Publicitário perde R$ 18 mil em golpe da cura espiritual
Mãe e filha abordavam pessoas no trânsito da Avenida dos Bandeirantes; mulher da vítima chamou a polícia e dupla acabou presa em flagrante
18 de setembro de 2012 | 3h 06
CAMILLA HADDAD - O Estado de S.Paulo
A bordo de um Chevrolet Cruze zero, duas mulheres que se
passavam por mãe e filha abordavam motoristas no trânsito da Avenida
dos Bandeirantes, zona sul, e prometiam curas espirituais. Elas foram
presas ontem, acusadas de causar um prejuízo de R$ 18 mil a um
publicitário de 34 anos.
Ernesto Rodrigues/AE
Objetos apreendidos com as acusadas
A vítima foi abordada pela dupla há um mês. Em três minutos de
conversa, pela janela, o homem foi convencido a passar por consultas em
uma casa no Campo Belo, zona sul. Como tem um irmão com problemas
psiquiátricos, o publicitário resolveu aceitar a ajuda das falsas
curandeiras. Nas primeiras idas até a residência, na Rua Professor
Henrique Neves Lefèvre, a vítima diz que entregou R$ 300, depois mais R$
4 mil.
Conforme os dias foram passando, elas pediam mais dinheiro. Até que
ele fez um empréstimo bancário de R$ 10 mil. A família do publicitário
começou a desconfiar. Segundo a polícia, a mulher dele procurou ajuda
dos investigadores. No último fim de semana, diversas ligações foram
feitas para o celular da vítima. As duas disseram que daquela vez a cura
seria definitiva para os problemas.
Policiais do 27.º Distrito Policial (Campo Belo) estavam monitorando a
casa - que tinha até segurança na porta. Na sexta-feira, os agentes
conseguiram um mandado de busca e apreensão. Ontem, um esquema foi
montado na porta da residência e a dupla acusada foi presa em flagrante
por curandeirismo, charlatanismo, formação de quadrilha ou bando e
também estelionato. Outras duas pessoas estão sendo procuradas.
Quando foram questionadas pelos policiais, elas disseram que o
publicitário, que também estava lá, não passava de um amigo. Logo em
seguida, teriam caído em contradição. Segundo a vítima, ontem as
mulheres queriam mais R$ 1.500 para a montagem de corpos de cera. No
caso dele, seria necessária a confecção de três corpos, algo que acabou
não sendo feito. Na casa foram apreendidos dentes de animais, ossos,
ervas que simulam sangue, bacias, velas, roupas coloridas e espadas.
O delegado titular do 27.º DP, Genésio Leo Junior, afirmou que as
suspeitas estavam acostumadas a parar pessoas na região. E faziam isso
de forma rápida, uma vez que tinham pouco tempo para, da janela do
carro, convencer a pessoa a se consultar. O delegado disse que outras
vítimas devem aparecer, mas muitas vezes a pessoa desiste de registrar a
ocorrência por vergonha. "Muitas vezes a pessoa está com o vidro
aberto, mostra a vulnerabilidade. Aí, o estelionatário acaba se
aproveitando dessa fragilidade."
Outro caso. De acordo com Leo Junior, em 2005, um
caso semelhante contra as mesmas mulheres foi registrado na delegacia.
"Só que elas atendiam em outra casa", lembra. Na delegacia, as presas
apresentaram documentos como sendo Helena Aristides, de 61 anos, e Nadia
Angélica Vit, de 37. O carro que elas usavam estava pago. O advogado da
dupla não foi localizado pela reportagem. A polícia diz que elas não
têm antecedentes criminais.