golpe contra Manuel Zelaya em Honduras. Tudo bem também com a concessão pela embaixada brasileira de abrigo, hospedagem ou como se queira chamar, ao presidente vítima de um golpe mal disfarçado em ato constitucional.

Mas é demais deixar que o hóspede vire dono da casa, como está demonstrado nos textos desse brilhante repórter chamado Fabiano Maisonnave. Pior ainda é deixar que Zelaya faça, de território brasileiro, convocações para a resistência, o que não viola apenas as normas que caracterizam o asilo (pode não ser tecnicamente asilo o status de Zelaya, mas equivale a ele e o seu comportamento, por extensão, também tem que ser equivalente).

Viola acima de tudo a obrigação de qualquer líder político decente de proteger os seus. É covarde e indecente convocar manifestações refugiado na embaixada brasileira, sabendo que quem ouvir o chamado corre risco até de vida. Um líder político decente tampouco se cerca de ladrões -de celulares e até de toalhas-, como os que se "hospedaram" na embaixada.

Aliás, gente decente não constrange os anfitriões levando uma penca de "convidados" para a casa que lhe abriu as portas.Zelaya continua sendo o presidente legítimo de Honduras, até porque não consta que a Constituição hondurenha -ou qualquer outra- inclua decência entre as qualidades para ser presidente.Mas fica a cada dia mais claro que não há no drama hondurenho, agora transformado em ópera-bufa, um só personagem que pessoas decentes gostariam de convidar para o aniversário dos filhos.


Um passo atrás

Brasil se intromete mais do que deve em Honduras e toma atitude estranha de negar-se ao diálogo com governo de fato

O ENVOLVIMENTO do Brasil na crise hondurenha foi além do razoável, e provavelmente o Itamaraty já perdeu a capacidade de mediar o impasse. É preciso dar um passo atrás e recuperar a equidistância em relação seja à intransigência de um governo ilegítimo, seja a uma plataforma, dita bolivariana, descompromissada com a democracia.

O Brasil perdeu o mando sobre sua embaixada em Tegucigalpa. A casa está ocupada por cerca de 60 militantes, que acompanham o presidente deposto, Manuel Zelaya. Devido à omissão do governo brasileiro, Zelaya e seu séquito transformaram uma representação diplomática estrangeira numa tribuna e num escritório político privilegiados.
O salvo-conduto para o proselitismo chegou ao ápice no sábado. De dentro da embaixada brasileira, Zelaya conclamou a população do país à revolta. Se o Brasil considera o presidente deposto seu "hóspede", deve impor-lhe a regra fundamental da hospitalidade diplomática: calar-se sobre temas políticos internos. Do contrário, caracteriza-se intromissão de um país estrangeiro em assuntos domésticos hondurenhos.

A propósito, terá o Itamaraty controle sobre todos os cidadãos alojados em sua representação? Sabe, de cada um, a nacionalidade e o motivo de estar ali? O abrigo deveria restringir-se a Zelaya e seus familiares próximos; todos os demais precisam ser retirados da embaixada. Não cabe ao Brasil hospedar a guarda pretoriana do presidente deposto.

Outra posição cada vez mais estranha do Brasil é a recusa absoluta de negociar com o governo interino de Roberto Micheletti. Tal intransigência contraria a tradição diplomática do Itamaraty, não contribui para a dissolução do impasse e cai como uma luva para o objetivo do chavismo -interessado em prolongar a desestabilização política em Honduras.

O presidente Lula negocia com a ditadura cubana e a favor dela interveio na Assembleia Geral da ONU. Em Nova York, afagou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que acabava de reiterar a negação do Holocausto e ser flagrado em nova trapaça nuclear. Logo depois, na Venezuela, Lula se reuniu com golpistas africanos e ditadores homicidas do continente, como Robert Mugabe (Zimbábue) e Muammar Gaddafi (Líbia) -o líder sanguinário do Sudão não pôde comparecer porque poderia ser preso numa conexão aérea.

O regime chefiado por Roberto Micheletti em Honduras ocupa categoria bem mais tênue de ilegitimidade democrática. Violou a Constituição ao expulsar do país um presidente eleito, quando a ordem da Corte Suprema era de prender Zelaya, por afronta a essa mesma Carta. O governo interino, contudo, respeitou a linha sucessória constitucional, assegurou o poder em mãos civis e manteve o calendário das eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro.

O Brasil precisa recobrar a lucidez diplomática -e, com ela, a sua capacidade de mediação. Ajudar a dissolver o impasse é a melhor contribuição que o Itamaraty tem a oferecer no caso de Honduras.