Em Portugal
22.9.12
A grande conspiração
do Blog de Joana Lopes, Portugal
Recomendo a leitura da crónica semanal de Miguel Sousa Tavares (sem link), com o título deste post, no primeiro caderno do Expresso de
hoje. Sei que me repito, mas não me importo: já não são apenas os
perigosos esquerdistas que alertam para o projecto ideológico subjacente
aos «ajustamentos» de que estamos a ser objecto e vítimas e que o
caracterizam mais ou menos explicitamente.
Alguns excertos do texto, que me parecem «cristalinos»:
«Há quase um ano que o venho escrevendo aqui: o programa económico deste
Governo não se limita a tentar endireitar as contas públicas à custa de
sacrifícios cuja insensibilidade e ineficácia são de bradar aos céus.
Há também uma agenda escondida, que envolve uma vingança sobre a
história, uma desforra de classe, quase uma alteração dos valores
cívicos em que a Europa se funda. (...)
O objectivo de Passos Coelho e do seu quinteto de terroristas económicos
(Gaspar, Moedas, António Borges, Braga de Macedo e Ferraz da Costa) é
outro bem diferente: eles querem mudar o paradigma económico, mesmo que
para tal tenham de destruir o país, como, aliás, estão a fazer. Fiel aos
ensinamentos dos seus profetas americanos, esta extrema-direita
económica que nos caiu em cima acredita que o Estado deve deixar de
gastar recursos com quem não garante retorno e concentrar-se apenas em
apoiar, ajudar, estimular e dar livre freio aos poucos negócios
escolhidos — que, assim, não poderão deixar de prosperar. (...)
Isto tornou-se claro com a história da TSU. Acreditar que uma medida tão
irracional, fundada em estudos que nem se atrevem a mostrar e
desacreditada por todos, capaz de pôr o país na rua e ameaçar o tão
louvado consenso social e político, terá sido tomada por mera
incompetência e precipitação é tomá-los por estúpidos. O que se
pretendia não era aliviar a tesouraria das empresas ou potenciar as
exportações. O que se pretendia, como ficou evidente na entrevista do PM
à RTP, era garantir uma “vantagem” permanente: a baixa de salários.
Porque esse é um dos objectivos centrais desta cruzada: desvalorizar por
todas as formas, incluindo por via fiscal, o valor do trabalho. O
princípio é simples e, se atentarem bem, tudo segue uma ordem
pré-estabelecida: primeiro, rever a legislação laboral, para tornar os
despedimentos fáceis e baratos; por essa via, criar um batalhão de
desempregados que pressionem o mercado de trabalho, fazendo baixar os
custos salariais; assim, potenciar os lucros de algumas empresas de
mão-de-obra intensiva; e, assim, garantir o sucesso do “ajustamento” da
nossa economia, “so help them God”.
Lembrem-se do Hamlet: "a loucura dos poderosos não pode passar sem vigilância".»