Novos deputados chegam à Câmara sob suspeita
Além de Genoino, condenado pelo
Supremo, outros parlamentares que assumem também são alvos de denúncias.
Um responde por homicídios e dois são acusados de trabalho escravo
A
renúncia dos parlamentares que se elegeram prefeitos traz de volta à
Câmara pelo menos cinco políticos que estiveram envolvidos em denúncias
recentemente. Além de José Genoino (PT-SP), condenado no processo do mensalão
pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), outros quatro
personagens retornam à Casa, pela qual já passaram como titulares ou
suplentes, respondendo a acusações. Um deles é acusado de dois
homicídios e de participar de um esquema que desviou R$ 200 milhões dos
cofres públicos em Alagoas; dois são acusados de explorar trabalho escravo. Outro teve seu nome envolvido em denúncias que derrubaram o então ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), em dezembro de 2011.
Apesar do recesso parlamentar, a Câmara deve empossar 14 deputados na
tarde desta quinta-feira (3). Ao todo, 26 deputados saíram vitoriosos
nas eleições municipais de outubro e trocaram o Legislativo federal pelo
Executivo municipal. Outros 12 já assumiram. A expectativa, porém, é
que novos suplentes sejam empossados. Isso por causa de afastamentos
provocados pelos titulares que terão cargos nos municípios. Após ser
notificado pela Casa, o suplente tem até 30 dias para entregar a
documentação necessária. Se isso não ocorrer, assume o próximo da lista
da Justiça Eleitoral.
Condenado a seis anos e 11 meses de prisão pelo Supremo, em regime
semiaberto, José Genoino volta à Câmara três anos após deixar a Casa e
não conseguir se reeleger. O ex-presidente nacional do PT foi condenado
pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa no processo do
mensalão. Ele volta à Câmara numa dança das cadeiras promovida pela
efetivação do deputado Vanderlei Siraque (PT-SP), efetivado com a
renúncia de Carlinhos Almeida (PT-SP), novo prefeito de São José dos
Campos. Como Siraque, que vinha ocupando a suplência do ministro dos
Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), herda a vaga de Carlinhos, o caminho
fica aberto para a posse de Genoino como suplente da coligação.
Em uma decisão controversa, os ministros do Supremo decidiram pela
perda do mandato dos parlamentares condenados no processo do mensalão. O
ex-presidente do PT se junta, então, ao grupo formado por Valdemar
Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT), que
esperam manter o mandato e se livrar das penas quando seus recursos
assim que apresentarem seus recursos.
Cassação no mensalão deve atingir outros deputados
Eleições municipais farão PT crescer na Câmara
Assassinatos
Eleições municipais farão PT crescer na Câmara
Assassinatos
Delegado da Polícia Civil de Alagoas, Francisco Tenório (PMN-AL)
retorna à Câmara para assumir em definitivo o mandato de deputado no
lugar de Célia Rocha (PTB), nova prefeita de Arapiraca (AL). Tenório
responde a duas acusações de assassinatos na Justiça. Em um dos
processos, é acusado de ter feito um “consórcio” com outros deputados
estaduais para encomendar a morte de um cabo da Polícia Militar em 1996.
Em 2005, passou a responder pelo homicídio de um motorista.
Tenório foi preso em 2 de fevereiro de 2011, um dia após concluir seu
mandato na Câmara e perder a imunidade parlamentar. Deixou a prisão um
ano depois, em fevereiro de 2012, e permaneceu utilizando uma
tornozeleira eletrônica, que permitia à Justiça seguir todos os seus
passos, até setembro, quando o Tribunal de Justiça acolheu seu pedido
para se livrar do aparelho. Nesse intervalo, ele tentou sem sucesso
voltar a exercer a função de delegado.
No último dia 13 de dezembro, o agora novamente deputado ganhou novo
problema. Desta vez, relacionado à sua passagem pela Assembleia
Legislativa de Alagoas. A Justiça Federal no estado aceitou denúncia
contra ele pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e formação de
quadrilha. As condutas foram investigadas durante a Operação Taturana,
que apontou o desvio de mais de R$ 200 milhões da Assembleia. De acordo
com a acusação, deputados estaduais faziam empréstimos pessoais que,
mais tarde, eram pagos pela própria Assembleia. Os valores variavam de
R$ 150 mil a R$ 300 mil, por deputado estadual.
Trabalho escravo I
Empossado ontem, primeiro dia útil após a virada do ano, o deputado
Camilo Cola (PMDB-ES), fundador do Grupo Itapemirim, viu o nome de uma
de suas propriedades incluído na mais nova versão da chamada lista suja
do trabalho escravo, atualizada na semana passada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego e pela Secretaria de Direitos Humanos. Camilo, que
foi deputado na legislatura passada, volta à Câmara na vaga de Audifax
(PDT-ES), novo prefeito de Serra.
Os fiscais encontraram, em 2011, 22 empregados em situações
degradantes na Fazenda Pindobas IV, entre os municípios de Brejetuba e
Muniz Freire, no sul do Espírito Santo. Os trabalhadores faziam o corte e
o tombamento de pinus na propriedade da família do parlamentar. Segundo
a denúncia, os trabalhadores foram contratados de forma irregular, os
alojamentos eram precários e os salários chegavam a ficar 45 dias
atrasados.
Trabalho escravo II
Quem também enfrenta denúncia por trabalho escravo é Urzeni Rocha (PSDB-RR). Deputado na legislatura passada, ele ficou na suplência e será efetivado agora com a saída de Teresa Surita (PMDB-RR), prefeita de Boa Vista. Desde o ano passado, Urzeni responde a processo na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista, em Roraima, sob a acusação de ter submetido 26 trabalhadores em condições análogas à de escravo, entre setembro de 2009 e outubro de 2010, quando ainda era deputado federal.
Quem também enfrenta denúncia por trabalho escravo é Urzeni Rocha (PSDB-RR). Deputado na legislatura passada, ele ficou na suplência e será efetivado agora com a saída de Teresa Surita (PMDB-RR), prefeita de Boa Vista. Desde o ano passado, Urzeni responde a processo na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista, em Roraima, sob a acusação de ter submetido 26 trabalhadores em condições análogas à de escravo, entre setembro de 2009 e outubro de 2010, quando ainda era deputado federal.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, os
trabalhadores estavam sujeitos a condições degradantes de trabalho e
viviam sem locomoção num local de difícil acesso, entre os municípios de
Cantá e Iracema. Os trabalhadores atuavam em atividades da pecuária de
corte, como roço de pasto, construção de cercas e currais.
As vítimas contaram que, para chegar até Iracema, a cidade mais
próxima, tinham de caminhar de quatro a oito horas ela mata fechada e
atravessar o Rio Branco. Segundo elas, os gêneros alimentícios, os
instrumentos de trabalho e os equipamentos de proteção individual eram
descontados posteriormente de seus salários. Eles afirmaram, ainda, que
eram obrigados a utilizar água com lodo de um córrego para tomar banho,
beber, cozinhar e fazer suas necessidades fisiológicas.
Efetivado desde ontem (2) no mandato, após duas passagens pela Casa
como suplente no ano passado, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) teve
seu nome em evidência na série de denúncias que resultou na demissão do
também pedetista Carlos Lupi do Ministério do Trabalho. O suplente foi
efetivado deputado com a posse de Edivaldo Holanda Júnior (PTC) como
novo prefeito de São Luís.
Ex-assessor especial de Lupi, Weverton é acusado pelo Ministério
Público Federal no Maranhão de ter utilizado de maneira irregular R$ 6
milhões repassados pelo Programa Nacional de Inclusão de Jovens
(ProJovem Urbano) quando era secretário estadual de Esporte e Juventude
do Maranhão. A Justiça ainda não se posicionou sobre a denúncia, feita
em novembro pelo Ministério Público.
Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em novembro de
2011 revelou que o Ministério do Trabalho repassou R$ 4 milhões a uma
organização não-governamental mantida pela mãe do deputado para
capacitação profissional de jovens. A Controladoria-Geral da União (CGU)
apontou, na época, várias irregularidades na execução do convênio. Ele
também foi personagem da crise aberta com uma viagem de Lupi ao
Maranhão em dezembro de 2009, em avião alugado por um empresário que
recebia recursos do ministério para sua ONG. O então ministro
responsabilizou Weverton e o diretório do PDT no Maranhão pelo aluguel
da aeronave. Ainda em reportagem da revista Veja, ele foi acusado de participar de um esquema de cobrança de propina no ministério.
Lupi é acusado de usar avião de presidente de ONGO Congresso em Foco não conseguiu localizar os novos deputados. O espaço está aberto para que eles prestem os esclarecimentos que julgarem necessários.
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