sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Zero Hora de Porto Alegre, entrevista Benvindo e Romano sobre a posse de Genoino.

 


OPINIÕES DE ESPECIALISTAS

“Do ponto de vista legal, não há nada de errado”

Juliano Zaiden Benvindo - Professor de Direito Público da UnB

Doutor em Direito Público, o constitucionalista Juliano Zaiden Benvindo, da Universidade de Brasília (UnB), evita entrar na discussão ética envolvendo o caso de Genoino. Segundo ele, tecnicamente, o ex-presidente do PT ainda não está condenado.

Zero Hora – Como o senhor avalia o retorno de Genoino ao Congresso?

Juliano Zaiden Benvindo – As pessoas vão dizer que é um absurdo, mas do ponto de vista jurídico, legal, não há nada de errado. Formalmente, Genoino ainda não está condenado. Existe a possibilidade de recurso e, na minha opinião, o Supremo errou ao cassar os mandatos.

ZH – O fato de um condenado assumir o mandato não é antiético ou, no mínimo, constrangedor?

Benvindo – Nos Estados Unidos, já houve o caso de deputados condenados que participavam das sessões com tornozeleiras eletrônicas. Uma coisa é ser condenado criminalmente. Outra coisa é assumir um mandato para o qual se foi eleito pelo voto popular. O pessoal vai espernear, mas a Constituição garante esse direito a ele. Podem não gostar de Genoino, mas ele foi eleito.

“A decisão é plenamente arbitrária e antiética”

Roberto Romano - Professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp
Doutor em Filosofia e livre-docente na Unicamp, o professor Roberto Romano considera um equívoco separar a lei e a ética. Para ele, o retorno de Genoino ao Congresso é legal, mas arbitrário e desastroso para o próprio deputado, para o PT e para o parlamento.

Zero Hora – Como o senhor avalia o retorno de Genoino ao Congresso?

Roberto Romano – O retorno dele é desastroso. Genoino tem uma história que merece respeito, mas cometeu erros graves. Ele está se expondo, expondo o seu partido e o parlamento, que já está mal avaliado pela população.

ZH – O fato de um condenado assumir o mandato não é antiético ou, no mínimo, constrangedor?

Romano – A decisão dele sem dúvida é legal, mas plenamente arbitrária e antiética. No regime militar, os atos institucionais também eram legais, mas quem agia de acordo com eles, torturando e matando, não estava agindo de forma ética. Em resumo, não se pode supervalorizar a lei. Quem fez isso foi o regime nazista, e o resultado foi um desastre. A lei não pode ser entendida separadamente da ética.