HORTOLÂNDIA
Em fim de mandato, Perugini quer pesquisa
Especialistas criticam postura do chefe do Executivo de Hortolândia
ISABELA PALHARES - HORTOLÂNDIA
Arquivo | TodoDia Imagem
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Perugini quer avaliação de sua administração e pode ser alvo do TCE
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A pouco mais de três meses para o fim do
mandato de Ângelo Perugini (PT), a Prefeitura de Hortolândia vai
contratar uma empresa de pesquisa para avaliar se a população está
satisfeita com a administração. A abertura das propostas será dia 21, às
9h. A contratação prevê a realização de pesquisas quantitativas e
qualitativas para avaliar o desempenho do governo.
Especialista em direito público, o advogado Rander Andrade afirma que
o fato da pesquisa avaliar a administração não traz nenhum interesse
público e que o interesse é basicamente do prefeito e de seu
secretariado. “Essa pesquisa causa no mínimo estranheza, pois não sei
onde está o interesse para a população de Hortolândia. Se a pesquisa
fosse para um levantamento de ações estratégicas, com questões sobre o
que demanda maior atenção, então seria diferente”, explica Andrade.
De acordo com Andrade, a licitação provavelmente irá gerar muita
polêmica entre os candidatos, principalmente entre os que são oposição
ao governo. No entanto, o especialista afirma que dificilmente a
contratação passará sem investigação do TCE-SP (Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo). “Existe o exame prévio, que caso haja indicação da
possibilidade de irregularidade, o TCE é obrigado a investigar a
licitação. Por isso acho pouco provável que ninguém levante esse tipo de
discussão”, afima.
Para o professor de ética política da Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas) Roberto Romano, se do ponto de vista legal é
grande a probabilidade de discussão, eticamente não há dúvidas de que a
atitude seja reprovável.
O professor explica que o dinheiro público não pode ser usado
para que o político promova a si próprio ou qualquer candidato que
apoie. “O prefeito corre sério risco de ser processado pelo Ministério
Público. A verba do município deve ser usada, obviamente, para atender
às demandas da população, e isso é com certeza uma demanda particular”,
afirma.
Romano defende que se o prefeito fez uma boa gestão, naturalmente
será reconhecido pela população e não precisaria encomendar pesquisa
para avaliar sua administração. O especialista também avalia que a
pesquisa pode influenciar as eleições, favorecendo o candidato Antonio
Meira (PT), apoiado pelo chefe do Executivo.
“A verdadeira pesquisa eleitoral é o resultado das urnas, mas o
prefeito está tentando influenciar a população para eleger seu
candidato. É natural que se houve um bom mandato, a população opte pela
continuidade. Se esse fosse caso não seria necessário uma pesquisa”,
avalia Romano.
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da
Prefeitura de Hortolândia por volta das 15h de ontem e foi informada que
eles enviariam uma resposta com mais informações sobre a pesquisa.
Até o fechamento desta edição, a assessoria não havia retornado a solicitação.