terça-feira, 30 de abril de 2013
Jornal da Unicamp, eis a beleza do ensino "universitário"privado...é a tal status que muitos democratas de meia tigela querem reduzir as universidades públicas.
Campinas, 28 de abril de 2013 a 04 de maio de 2013 – ANO 2013 – Nº 559
Doenças e falta de privacidade rondam
Pesquisa desenvolvida para fundamentar tese
demonstra que 88% dos docentes estão estressados
Pesquisa feita junto a professores que atuam no ensino superior privado de Campinas revela que 88% deles estão estressados; 76% têm a vida privada invadida pelo trabalho, que retira o tempo de convívio com a família, os amigos e o lazer; 52% temem perder o emprego e, para evitar o desemprego, muitos trabalham em mais de uma escola; e 52% manifestam doenças físicas e psicológicas. A pesquisa também mostra que, ainda assim, 68% dos docentes não mudariam de profissão.
Doenças e falta de privacidade rondam
professores do ensino superior privado
Pesquisa desenvolvida para fundamentar tesedemonstra que 88% dos docentes estão estressados
- Texto:
- Fotos:
- Edição de Imagens:
Pesquisa feita junto a professores que atuam no ensino superior privado de Campinas revela que 88% deles estão estressados; 76% têm a vida privada invadida pelo trabalho, que retira o tempo de convívio com a família, os amigos e o lazer; 52% temem perder o emprego e, para evitar o desemprego, muitos trabalham em mais de uma escola; e 52% manifestam doenças físicas e psicológicas. A pesquisa também mostra que, ainda assim, 68% dos docentes não mudariam de profissão.
Os
dados são apresentados por Liliana Aparecida de Lima na tese de
doutorado “Os impactos das condições de trabalho sobre a subjetividade
do professor de ensino superior privado de Campinas”, defendida junto à
Faculdade de Educação (FE), sob a orientação da professora Elisabete
Monteiro de Aguiar Pereira. “Sou professora de psicologia da PUC de
Campinas há 25 anos, mas a motivação para a pesquisa veio da minha
trajetória sindical, como diretora do Sindicato dos Professores de
Campinas e Região”, esclarece a autora.
Liliana
Lima abre a tese contextualizando a forte expansão do ensino superior
privado a partir da política neoliberal adotada na década de 1990, com
base na desregulamentação, financeirização e desnacionalização. “A
educação está sendo negociada na bolsa de valores, aberta ao capital
estrangeiro. Fusões entre instituições educacionais constroem grandes
conglomerados, o que reforça o crescimento de uma concepção
mercadológica do ensino privado no país. Por isso, a luta do movimento
sindical dos professores contra essa mercantilização. Queremos a
regulamentação, o fim dessa trajetória de desnacionalização, que
representa um tiro no pé.”
Segundo a
autora da tese, este cenário de mercantilização do ensino se manifesta
na precariedade das condições de trabalho dos professores. “Se o
empresário vê o ensino como mercadoria e o aluno como cliente, como vai
tratar o professor da instituição de que é proprietário? A precariedade
está na contratação de professores sem concurso e nos salários baixos
mesmo com titulação. Se o professor se torna mestre ou doutor, também se
torna mais caro e é substituído por um horista – há um número mínimo de
pós-graduados apenas para atender às exigências do MEC. A rotatividade é
enorme.”
Liliana diz ter
identificado vários colegas de profissão constantemente tristes,
angustiados, desmotivados, menos criativos nas aulas e que repensam suas
perspectivas profissionais. “Como psicóloga, optei por focar a questão
das subjetividades através da concepção sócio-histórica. Esses autores
marxistas afirmam que a subjetividade não é uma oposição à objetividade,
e sim que ambas se constituem. Portanto, devemos olhar as condições
objetivas de trabalho do professor, como essas condições impactam nos
objetivos do professor e de que forma o professor devolve as
repercussões para os objetivos.”
Um
aspecto que a pesquisadora considera importante foi a indisponibilidade
dos professores para entrevistas presenciais, devido à sobrecarga de
trabalho ou mesmo por desconfiança. “É um dado da tese que talvez mereça
ser investigado mais profundamente, o que não pude fazer. A solução foi
enviar um questionário com perguntas objetivas e também discursivas,
para que pudessem se manifestar livremente sobre suas vidas como
trabalhadores da educação. Enviei 100 convites e pude trabalhar com 29
professores, número muito bom para uma pesquisa qualitativa.” Embora não
tivesse a pretensão de que a sua pesquisa fosse conclusiva, Liliana
Lima ressalta que ela traz informações bem relevantes em relação a este
grupo de professores da rede privada de ensino superior, como as
referentes ao adoecimento. “Mais da metade manifestam problemas de voz,
vasculares e respiratórios, assim como depressão, síndrome de pânico,
insônia e uma arritmia cardíaca que não se confirma quando investigada.
São manifestações que eles identificam com ligadas ao trabalho, ao passo
que os trabalhadores em geral não conseguem estabelecer esta relação.”
Sobre os 68% dos entrevistados que não mudariam de profissão, a autora
da tese considera que existe neles uma forte convicção de que a função
de educador é bonita e valorosa. “São professores que acreditam
contribuir para criar novas relações entre as pessoas e transformar o
mundo. Ao mesmo tempo em que estão estressados, doentes e medrosos, não
desistiriam da profissão, o que significa que talvez não estejam tão
desiludidos assim.”
Liliana
observa, entretanto, que a maioria dos entrevistados possui apenas uma
década de carreira. “Se em dez anos temos tais percentuais, o que pode
acontecer até a aposentadoria? Alguém pode perguntar o que a tese traz
de novo, haja vista que todo professor pode dizer informalmente que está
estressado. O ineditismo está no fato de que esses professores do
ensino superior privado nunca foram pesquisados, nem esse grupo de
instituições em que atuam. Os dados podem ter muita serventia para o
movimento sindical, dentro do debate mais amplo que ocorre no país sobre
quem é o trabalhador de hoje.”
O grande embate
Questionada
sobre como mudar este cenário do ensino superior privado, Liliana Lima
lembra que está tramitando no Senado o Plano Nacional de Educação (PNE),
que já foi aprovado na Câmara. “O Plano contempla vinte metas a serem
cumpridas no horizonte de dez anos, entre as quais a de incluir o ensino
superior privado dentro do Sistema Nacional de Educação, ou seja, a sua
regulamentação também pelo Estado, a fim de que o governo se
responsabilize por essa expansão sem limites.”
Segundo
a pesquisadora, se os empresários do ensino fazem lobbies no Congresso,
a Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee)
também tem presença marcante junto a deputados e senadores,
esclarecendo-os sobre a pauta de reivindicações dos professores. “É um
grande embate. A tendência é pela aprovação, mas é preciso pressão para
que não empurrem a votação adiante. Coloco os resultados da tese dentro
de um guarda-chuva maior, olhando para esses docentes a partir de um
novo projeto de desenvolvimento para o país, com valorização do trabalho
e distribuição de renda mais justa. Todos dizem que a educação é
fundamental, mas o Brasil carece de ações que mostrem tal protagonismo.”
Expansão de matrículas foi de 74,2% em uma década
Os
dados do Censo da Educação Superior de 2009, divulgado no dia 13 de
janeiro de 2010 pelo Ministério da Educação (MEC), registrou que o
Brasil possui 2.314 Instituições de Ensino Superior (IES), sendo que
89,4% são privadas e 10,6% públicas. Há um total de 307.815 professores
no ensino superior do país, sendo 36% mestres e 27% doutores. Nas
instituições públicas, 75% dos professores são mestres e doutores e nas
privadas esta proporção é de 55%. Segundo os dados do mesmo relatório do
Ministério, o professor da instituição privada é em geral jovem, com
média de 34 anos, com mestrado e recebendo por hora/aula. Já o docente
da instituição pública tem em média 44 anos, é doutor e o regime de
trabalho de período integral. O Censo de novembro de 2011 indica que
considerando a última década (2001-2010), a expansão de matrículas no
ensino superior foi de 110%, sendo de 74,2% nas IES Privadas e de 25,8%
nas IES Públicas, como mostra a tabela abaixo:
Publicação
Tese: “Os impactos das condições de trabalho sobre a subjetividade do professor de ensino superior privado de Campinas”
Autora: Liliana Aparecida de Lima
Orientadora: Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira
Unidade: Faculdade de Educação (FE)
Autora: Liliana Aparecida de Lima
Orientadora: Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira
Unidade: Faculdade de Educação (FE)
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Rádio Jovem Pan, 29/04/2013, 7:00 AM.
Professor diz que epicentro da crise entre Legislativo e Judiciário está no Executivo
29/04/13 - 09h37
Publicado Por: Mariana Riscala
Publicado Por: Mariana Riscala
Divulgação
O professor de Ética da Unicamp e integrante do Linha de Frente da Jovem Pan, Roberto Romano da Silva, falou sobre o desentendimento dos poderes Legislativo e Judiciário, entre Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
Para ele, a mudança tem que começar no Palácio do Planalto. “O Brasil é
um país em que o Executivo é hipertrofiado, com um ministério imenso, um
controle do Congresso por MPs e emendas parlamentares, e tudo se faz em
favor do Executivo. Essa briga é porque Gilmar Mendes deu uma liminar
definindo restrições para um projeto que favorecia a reeleição de Dilma
Rousseff. Temos no Palácio do Planalto o epicentro da crise, explicou.
Clique no áudio e confira a entrevista completa com Roberto Romano da Silva.
Roberto Romano
Professor diz que epicentro da crise entre Legislativo e Judiciário está no Executivo
Ilustração capitirada do Blog de Marta Bellini.The New York Times, Grécia das crianças famintas, um tributo aos capital financeiro, à desregulamentação do mercado, a finada (que a terra a tenha) Margareth Tatcher, e a todos os assassinos de terno e gravata que almoçam e jantam no Bull and Bear, com a consciência absolutamente leve.
29/04/2013 - 03h40
Crise faz com que crianças passem fome na Grécia
Publicidade
LIZ ALDERMAN
DO "NEW YORK TIMES"
DO "NEW YORK TIMES"
ATENAS - Como diretor de uma escola primária, Leonidas Nikas está vendo o
que ele pensava que fosse impossível acontecer na Grécia: crianças
procurando comida nas latas de lixo, jovens necessitados pedindo sobras
de comida aos colegas e um menino de 11 anos, Pantelis Petrakis, com o
corpo crispado pela fome.
"Ele não tinha comido quase nada em casa", disse Nikas, sentado em seu
escritório perto do porto de Pireus, um subúrbio da classe trabalhadora
em Atenas. Ele consultou os pais de Pantelis, que disseram que não
conseguem trabalho há meses.
Sua poupança acabou e eles estão vivendo de macarrão com ketchup. "Nem
em meus sonhos mais loucos eu esperava ver a situação em que estamos",
disse Nikas. "Chegamos a um ponto em que as crianças da Grécia vêm para a
escola famintas. Hoje as famílias têm dificuldade não apenas para
encontrar emprego, mas para sobreviver."
A economia grega encolheu 20% nos últimos cinco anos. O índice de
desemprego supera 27%, o mais alto da Europa, e seis em cada dez pessoas
que buscam emprego dizem que não trabalham há mais de um ano. Essas
estatísticas estão reformulando a vida das famílias gregas. As crianças
chegam em número cada vez maior às escolas famintas, subalimentadas ou
até desnutridas, segundo grupos privados e o governo.
The New York Times | ||||
A geladeira quase vazia de Michalis Petrakis; a fome na Grécia está aumentando |
Estima-se que 10% dos estudantes gregos da escola básica e média, no ano
passado, tenham sofrido o que os profissionais de saúde pública chamam
de "insegurança alimentar", o que significa que eles enfrentaram a fome
ou o risco dela, segundo a doutora Athena Linos, da Prolepsis, um grupo
não governamental de saúde pública.
"Quando se trata de insegurança alimentar, a Grécia hoje caiu ao nível
de alguns países africanos", disse. Os estudantes gregos trazem sua
própria comida ou compram produtos em uma cantina. O custo se tornou
impraticável para alguns. "Ao meu redor eu ouço crianças dizendo: 'Meus
pais não têm dinheiro. Não sabemos o que vamos fazer'", disse Evangelia
Karakaxa, 15, aluna do colégio Número 9 em Acharnes.
Acharnes fervia com atividades ligadas às importações até que a crise
econômica eliminou milhares de empregos no setor. "Nossos sonhos foram
esmagados", acrescentou Evangelia.
"Eles dizem que quando você se afoga sua vida passa em um 'flash' diante
de seus olhos. Minha sensação é de que na Grécia estamos nos afogando
em terra seca."
Alexandra Perri, que trabalha na escola, disse que pelo menos 60 dos 280
alunos sofrem de desnutrição. "Há um ano, não era assim", disse. "O que
é assustador é a velocidade com que isso está acontecendo."
O governo reconheceu que precisa enfrentar a questão da desnutrição nas
escolas. Nikas disse que sabe que o governo está trabalhando para
consertar a economia. Agora que acabou a conversa sobre a Grécia sair da
zona do euro, as coisas parecem melhores, ao menos para o mundo
exterior.
"Mas diga isso à família de Pantelis", disse Nikas. "Ela não sente melhoras em sua vida."
Themelina Petrakis, a mãe de Pantelis, abriu sua geladeira. Lá dentro
havia ketchup e outros condimentos, um pouco de macarrão e sobras de uma
refeição que ela ganhou da prefeitura.
Seu marido, Michalis, 41, foi demitido em dezembro. Ela disse que a
companhia em que ele trabalhava não pagou seu salário durante cinco
meses antes da demissão e que, em fevereiro, eles ficaram sem dinheiro.
Quando a fome chega, Petrakis tem uma solução.
"É simples", disse ela. "Você sente fome, fica tonto e dorme."
Um relatório da Unicef de 2012 mostrou que, entre as famílias gregas
mais pobres com crianças, mais de 26% tinham uma "dieta economicamente
fraca".
No ano passado, a Prolepsis começou a fornecer sanduíches, frutas e
leite em 34 escolas públicas onde mais da metade das 6.400 famílias
participantes diziam sentir "fome média a grave". Financiada por uma
verba de US$ 8 milhões da Fundação Stavros Niarchos, uma organização
filantrópica internacional, o programa foi expandido neste ano para
atender 20 mil crianças.
Konstantinos Arvanitopoulos, o ministro da Educação da Grécia, disse que
o governo conseguiu financiamento da União Europeia para fornecer
frutas e leite nas escolas e cupons para pão e queijo. Também está
trabalhando com a Igreja Ortodoxa Grega para fornecer milhares de
pacotes de ajuda.
Mas Nikas está revoltado com o que ele considera uma ampla negligência da Europa pelos problemas da Grécia.
Ele disse: "A menos que a União Europeia aja como essa escola, onde as
famílias ajudam outras famílias porque somos uma grande família,
estaremos acabados".
Colaborou Dimitris Bounias
domingo, 28 de abril de 2013
sábado, 27 de abril de 2013
Marta Belllini. Curitiba, são Paulo, Rio, Salvador, Brasilia, etc. Dá para entender a opção preferencial de boa parte da midia pelos governos, sejam eles petistas, tucanos, ou qualquer outra coisa?
Como os professores morrem no estado do Paraná...
Do RIGON, na Má-ringa
Os gastos milionários de
Richa com publicidade
O dinheiro do seu imposto Beto Richa não perdoa –
gasta com a mídia. O oceano de dinheiro público destinado à propaganda e
publicidade é hoje um dos pilares que sustentam o governo tucano no Paraná.
Órgãos ligados ao governo do estado gastaram R$ 87.096.652,70 em publicidade
institucional entre julho e dezembro do ano passado, mais R$ 5.166.147,67 de
publicidade legal. A maior parte do dinheiro para propaganda institucional saiu
da Secretaria de Estado de Comunicação Social (R$ 44.371.006,79), Sanepar (R$ 13.851.063,69),
Detran (R$ 11.999.077,79), Copel (R$ 5.614.697,76), Fomento Paraná (R$
3.124.749,35), Secretaria de Segurança Pública (R$ 2.426.887,46) e Compagás (R$
2.067.848,56).
Das universidades estaduais, a UEM foi a que menos gastou com publicidade: R$
4.390,00. A Unioeste liderou, com R$ 165.000,00. Os detalhes foram publicados
no último Diário Oficial do Paraná, com data do dia 19, disponibilizado hoje.
Marta Bellini. Um dos pontos para resistir à reforma em pauta, seria a também reforma ética dos reitores das federais. Eles poderiam não assinar, em 2014, obscenos manifestos em favor da candidatura da presidente em exercício. Um fato que envergonha os campi e gera atos como o que se relata no post.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
FAPESP
Mudança polêmica
Lei que altera carreira de docentes das universidades federais preocupa comunidade científica
BRUNO DE PIERRO | Edição 205 - Março de 2013
Um conjunto de mudanças na carreira dos professores das universidades
federais, que passam a valer no início deste mês, provocou reações
ásperas na comunidade científica e em parte das entidades
representativas dos docentes. O alvo das críticas é a lei nº
12.772/2012, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 28 de
dezembro, resultado de um acordo entre o governo federal e a Federação
de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior
(Proifes-Federação) celebrado após a greve que paralisou as
universidades federais no ano passado. Embora tenha motivações ligadas
aos salários dos docentes – que terão reajuste médio de 16% em 2013 –, a
nova lei modifica pontos estruturais da carreira que vigoravam desde
abril de 1987. “A lei deveria ser rasgada, pois o conceito de
universidade foi ferido”, afirma Helena Nader, professora da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que em fevereiro alertou a
presidente Dilma da insatisfação da comunidade científica durante uma
reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.
Os críticos argumentam que a lei pode desestimular a pesquisa
universitária nas federais e inviabilizar a atração de grandes talentos
para a carreira acadêmica. Isso porque o ingresso na universidade
federal só poderá ocorrer no primeiro nível da classe de professor
auxiliar, independentemente da titulação do docente, e a progressão
entre um nível e outro da carreira passa a exigir o intervalo de 24
meses. Segundo a nova lei, a universidade federal passa a ter dois tipos
de professor titular. Um é o titular de carreira, que, além de ter
doutorado, precisa galgar os degraus da vida acadêmica. Outro é o
titular-livre, talhado para quem já tem pelo menos 20 anos de doutorado e
quer ingressar numa federal.
Para ilustrar o problema, a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Debora Foguel, conta um
caso emblemático, que, segundo ela teme, pode se tornar recorrente.
Recentemente, a UFRJ recebeu a visita de Cedric Villani, um jovem
matemático francês que conquistou em 2010 a cobiçada Medalha Fields,
concedida pela União Internacional de Matemática. Villani obteve o
título de doutor em 1998. Se fosse convidado a ingressar na UFRJ, teria
de entrar como auxiliar 1. Como não tem 20 anos de doutorado, também
estaria desabilitado para ser professor titular-livre. “Isso será um
problema, já que estamos trazendo vários pesquisadores brilhantes dentro
do programa Ciência sem Fronteiras. A esses, teremos que oferecer vagas
de professor auxiliar. Na hipótese de querer trazer o Cedric Villani,
eu não teria coragem sequer de fazer tal convite”, declara Debora. Para
Helena Nader, o tempo de doutorado não tem vínculo direto com a
competência. “Você pode ter alguém com cinco anos de doutorado, mas que
já tem condições de ser professor titular”, explica.
A lei também veta a abertura de concursos específicos para as classes de
auxiliar, assistente e adjunto. Mesmo que o aprovado tenha título de
doutor, o ingresso será na categoria de auxiliar e, passados três anos
do período probatório, ele segue para o nível de adjunto. A promoção,
contudo, pode ser acelerada de acordo com a titulação do professor –
mestrado ou doutorado. O presidente da Proifes-Federação, Eduardo Rolim,
explica que a razão disso se baseia em acórdãos do Tribunal de Contas
da União, que impedem o ingresso de servidores no meio da carreira.
“Isso aconteceu até agora porque nossa carreira é de 1987, anterior à
Constituição de 1988”, acrescenta.
A insatisfação das sociedades científicas cresceu em agosto, quando o
Palácio do Planalto apresentou o projeto que deu origem à lei. O texto
causou polêmica também entre as entidades sindicais. Na ocasião, após
reunião entre representantes dos ministérios do Planejamento e da
Educação e de três entidades ligadas aos professores, duas delas – o
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(Andes-SN) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação
Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) – não assinaram o acordo,
entre outros motivos por considerarem que o projeto desestruturava a
carreira de docente. Em novembro, enquanto o projeto tramitava na
Câmara, a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram um
manifesto no qual afirmavam que alguns aspectos da proposta poderiam
trazer “graves dificuldades, problemas e, por que não dizer, retrocesso
para as universidades federais brasileiras, principalmente no que tange à
qualidade da pesquisa”.
O novo texto estabelece que os concursos devem exigir pelo menos diploma
de graduação, mas não deixa claro se as instituições poderão continuar a
restringir o edital apenas para candidatos que possuam o título de
doutor, como a maioria faz hoje. “Os professores que ingressam nas
universidades federais sem título de doutor muito dificilmente
conquistam tal título ao longo da carreira”, afirma Debora Foguel. As
universidades pretendem seguir exigindo em seus concursos que os
candidatos tenham título de doutor. “Mas confesso que estou temerosa que
essa estratégia seja objeto de contestação na Justiça por parte de
candidatos”, avalia a professora da UFRJ, instituição na qual apenas 20%
dos docentes não são doutores.
As alterações na legislação forçaram algumas universidades a cancelar,
às pressas, concursos que estavam em andamento. De acordo com Helena
Nader, um desses concursos teria como candidato um experiente professor
que concorreria ao cargo de titular na Unifesp. Ao saber do cancelamento
do edital e das novas condições para ingressar na universidade, ele
preferiu desistir da vaga. “A universidade deve gerar conhecimento novo,
não apenas transmitir conceitos”, avalia a presidente da SBPC. Para a
professora do Departamento de Ciência Política da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Elizabeth Balbachevsky, as
universidades federais podem perder a oportunidade de trazer de volta
brasileiros que realizam pesquisa em países que no momento sofrem com a
crise econômica. “Você acha que um professor que esteja na Universidade
Stanford, na Califórnia, voltará para cá para ser professor auxiliar?”,
indaga Balbachevsky.
A ex-secretária Nacional de Educação Superior e professora do curso de
direito da Universidade de São Paulo (USP) Maria Paula Dallari Bucci
acompanhou o início das discussões sobre alguns conceitos presentes na
lei, quando, ainda no MEC, conduziu um esforço conjunto com a Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes) para a implementação da autonomia das universidades federais. A
lei nº 12.772, segundo ela, deve ser lida com atenção, levando em conta
artigos inovadores que estão sendo negligenciados nas discussões. No
artigo 21º, por exemplo, que especifica o que é permitido durante o
regime de dedicação exclusiva, há uma passagem que, segundo Maria Paula,
beneficia diretamente a pesquisa nas universidades federais: a
retribuição, em caráter eventual, por trabalho prestado no âmbito de
projetos institucionais de pesquisa e extensão. Outro ponto lembrado
pela professora é a regulamentação do estágio probatório. “O professor
que fez o concurso não tem a permanência garantida. Ele passa por uma
avaliação de desempenho e isso evita a acomodação de professores. É uma
das poucas leis no Brasil que tratam disso”, afirma. O artigo 26º também
é considerado importante por ela — junto com o mecanismo de reposição
automática de docentes aposentados, falecidos ou desligados, criado em
2007 —, pois institui uma comissão para formulação e acompanhamento da
execução da política de pessoal docente. “A lei permite a gestão do
quadro de professores pela universidade, de acordo com o projeto dela.
Cada universidade tem seu projeto, seus desafios e dificuldades”,
conclui Maria Paula.
O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Luiz Henrique Schuch, contesta a afirmação da ex-secretária do MEC de que a lei amplia a autonomia universitária. “A nova lei delega ao ministério o estabelecimento de diretrizes que ainda não foram definidas.” Isto configura, na visão de Schuch, uma afronta à autonomia, uma vez que o desenvolvimento na carreira deveria ser definido no âmbito institucional.
Outra novidade é que acaba a limitação de 10% de professores titulares
nos quadros das universidades. Qualquer docente, na categoria professor
associado 4, com título de doutor, poderá pleitear a promoção para
titular, independentemente da existência da vaga. “Sem essa limitação,
será mais fácil atrair professores qualificados que vêm de fora e
desenvolver a pós-graduação em universidades mais jovens”, diz Rolim.
Elizabeth Balbachevsky, contudo, observa no caso brasileiro um movimento
contrário à tendência mundial de permitir que a universidade desenvolva
seu próprio plano de carreira. A professora participou de um estudo
internacional que avaliou, entre 2005 e 2007, o impacto da globalização
na profissão acadêmica em 19 países de todos os continentes. O estudo
mostra que, tradicionalmente, a organização da profissão nas
universidades oscila entre dois grandes tipos ideais: o mercado
acadêmico, da experiência norte-americana, e o modelo estatal. O
primeiro se caracteriza por uma alta mobilidade, em que a instituição
negocia condições específicas de contratos, quando está interessada em
atrair um determinado profissional. Essa situação tende a criar uma
intensa mobilidade de profissionais em todos os níveis de carreira,
pois, conforme o professor amadurece, ele tem maior capacidade para
negociar condições específicas com as instituições que se interessam por
ele.
Esse é o segredo do dinamismo do sistema universitário dos Estados
Unidos, diz a professora, pois é relativamente fácil para uma
instituição criar competência em áreas emergentes de pesquisa,
contratando alguns pesquisadores com nome e experiência na área e que
lideram a formação de novos laboratórios e grupos de pesquisa. “Um
professor recém-formado não terá condições para atrair recursos para
projetos mais ambiciosos e liderança para propor uma agenda de pesquisa
relevante”, pontua.
No segundo modelo, o acadêmico é contratado como servidor público, e daí
decorre sua estabilidade, o que tende a contribuir para a fixação do
pesquisador numa instituição muito cedo. Esse modelo era muito comum em
países europeus. Ainda assim, em diferentes países a estrutura de acesso
a diferentes pontos da carreira, especialmente na posição de professor
titular, tendia a promover a mobilidade dos professores, especialmente
os mais ambiciosos, interessados em subir na carreira. Nas últimas
décadas, essa concepção de plano de carreira perdeu força na Europa,
onde, desde o final dos anos 1980, já se identificava uma capacidade de
resposta limitada ante as crescentes demandas da sociedade, onde a
competitividade da economia depende da capacidade de se manter na
liderança da inovação (ver mapa). Dentre os países emergentes, a
China também introduziu reformas importantes na carreira acadêmica,
deixando-a mais flexível, explica Elizabeth. “Para a China, a reforma do
ensino superior é central para a estratégia do país de sair de um
modelo de inserção no mercado internacional baseado no baixo custo de
mão de obra para outro baseado em vantagens competitivas criadas pela
capacidade de inovação das indústrias chinesas”, diz.
O MEC defende a nova lei, mas admite que poderá rediscutir alguns
pontos. Em nota, a Secretaria de Educação Superior do MEC afirmou que
“algumas das questões sobre a estruturação do Plano de Carreiras e
Cargos de Magistério Federal estão sendo tratadas pelo MEC diretamente
com as universidades”. Ainda segundo o ministério, o objetivo da lei é
buscar a valorização da dedicação exclusiva e a titulação dos docentes.
Em janeiro, uma nota técnica divulgada pelo MEC tenta esclarecer pelo
menos um tópico da lei. De acordo com o documento, além da exigência de
diploma de graduação, as instituições poderão solicitar nos editais
outros requisitos, como a apresentação de títulos de pós-graduação, de
acordo com o interesse da universidade.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
BRASIL DE FATO
Produção criminosa de roupas em São Paulo
Grandes empresas da moda estariam fomentando o tráfico de pessoas
para abastecer uma rede de exploração lucrativa que culmina no trabalho
escravo de imigrantes
26/04/2013
Márcio Zonta
da Redação
Há
duas semanas, mais seis imigrantes bolivianos flagrados em condição
análoga à escravidão foram resgatados pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), de uma oficina clandestina de costura na cidade de São
Paulo. Com mais essa abordagem do MTE, no ano de 2013, contabiliza-se
quarenta imigrantes resgatados na capital paulista submetidos à mesma
forma de exploração no trabalho.
Procedentes geralmente do Peru, Bolívia
e Paraguai, os imigrantes trabalham em locais insalubres, trancafiados e
sem ventilação na região central da cidade, principalmente nos bairros
do Pari, Brás e Bom Retiro.
Leia mais:
A
jornada de trabalho diária alcança de 14 a 16 horas sem acesso aos
direitos trabalhistas vigentes no Brasil. Segundo o MTE, a cidade de São
Paulo possui entre 8 e 10 mil oficinas de costura clandestinas,
ocupadas em média por entre quinze e vinte costureiros. Os casos que se
tornaram recorrentes na mídia somente nos últimos anos fazem parte de
uma contínua exploração, que existe há mais de vinte anos na capital
paulista.
Para especialistas ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato,
a prática exploratória ganhou outro artifício nos dias atuais,
envolvendo o crime de tráfico de pessoas para abastecer uma rede de
exploração, beneficiária a famosas grifes de moda e do varejo nacionais e
internacionais instaladas no Brasil.
Retornando de uma viagem
recente à Bolívia, onde discutiu o assunto com parlamentares bolivianos,
o deputado Claudio Puty (PT-PA), presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito do Trabalho Escravo, revela que investigações apontam o
envolvimento de grandes empresas da moda na exploração trabalhista
ilegal de imigrantes no país.
“Apuramos em São Paulo que
empresários brasileiros, bolivianos e coreanos estão à frente das
oficinas que exploram esses trabalhadores, no entanto, seriam os
intermediários de grandes empresas que pagam R$ 0,20 pela confecção de
uma peça de roupa e vendem em grandes lojas de marcas por R$ 100 ou
mais”, destaca.
Esquema
Na Bolívia, Peru e
Paraguai, empresas de costura que atuam de fachada seriam as principais
aliciadoras para fornecer mão de obra à rede de exploração nas oficinas
clandestinas em São Paulo. “Essas empresas ministram cursos de
costureiro preparando as pessoas para serem trazidas ao Brasil”, revela
Roque Renato Pattussi, coordenador do Centro de Apoio ao Migrante
(Cami).
Um contrato verbal no país de origem, entre aprendizes e
donos das firmas de costura, acordaria um salário de 150 dólares por mês
em São Paulo, além da garantia de alimentação e moradia sem custo ao
trabalhador. Assim, uma vez instalados nesses locais de trabalho na
chegada em São Paulo, os imigrantes estariam contidos à cadeia de
produção de grandes marcas da moda e do ramo do varejo.
“Na maior
parte dos casos, os maiores beneficiários são os grandes magazines”,
acusa Elias Ferreira, advogado e secretário- geral do Sindicato das
Costureiras de São Paulo. Elias relata que muitas dessas companhias de
moda, que usufruem da indústria têxtil, sabem da existência do trabalho
escravo na cadeia de produção de seus produtos.
“Fazendo o papel
investigativo, localizamos as oficinas clandestinas, informamos ao
Ministério Público, Ministério do Trabalho e Polícia Federal e muitas
vezes averiguamos que as empresas sabem, porém há casos em que há o
desconhecimento do fato”, constata.
Para Pattussi, não há duvida:
a legião de imigrantes vindos dos países fronteiriços com o Brasil tem
endereço certo. “São trazidos às oficinas clandestinas de costura em São
Paulo, que em sua grande maioria estão ligadas à cadeia de produção das
grandes lojas”, enfatiza.
Tráfico de pessoas
Além
do trabalho análogo à escravidão nas oficinas de costura clandestinas, a
rede de exploração forja ainda outro crime: o tráfico de pessoas.
Aliciados com a promessa de moradia, alimentação e salário, os
imigrantes contraem dívidas com passagens, visto e toda permanência em
São Paulo, sendo muitas vezes mantidos nesses espaços em decorrência de
servidão por dívida.
Diante dessas circunstâncias, o tráfico de
pessoas seria o alicerce para garantir um contingente de bolivianos,
peruanos e paraguaios para mão de obra nas oficinas envolvidas no
esquema de exploração.
“O crime de traficar pessoas nesse caso se
constitui como uma condição, um meio que serve ao contexto de
exploração do trabalhador no ramo têxtil de São Paulo”, elucida Juliana
Armede, advogada e coordenadora dos programas de enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas e do Combate ao Trabalho Escravo da Secretaria de
Justiça do Estado de São Paulo.
Os diversos casos acompanhados
pela advogada na Secretaria de Justiça apontam que o esquema de
exploração de imigrantes costureiros na cidade fomenta o delito. “De
maneira concreta, nós identificamos na cidade de São Paulo que o tráfico
de pessoas, no âmbito latino-americano, sobretudo envolvendo os
bolivianos, está destinado diretamente às oficinas clandestinas”,
assegura Juliana.
Os responsáveis
Daslu,
Sete Sete Cinco, GEP, Zara, Marisa, C&A, Pernambucanas, Collins, são
algumas das empresas famosas nacionais e internacionais do ramo da moda
que já tiveram seus nomes atrelados ao trabalho escravo.
O grupo
espanhol Inditex, proprietário da marca Zara, registrou lucro recorde
em 2012. Apesar da crise econômica na Europa, a empresa faturou 2,361
bilhões de euros. No ano passado, a companhia de moda espanhola abriu
482 novas lojas espalhadas em diversos países. Seu dono, Amancio Ortega,
está entre os cinco homens mais ricos do mundo.
Segundo Juliana,
as empresas cuja cadeia de produção esteja envolvida com trabalho
escravo também teriam que ser responsabilizadas pelo tráfico de pessoas,
como componente do processo de exploração trabalhista ilegal. “É
necessário que responsabilize a empresa que ratifica a exploração,
sobretudo, de um tráfico de pessoas do ponto de vista trabalhista”,
menciona.
Todavia, não se pode garantir que mesmo as empresas já
flagradas com trabalhadores em condição análoga à escravidão, em sua
cadeia de produção, não repita mais o crime. A fiscalização constante do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Polícia Federal e do Sindicato
das Costureiras de São Paulo, tem feito as oficinas clandestinas mudarem
para outras localidades, não garantindo sua eliminação.
“Devido à
inspeção do poder público e de entidades de classe, muitas dessas
oficinas migraram para Carapicuíba, Osasco, Itaquaquecetuba e Campinas.
Ir para o interior de São Paulo é uma maneira de se esconder melhor e
dificultar possíveis denúncias dos trabalhadores envolvidos, além de
dificultar o contato dos imigrantes com outras pessoas, como acontece
facilmente no centro de São Paulo”, denuncia Pattussi.
(Foto: Anali Dupré/Repórter Brasil)
Mais sobre o assunto:
Marta Bellini
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Livro em pdf
* ERICH FROMM - "EL ARTE DE AMAR" (LIBRO COMPLETO EN PDF, PARA DESCARGAR)
http://www.colegiodepsicologosperu.org/w/imagenes/biblioteca/archivos/ErichFromm-ElArtedeAmar.pdf
A era do vazio, do crime, das drogas ..
Espaço, dor e desalento
- Compartilhar:
Por Giovanna Bartucci | Para o Valor, de São Paulo
Com mais de 15 livros publicados, uma das características mais
importantes do trabalho ensaístico do professor e psicanalista carioca
Joel Birman é a de confrontar a psicanálise com o seu tempo. Assim, as
teorias freudiana e lacaniana, fundamentalmente, saem dos consultórios
para visitar cinemas, shoppings, academias de ginástica, consultórios
médicos, cidades em conflito, acidentes de percurso, em suma, o mundo
onde vivemos. Nessa mirada, o que o pesquisador encontrou?
"Da modernidade à atualidade, algo de fundamental aconteceu nas
categorias constitutivas do sujeito, redirecionando as linhas de força
de seu mal-estar", afirma. Recém-lançado, seu novo livro, "O Sujeito na
Contemporaneidade - Espaço, Dor e Desalento na Atualidade", é a reunião
de suas reflexões acerca das transformações que tiveram curso no período
da modernidade à atualidade. Seu objetivo foi o de empreender uma
interpretação desse percurso, no registro do sujeito.
O que caracteriza esse ensaio, porém, é o fato de que o autor subverte
as coordenadas dos sujeitos - termo cunhado na modernidade, vale
lembrar, que implica características de interioridade, reflexividade e
relação com o outro (objeto) - de "assimilação" de suas experiências.
Se, anteriormente, essas foram pautadas nas categorias de tempo e sua
relação com o espaço, no sofrimento e no desamparo, hoje, sugere o
psicanalista, o que prevalece é a dominância da categoria de espaço
sobre a de tempo, da experiência da dor sobre a do sofrimento e a do
desalento sobre a do desamparo.
E mais: Birman entende que o sujeito contemporâneo vive um vazio que
preenche com o que lhe for possível, uma vez que já não lança mão de sua
capacidade de pensamento e elaboração simbólica para dar conta de suas
experiências de vida, de seu sofrimento ou, como propõe, de sua dor, mas
responde às demandas pessoais e sociais por meio de "patologias da
ação", tais como a "drogadição", as compulsões alimentares e, ainda, o
exercício da violência.
"Penso que a experiência contemporânea do neoliberalismo transformou a violência em crime", diz o psicanalista
Membro de honra do Espace Analytique, em Paris, e do Espaço Brasileiro
de Estudos Psicanalíticos, professor na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), desde 1996, e pesquisador nos programas de pós-graduação
tanto na UFRJ como no Instituto de Medicina Social da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Birman falou ao Valor,
por telefone, sobre as novas formas de subjetivação na
contemporaneidade, o incremento mundial da violência e a importância da
psicanálise na atualidade, entre outros assuntos.
Valor: Seria correto dizer que este trabalho é a
condensação de mais de 15 anos de pesquisa e publicações redigido,
agora, tanto para o especialista quanto para o grande público?
Birman: Sim, penso que sim. Encaro esse novo livro como
um ponto de chegada de um caminho que iniciei com a publicação de "O
Mal-Estar na Atualidade" [Civilização Brasileira], em 1999, em que o que
começou a ficar mais em pauta foi a tentativa de conjugar a leitura
psicanalítica de certos acontecimentos do contemporâneo à de outros
saberes, como a filosofia, a história, as ciências sociais. Meu objetivo
é o de pensar a atualidade a partir de um problema-chave na tradição
psicanalítica, desde Freud: a questão do mal-estar. Isso porque, de uma
perspectiva histórica, a problemática do mal-estar foi - e continua
sendo - um fenômeno-limite para pensar a relação sujeito-mundo na ordem
social. Ou seja, como um indicativo de uma espécie de dissonância ou
tensão, na medida em que os imperativos da modernidade colocaram uma
série de impasses para a experiência subjetiva. O incremento das
perturbações psíquicas, da violência e da criminalidade, na modernidade,
tudo o que na tradição sociológica se traduziu como o estudo de
patologias sociais, entram no escopo do que Freud caracterizou como
"mal-estar". Então, o que está em jogo nesse percurso que vai do
"Mal-Estar na Atualidade" até esse "Sujeito na Contemporaneidade",
passando por, principalmente, dois outros livros, "Arquivos do Mal-Estar
e da Resistência" [Civilização Brasileira, 2006] e "Cadernos Sobre o
Mal" [Civilização Brasileira, 2009], é a possibilidade de refletir sobre
o campo da contemporaneidade a partir do pressuposto de que, hoje, as
coordenadas da experiência de subjetivação não são exatamente as mesmas
que existiam na modernidade.
Valor: De que forma o senhor diferenciaria, então, a
experiência de subjetivação na atualidade das formas de experiência do
mal-estar na época de Freud?
Birman: Para que possamos caracterizar o mal-estar na
contemporaneidade, proponho que há uma ênfase na espacialização da
experiência em oposição a uma reflexão sobre o espaço ligada a uma ideia
de tempo, isto é, o espaço passa a ganhar mais peso na experiência
subjetiva do que o tempo. Um segundo aspecto é um incremento da
experiência de dor no lugar da de sofrimento, e, terceiro, uma
intensificação da experiência de desalento, presente na atualidade, em oposição àquilo que Freud chamava de desamparo.
Valor: No que diz respeito às patologias sociais, o
senhor considera que houve um aumento da violência tanto no Brasil
quanto no exterior, nas últimas décadas? Ao que atribui isso?
Birman: Penso que a experiência contemporânea do
neoliberalismo transformou a violência em crime. Há aumento da
violência, sim, e as pesquisas no campo das ciências sociais mostram
isso. A sociedade de consumo é mais violenta do que a ordem social
anterior; as transformações no mundo do trabalho, no mundo globalizado e
liberal, que lançam pessoas ao desemprego e fragmentam os processos de
trabalho, geram novas formas de "morte social", digamos assim, que se
traduzem em perda de espaço de reconhecimento simbólico, social e
psíquico, mantendo-as na condição de "mortas-vivas". Nessa medida, a
forma que elas têm de buscar esse importante reconhecimento é pela
violência, no sentido de querer dizer algo e de esperar que o mundo
escute as suas demandas. A maneira pela qual o sistema lida com essa
violência é a de transformá-la em uma espécie de intenção criminal,
ampliando, assim, o conceito de crime. A política da "tolerância zero",
como começou a ser aplicada nos anos 1980 pelo prefeito de Nova York,
Rudy Giuliani, e acabou se transformando em modelo internacional, é a política de uma espécie de surdez àquilo que é enunciado pela violência, transformando a violência em crime. De
forma que há um aumento enorme do encarceramento, tanto no Brasil
quanto no exterior, inchando e inflacionando o sistema prisional. Essa é
uma tese que muitos criminologistas sustentam - a de que a forma pela
qual o governo neoliberal opera é a de transformar a violência em crime.
Valor: O sociólogo americano Richard Sennett, em entrevista ao Valor,
sugeriu valores e práticas capazes de manter as pessoas "juntas",
cooperando umas com as outras, neste momento em que as instituições se
encontram desacreditadas. De maneira geral, ele entende a vida cotidiana
como um "workshop" por meio da qual as pessoas são confrontadas à
experiência da alteridade. Essa proposta faz sentido para o senhor?
Birman: Sim, claro que faz. Porque é uma maneira de
retirar as pessoas, através dessa proposta de estarem juntos, do seu
isolamento narcísico, na sua dor. Conjugá-las no espaço comum, abrir uma
perspectiva de conjunto é uma maneira de abrir uma perspectiva de tempo
e de uma utopia de uma ordem social outra que não essa miséria
contemporânea. Entendo também essa proposta do Sennett como uma
tentativa de refundar o espaço social em outras perspectivas que não
sejam diretamente ligadas ao campo do trabalho. Da mesma forma como o
filósofo marxista italiano Antonio Negri se refere às novas formas de
manifestação social e política, como "Occupy Wall Street" e a "Primavera
Árabe", que ele chama de "multidão" - diferenciando de "massas" -, no
sentido de que as pessoas estão juntas, sim, mantendo as suas
singularidades, ou seja, sem apagar as suas diferenças, tal como
acontecia na política das massas. Essas novas formas de aglutinação, ou
política das multidões, como diz Negri, são tentativas de recomposição
do espaço social que visam, sim, uma crítica contundente ao sistema
neoliberal.
"Há uma transformação na experiência do sonho, que registramos no plano clínico, uma espécie de dificuldade de sonhar"
Valor: O consumismo, a compulsão alimentar, a
"drogadição", entre outros sintomas sociais, também poderiam ser
compreendidos como a busca de reconhecimento à qual o senhor se referiu
acima?
Birman: Sim, essas são "patologias da ação" ligadas à
configuração que assinalei, ou seja, diante desse não reconhecimento das
pessoas - expresso por meio da violência -, elas
se voltaram, como busca de apaziguamento dessa dor, para o uso de
drogas, da comida. Tanto as compulsões alimentares quanto as
"drogadições" são tentativas ativas de anestesiar essa dor - ou seja,
aquilo que o sujeito está exprimindo por meio da violência - que não ganha reconhecimento.
Valor: O senhor também chama a atenção para o fato
de que o sonhar, como experiência desejante, tem cada vez mais perdido a
sua relevância, em razão da impossibilidade de o sujeito sustentar o
seu desejo. O sonho estaria sendo substituído pela dor sem sofrimento.
Podemos ainda falar em sujeito desejante?
Birman: Em primeiro lugar, é importante salientar que o
sujeito contemporâneo ganhou - como resultado das transformações às
quais eu aludo no livro - configurações que não correspondem mais às
configurações clássicas descritas por Freud. Nessa medida, é claro que a
globalização é uma experiência ocidental desde os séculos XVI, XVII.
Contudo, a experiência de globalização que se dá, a partir dos anos
1970, 1980, é nova, no sentido de que é um atrelamento dos diferentes
Estados-nação ao mesmo campo político e econômico internacional, e
cadenciou, de outra maneira, as experiências desses Estados-nação. Isso
seria o contraponto do que os economistas chamam de neoliberalismo.
Desse modo, há uma atualização da experiência social e subjetiva em
decorrência disso, e penso que houve uma transformação da relação
sujeito-mundo inédita, de forma que algumas características do sujeito,
como a relação com o tempo - que está ligada a um traço que marcou
bastante a nossa modernidade, que foram as utopias estéticas e políticas
-, foram transformadas nesse contexto. Entendo que isso resultou em uma
relação da subjetividade com o tempo de outra ordem, que, no livro, eu
analiso a partir da transformação da experiência do sonho. Há, de fato,
uma transformação na experiência do sonho, que registramos no plano
clínico, uma espécie de dificuldade de sonhar ou perda da relevância do
sonho como lugar de aparecimento do sujeito em uma experiência
alteritária, ligada ao desejo e à utopia. E acho que o sonho, nessa
colagem com o real, ganha, cada vez mais, características de pesadelo.
No que diz respeito à ideia de sujeito desejante, o problema não é que
ele tenha desaparecido. O que eu discuto no livro são os impasses para
que essa constituição do sujeito de desejo se faça. Os sintomas como a
diminuição da vontade da experiência do sonho, a tendência ao pesadelo, a
colagem ao real indicam uma impossibilidade - impasses - de que esse
sujeito de desejo se constitua, uma vez que se encontra diante de
impasses em face, exatamente, da perda de certos referenciais
alteritários, que são condição para que ele se organize. Ou seja, existe
um problema, hoje, que diz respeito à constituição do sujeito e advém
pela fragilidade dos referenciais alteritários. Assim, como eu disse,
com isso o sujeito ganha configurações que não são mais as descritas por
Freud.
Os médicos tratam a dor emocional "medicalizando-a, sem ver que existe alguém ferido na sua possibilidade de se expressar"
Valor: Em face do vazio vivido pelas subjetividades
contemporâneas, observado pelo senhor, qual seria a função da
experiência de dor, que vem preenchê-lo?
Birman: A dor é a resultante da espacialização da
experiência subjetiva. A dor sem sofrimento - o sofrimento como uma
experiência que implica um lugar de apelo e a possibilidade de uma
interiorização simbólica da dor - é uma espécie de êxtase desse espaço,
dessa angústia que eu chamo de angústia do real. E é claro que essa dor
tem a função de chamar a atenção para a mortificação vivida pelo
sujeito.
Valor: Tal como a violência, essa dor sem sofrimento também poderia ser compreendida como "busca por reconhecimento"?
Birman: Sim, claro. Mas não é que o sujeito dê a essa
dor uma função de reconhecimento necessariamente e, sim, porque o outro
pode entendê-la e transformá-la em apelo. Acho que o psicanalista, de
certa maneira, quando atende esse tipo de novo sintoma, transforma a dor
em apelo. O que não quer dizer que no campo social essa dor seja
entendida dessa maneira nem que os médicos a tratem como apelo. Pelo
contrário, eles a tratam medicalizando-a, sem ver que existe alguém
ferido na sua possibilidade de se expressar. Toda a medicina
contemporânea vai no sentido de espacializar a dor.
Valor: A psicanálise se constitui, então, como um espaço diferenciado, na contemporaneidade. Qual seria a sua função social?
Birman: Sim, a psicanálise, junto com as medicinas
alternativas, são os únicos espaços que sobraram onde essa dor pode ser
transformada em apelo. O fato é que mesmo que o indivíduo sofrido,
dolorido, não demande, o analista toma aquilo como uma espécie de
protodemanda. Nesse sentido, a psicanálise tem uma função social
importante, hoje, porque se coloca num espaço alteritário.
Giovanna Bartucci, psicanalista, professora doutora em teoria
psicanalítica, é autora de "Fragilidade Absoluta. Ensaios Sobre
Psicanálise e Contemporaneidade" (ed. Planeta), entre outros
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso.
Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou
transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/cultura/2991764/espaco-dor-e-desalento#ixzz2RZqTCIbZ
Leia mais em:
Jornal da Unicamp. É para tal fim que existe uma universidade pública.
Baixar versão em PDF
Campinas, 22 de abril de 2013 a 29 de abril de 2013 – ANO 2013 – Nº 558
Biomédica testa novos métodos
Nanopartículas poliméricas e de prata apresentam
bons resultados em testes in vitro e in vivo
Biomédica testa novos métodos
para tratamento de queimaduras
Nanopartículas poliméricas e de prata apresentam bons resultados em testes in vitro e in vivo
- Texto:
- Fotos:
- Edição de Imagens:
Um
desafio das pesquisas na área de cicatrização de queimaduras é o
desenvolvimento de materiais que apresentem as características adequadas
ao tratamento e que sejam produzidos com matérias-primas de baixo custo
e de fácil obtenção. A nanotecnologia tornou-se a palavra de ordem nos
últimos anos, por conseguir levar a efeito estes dois parâmetros.
A
biomédica Larissa Barbosa de Paula enveredou seu estudo de mestrado, no
Instituto de Biologia (IB), para essa direção, preparando
nanopartículas de prata produzidas por método biotecnológico empregando o
fungo Fusarium oxysporum, e nanopartículas poliméricas recobertas por
quitosana e contendo S-Nitrosoglutationa (GSNO). A sua conclusão foi que
tais tratamentos debelaram o processo inflamatório e possibilitaram o
tratamento de lesões provocadas por queimadura.
Em
animais de laboratório, após 14 dias de tratamento com géis contendo
nanopartículas, as poliméricas mostraram uma redução no diâmetro das
feridas maior que as de prata (AgNP). Entretanto, com mais sete dias de
tratamento (21 dias), este quadro se inverteu: o diâmetro das feridas
tratadas com AgNP estava menor que o das nanopartículas poliméricas.
“Mas as duas cicatrizaram muito bem”, conta a pesquisadora.
Ao
final dos 35 dias de tratamento, o grupo-controle (que recebeu apenas o
gel) ainda sinalizava feridas, enquanto que nos grupos tratados com os
sistemas nanoparticulados, as feridas já tinham sido cicatrizadas e, em
alguns animais, chegou-se a registrar o crescimento de folículos
capilares (pelos).
As nanopartículas
de prata foram produzidas extracelularmente pelo Fusarium oxysporum, que
possui mecanismos (não totalmente elucidados) para reduzir íons de
prata, quando exposto a uma solução contendo este metal. São
nanopartículas esféricas altamente estáveis e com elevada atividade
antimicrobiana, essencial no tratamento de queimaduras, uma vez que a
infecção é uma das principais complicações clínicas deste tipo de lesão.
De
acordo com Larissa de Paula, os métodos adotados em seu estudo já
existem. “Empregamos o método biotecnológico para a preparação das
nanopartículas de prata e o método de dupla emulsão e evaporação do
solvente para as nanopartículas poliméricas”, revela. “A inovação ficou
por conta da sua aplicação em feridas provocadas por queimaduras.”
Ao
mesmo tempo, ela encapsulou um composto formado por glutationa e óxido
nítrico (GSNO) em nanopartículas preparadas com um polímero
biodegradável-biocompatível e recobertas por quitosana (que também
possui elevada atividade antimicrobiana).
Uma
das maiores vantagens desse sistema é a de proteger o fármaco dentro do
organismo e alcançar uma liberação sustentada, eliminando a necessidade
de reaplicação e tornando-se uma alternativa às terapias de longo
prazo.
O GSNO, já testado em feridas
crônicas como de pacientes diabéticos, também nunca fora testado em
queimaduras e demonstrou grande potencial de cicatrização nos
experimentos. O recobrimento com quitosana, segundo a mestranda, além de
proporcionar atividade antimicrobiana, permite uma maior permanência
das nanopartículas em superfícies mucosas, prolongando a liberação do
princípio ativo encapsulado.
TRATAMENTO USUAL
O
tratamento mais usado nos hospitais é o creme à base de sulfadiazina de
prata 1%. Entretanto, após sua aplicação, costuma-se ocluir a ferida
com gaze. Por exigir trocas frequentes, este tipo de tratamento torna-se
bastante incômodo e doloroso para o paciente.
Alguns
produtos, como loções oleosas à base de ácidos graxos essenciais, gazes
impregnadas com Aloe vera e membranas de poliuretano, constituem opções
menos doloridas, por não aderirem à ferida. Todavia, são em sua maioria
importados, elevando os custos do uso em larga escala nos centros de
terapia para queimados. Estima-se que o Sistema Único de Saúde (SUS)
gaste por ano cerca de R$ 55 milhões com tratamentos desses pacientes.
A
biomédica explica que ambas as nanopartículas foram aplicadas nos
animais duas vezes ao dia, sob a forma de gel que foi posteriormente
absorvido pelo organismo, assim como as nanopartículas poliméricas. “É
um dos métodos mais empregados na indústria cosmética e farmacêutica
para o preparo de pomadas e cremes, por ser inerte ao organismo. É usado
como um veículo para as substâncias”, explica.
A
principal indicação dos géis contendo as nanopartículas desenvolvidas
pela biomédica seria para o tratamento de queimaduras pouco graves e de
pequena a média extensão. “Seria inviável para o tratamento de uma lesão
que acometeu 80% do corpo, o que exigiria quantidades muito grandes do
produto. Queimaduras muito graves e/ou extensas também podem acometer
pulmões e outros órgãos vitais, diminuindo ainda mais a expectativa de
vida do paciente, sendo necessárias medidas mais rápidas”, reforça
Larissa.
CAMINHO LONGO
O
trabalho da pesquisadora, orientado pela professora Patrícia da Silva
Melo, foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) da
Unicamp e desenvolvido no laboratório do docente Nelson Durán, no
Instituto de Química (IQ).
Além
disso, todos os compostos passaram por testes de citotoxicidade antes da
aplicação nos animais, garantindo a não toxicidade da concentração
aplicada. Os testes foram feitos na Faculdade Metrocamp, onde a
biomédica concluiu a sua graduação e hoje ministra aulas para o curso de
ciências biomédicas.
Larissa de
Paula reconhece que o caminho para chegar à etapa dos ensaios clínicos
será longo, pois o processo deve passar primeiramente por testes in
vitro e em animais (que são divididos em três etapas). Somente depois
desta bateria de testes, vêm os ensaios clínicos, para que alguma
empresa se interesse pelos produtos e eles cheguem à comercialização.
DADOS DE QUEIMADURAS
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), as queimaduras constituem um dos
maiores problemas de saúde pública. No Brasil, estima-se que aconteçam
um milhão de acidentes com queimaduras térmicas por ano. Há apenas 10%
de hospitalização e cerca de 2,5 mil óbitos em todas as faixas etárias,
conforme informações da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). As
queimaduras também estão entre as causas primárias externas de morte,
atrás apenas de causas violentas, como acidentes de trânsito e
homicídios. Além disso, queimaduras graves prejudicam a integridade da
pele, levando à formação de cicatrizes hipertróficas e queloides.
Juntamente
com o trauma do acidente e os processos dolorosos de tratamento, as
marcas deixadas pelas queimaduras acarretam baixa autoestima e ansiedade
social aos pacientes, contribuindo para o desenvolvimento de doenças
durante e após a reabilitação.
A
literatura aponta um número considerável de pacientes que apresentam
doenças como depressão e transtorno de estresse pós-traumático, que não
voltam a trabalhar e que são passíveis de ressarcimento pelos
sofrimentos psíquicos acarretados.
No
Estado de São Paulo, há poucos centros especializados no tratamento de
queimados: os de Paulínia, Sorocaba e São Paulo são alguns deles.
Publicação
Dissertação:
“Nanopartículas poliméricas e de prata: avaliação da toxicidade in
vitro e in vivo e do processo de cicatrização em animais submetidos à
queimadura térmica”
Autora: Larissa Barbosa de Paula
Orientadora: Patrícia da Silva Melo
Unidade: Instituto de Biologia (IB)
Autora: Larissa Barbosa de Paula
Orientadora: Patrícia da Silva Melo
Unidade: Instituto de Biologia (IB)
The New York Review of Books, via De Rerum Natura.
In many ways, Jonathan Sperber suggests, Marx was “a
backward-looking figure,” whose vision of the future was modeled on
conditions quite different from any that prevail today:
The view of Marx as a contemporary whose ideas are shaping the modern world has run its course and it is time for a new understanding of him as a figure of a past historical epoch, one increasingly distant from our own: the age of the French Revolution, of Hegel’s philosophy, of the early years of English industrialization and the political economy stemming from it.
Sperber’s aim is to present Marx as he
actually was—a nineteenth-century thinker engaged with the ideas and
events of his time. If you see Marx in this way, many of the disputes
that raged around his legacy in the past century will seem unprofitable,
even irrelevant. Claiming that Marx was in some way “intellectually
responsible” for twentieth-century communism will appear thoroughly
misguided; but so will the defense of Marx as a radical democrat, since
both views “project back onto the nineteenth century controversies of
later times.”
Certainly Marx understood crucial features of
capitalism; but they were “those of the capitalism that existed in the
early decades of the nineteenth century,” rather than the very different
capitalism that exists at the start of the twenty-first century. Again,
while he looked ahead to a new kind of human society that would come
into being after capitalism had collapsed, Marx had no settled
conception of what such a society would be like. Turning to him for a
vision of our future, for Sperber, is as misconceived as blaming him for
our past.
Using as one of his chief sources the newly available
edition of the writings of Marx and Engels, commonly known by its German
acronym the MEGA, Sperber constructs a picture of
Marx’s politics that is instructively different from the one preserved
in standard accounts. The positions Marx adopted were rarely dictated by
any preexisting theoretical commitments regarding capitalism or
communism. More often, they reflected his attitudes toward the ruling
European powers and their conflicts, and the intrigues and rivalries in
which he was involved as a political activist.
At times Marx’s hostility to Europe’s reactionary regimes led him to
bizarre extremes. An ardent opponent of Russian autocracy who campaigned
for a revolutionary war against Russia in 1848–1849, he was dismayed by
Britain’s indecisive handling of the Crimean War. Denouncing the
opposition to the war of leading British radicals, Marx went on to claim
that Britain’s faltering foreign policies were due to the fact that the
prime minister, Lord Palmerston, was a paid agent of the Russian tsar,
one of a succession of traitors occupying positions of power in Britain
for over a century—an accusation he reiterated over several years in a
succession of newspaper articles reprinted by his daughter Eleanor as The Secret Diplomatic History of the Eighteenth Century.
Similarly, his struggle with his Russian rival Mikhail Bakunin for control of the International Working Men’s Association (IWMA)
reflected Marx’s hatred of the Prussian monarchy and his suspicion that
Bakunin was a pan-Slavist with secret links to the tsar more than his
hostility to Bakunin’s authoritarian brand of anarchism. It was such
nineteenth-century passions and animosities rather than ideological
collisions of the kind that are familiar from the cold war era that
shaped Marx’s life in politics.
Sperber’s subtly revisionist view
extends to what have been commonly held to be Marx’s definitive
ideological commitments. Today as throughout the twentieth century Marx
is inseparable from the idea of communism, but he was not always wedded
to it. Writing in the Rhineland News in 1842 in his very first
piece after taking over as editor, Marx launched a sharp polemic against
Germany’s leading newspaper, the Augsburg General News, for
publishing articles advocating communism. He did not base his assault on
any arguments about communism’s impracticality: it was the very idea
that he attacked. Lamenting that “our once blossoming commercial cities
are no longer flourishing,” he declared that the spread of Communist
ideas would “defeat our intelligence, conquer our sentiments,” an
insidious process with no obvious remedy. In contrast, any attempt to
realize communism could easily be cut short by force of arms: “practical
attempts [to introduce communism], even attempts en masse, can be
answered with cannons.” As Sperber writes, “The man who would write the Communist Manifesto just five years later was advocating the use of the army to suppress a communist workers’ uprising!”
Nor
was this an isolated anomaly. In a speech to the Cologne Democratic
Society in August 1848, Marx rejected revolutionary dictatorship by a
single class as “nonsense”—an opinion so strikingly at odds with the
views Marx had expressed only six months earlier in the Communist Manifesto
that later Marxist-Leninist editors of his speeches mistakenly refused
to accept its authenticity—and over twenty years later, at the outbreak
of the Franco-Prussian War, Marx also dismissed any notion of a Paris
Commune as “nonsense.”
Marx the anti-Communist is
an unfamiliar figure; but there were undoubtedly times when he shared
the view of the liberals of his day and later, in which communism
(assuming anything like it could be achieved) would be detrimental to
human progress. This is only one example of a more general truth.
Despite his own aspirations and the efforts of generations of his
disciples from Engels onward, Marx’s ideas never formed a unified
system. One reason for this was the disjointed character of Marx’s
working life. Though we think of Marx as a theorist ensconced in the
library of the British Museum, theorizing was only one of his avocations
and rarely his primary activity:
Usually Marx’s theoretical pursuits had to be crammed in beside far more time-consuming activities: émigré politics, journalism, the IWMA, evading creditors, and the serious or fatal illnesses that plagued his children and his wife, and, after the onset of his skin disease in 1863, Marx himself. All too often Marx’s theoretical labors were interrupted for months at a time or reserved for odd hours late at night.
But
if the conditions of Marx’s life were hardly congenial to the
continuous labor required for system-building, the eclectic quality of
his thinking presented a greater obstacle. That he borrowed ideas from
many sources is a scholarly commonplace. Where Sperber adds to the
standard account of Marx’s eclecticism is in probing the conflict
between his continuing adherence to Hegel’s belief that history has a
built-in logic of development and the commitment to science that Marx
acquired from the positivist movement.
In pointing to the
formative intellectual role of positivism in the mid-nineteenth century
Sperber shows himself to be a surefooted guide to the world of ideas in
which Marx moved. Partly no doubt because it now seems in some respects
embarrassingly reactionary, positivism has been neglected by
intellectual historians. Yet it produced an enormously influential body
of ideas. Originating with the French socialist Henri de Saint-Simon
(1760–1825) but most fully developed by Auguste Comte (1798–1857), one
of the founders of sociology, positivism promoted a vision of the future
that remains pervasive and powerful today. Asserting that science was
the model for any kind of genuine knowledge, Comte looked forward to a
time when traditional religions had disappeared, the social classes of
the past had been superseded, and industrialism (a term coined by
Saint-Simon) reorganized on a rational and harmonious basis—a
transformation that would occur in a series of evolutionary stages
similar to those that scientists found in the natural world.
Sperber
tells us that Marx described Comte’s philosophical system as
“positivist shit”; but there were many parallels between Marx’s view of
society and history and those of the positivists:
For all the distance Marx kept from these [positivist] doctrines, his own image of progress through distinct stages of historical development and a twofold division of human history into an earlier, irrational era and a later, industrial and scientific one, contained distinctly positivist elements.
Astutely, Sperber perceives fundamental
similarities between Marx’s account of human development and that of
Herbert Spencer (1820–1903), who (rather than Darwin) invented the
expression “survival of the fittest” and used it to defend laissez-faire
capitalism. Influenced by Comte, Spencer divided human societies into
two types, “the ‘militant’ and the ‘industrial,’ with the former
designating the entire pre-industrial, pre-scientific past, and the
latter marking a new epoch in the history of the world.”
Spencer’s
new world was an idealized version of early Victorian capitalism, while
Marx’s was supposed to come about only once capitalism had been
overthrown; but the two thinkers were at one in expecting “a new
scientific era, one fundamentally different from the human past.” As
Sperber concludes: “Today, a visitor to Highgate Cemetery in North
London can see the graves of Karl Marx and Herbert Spencer standing face
to face—for all the intellectual differences between the two men, not
an entirely inappropriate juxtaposition.”
It was
not only his view of history as an evolutionary process culminating in a
scientific civilization that Marx derived from the positivists. He also
absorbed something of their theories of racial types. The fact that
Marx took such theories seriously may seem surprising; but one must
remember that many leading nineteenth-century thinkers—not least Herbert
Spencer—were devotees of phrenology, and positivists had long believed
that in order to be fully scientific, social thought must ultimately be
based in physiology.
Comte had identified race (along with climate) as one of the physical determinants of social life, and Arthur de Gobineau’s Essay on the Inequality of the Human Races
(1853–1855), a widely influential defense of innate racial hierarchies,
was partly inspired by Comte’s philosophy. Marx reacted to Gobineau’s
book with scorn, and showed no trace of any belief in racial superiority
in his relations with his son-in-law Paul Lafargue, who was of African
descent. (His chief objection to the marriage was that Lafargue lacked a
reliable income.) At the same time Marx was not immune to the racist
stereotypes of his day. His description of the German-Jewish socialist
Ferdinand Lassalle, which Sperber describes as “an ugly outburst, even
by the standards of the nineteenth century,” illustrates this influence:
It is now completely clear to me, that, as proven by the shape of his head and the growth of his hair, he [Lassalle] stems from the Negroes who joined the march of Moses out of Egypt (if his mother or grandmother on his father’s side did not mate with a nigger). Now this combination of Jewry and Germanism with the negroid basic substance must bring forth a peculiar product. The pushiness of this lad is also nigger-like.
Sperber
comments that this passage demonstrates Marx’s “non-racial
understanding of Jews. The ‘combination of Jewry and Germanism’ that
Marx saw in Lassalle was cultural and political,” not biological. As
Sperber goes on to show, however, Marx also referred to racial types in
ways that suggested these types were grounded in biological lineages.
Eulogizing the work of the French ethnographer and geologist Pierre
Trémaux (1818–1895), whose book Origin and Transformation of Man and Other Beings
he read in 1866, Marx praised Trémaux’s theory of the role of geology
in animal and human evolution as being “much more important and much
richer than Darwin” for providing a “natural basis” for nationality and
showing that “the common Negro type is only the degenerate form of a
much higher one.” With these observations, Sperber comments,
Marx seemed to be moving in the direction of a biological or geological explanation of differences in nationality—in any event, one connecting nationality to descent, explained in terms of natural science…another example of the influence on Marx of positivist ideas about the intellectual priority of the natural sciences.
Marx’s admiration for Darwin is well known. A common legend has it that Marx offered to dedicate Capital
to Darwin. Sperber describes this as “a myth that has been repeatedly
refuted but seems virtually ineradicable,” since it was Edward Aveling,
the lover of Marx’s daughter Eleanor, who unsuccessfully approached
Darwin for permission to dedicate a popular volume he had written on
evolution. But there can be no doubt that Marx welcomed Darwin’s work,
seeing it (as Sperber puts it) as “another intellectual blow struck in
favor of materialism and atheism.”
Less well known are Marx’s deep
differences with Darwin. If Marx viewed Trémaux’s work as “a very
important improvement on Darwin,” it was because “progress, which in
Darwin is purely accidental, is here necessary on the basis of the
periods of development of the body of the earth.” Virtually every
follower of Darwin at the time believed he had given a scientific
demonstration of progress in nature; but though Darwin himself sometimes
wavered on the point, that was never his fundamental view. Darwin’s
theory of natural selection says nothing about any kind of betterment—as
Darwin once noted, when judged from their own standpoint bees are an
improvement on human beings—and it is testimony to Marx’s penetrating
intelligence that, unlike the great majority of those who promoted the
idea of evolution, he understood this absence of the idea of progress in
Darwinism. Yet he was just as emotionally incapable as they were of
accepting the contingent world that Darwin had uncovered.
As
the late Leszek Kołakowski used to put it in conversation, “Marx was a
German philosopher.” Marx’s interpretation of history derived not from
science but from Hegel’s metaphysical account of the unfolding of spirit
(Geist) in the world. Asserting the material basis of the realm
of ideas, Marx famously turned Hegel’s philosophy on its head; but in
the course of this reversal Hegel’s belief that history is essentially a
process of rational evolution reappeared as Marx’s conception of a
succession of progressive revolutionary transformations. This process
might not be strictly inevitable; relapse into barbarism was a permanent
possibility. But the full development of human powers was still for
Marx the end point of history. What Marx and so many others wanted from
the theory of evolution was an underpinning for their belief in progress
toward a better world; but Darwin’s achievement was in showing how
evolution operated without reference to any direction or end state.
Refusing to accept Darwin’s discovery, Marx turned instead to Trémaux’s
far-fetched and now deservedly forgotten theories.
Situating Marx
fully in the nineteenth century for the first time, Sperber’s new life
is likely to be definitive for many years to come. Written in prose that
is lucid and graceful, the book is packed with biographical insights
and memorable vignettes, skillfully woven together with a convincing
picture of nineteenth-century Europe and probing commentary on Marx’s
ideas. Marx’s relations with his parents and his Jewish heritage, his
student years, his seven-year courtship and marriage to the daughter of a
not very successful Prussian government official, and the long life of
genteel poverty and bohemian disorder that ensued are vividly portrayed.
Sperber
describes Marx’s several careers—in which, Sperber comments, he had
more success as a radical journalist who founded a newspaper than in his
efforts at organizing the working class—and he carefully analyzes his
shifting intellectual and political attitudes. There can be no doubt
that Sperber succeeds in presenting Marx as a complex and changeable
figure immersed in a world far removed from our own. Whether this means
that Marx’s thought is altogether irrelevant to the conflicts and
controversies of the twentieth and twenty-first centuries is another
matter.
Neither the claim that Marx’s ideas were partly
responsible for the crimes of communism nor the belief that Marx grasped
aspects of capitalism that continue to be important today can be
dismissed as easily as Sperber would like. Marx may have never intended
anything resembling the totalitarian state that was created in the
Soviet Union—indeed such a state might well have been literally
inconceivable for him. Even so, the regime that emerged in Soviet Russia
was a result of attempting to realize a recognizably Marxian vision.
Marx did not hold to any single understanding of the new society he
expected to emerge from the ruins of capitalism. As Sperber notes, “Late
in his life, Marx replaced one utopian vision of the total abolition of
alienated, divided labor with another, that of a humanity devoted to
artistic and scholarly pursuits.” Yet Marx did believe that a different
and incomparably better world could come into being once capitalism had
been destroyed, basing his belief in the possibility of such a world on
an incoherent mishmash of idealist philosophy, dubious evolutionary
speculation, and a positivistic view of history.
Lenin followed in
Marx’s footsteps in producing a new version of this faith. There is no
reason to withdraw the claim, advanced by Kołakowski and others, that
the deadly mix of metaphysical certainty and pseudoscience that Lenin
imbibed from Marx had a vital part in producing Communist
totalitarianism. Pursuing an unrealizable vision of a harmonious future
after capitalism had collapsed, Marx’s Leninist followers created a
repressive and inhuman society that itself collapsed, whereas
capitalism—despite all its problems—continues to expand.
While
Marx cannot escape being implicated in some of the last century’s worst
crimes, it is also true that he illuminates some of our current
dilemmas. Sperber finds nothing remarkable in the celebrated passage in
the Communist Manifesto where Marx and Engels declared:
All that is solid melts into air, all that is holy is profaned and man is at last compelled to face, with sober senses, his real conditions of life, and his relations with his kind.
The idea that
this “assertion of ceaseless, kaleidoscopic change” anticipates the
condition of late-twentieth-century and early-twenty-first-century
capitalism, Sperber suggests, comes from a mistranslation of the
original German, which could be more accurately rendered as:
Everything that firmly exists and all the elements of the society of orders evaporate, everything sacred is deconsecrated and men are finally compelled to regard their position in life and their mutual relations with sober eyes.
But while Sperber’s version is
decidedly less elegant (as he admits), I can see no real difference in
meaning between the two. However translated, the passage points to a
central feature of capitalism—its inherent tendency to revolutionize
society—that most economists and politicians of Marx’s time and later
ignored or seriously underestimated.
The programs of “free market
conservatives,” who aim to dismantle regulatory restraints on the
workings of market forces while conserving or restoring traditional
patterns of family life and social order, depend on the assumption that
the impact of the market can be confined to the economy. Observing that
free markets destroy and create forms of social life as they make and
unmake products and industries, Marx showed that this assumption is
badly mistaken. Contrary to what he expected, nationalism and religion
have not faded away and there is no sign of their doing so in the
foreseeable future; but when he perceived how capitalism was undermining
bourgeois life, he grasped a vital truth.
This is not to say that
Marx can offer any way out of our present economic difficulties. There
is far more insight into the tendency of capitalism to suffer recurrent
crises in the writings of John Maynard Keynes or a critical disciple of
Keynes such as Hyman Minsky than in anything that Marx wrote. In its
distance from any existing or realistically imaginable condition of
society, “the communist idea” that has been resurrected by thinkers such
as Alain Badiou and Slavoj Žižek is on a par with fantasies of the free
market that have been revived on the right. The ideology promoted by
the Austrian economist F.A. Hayek and his followers, in which capitalism
is the winner in a competition for survival among economic systems, has
much in common with the ersatz version of evolution propagated by
Herbert Spencer more than a century ago. Reciting long-exploded
fallacies, these neo-Marxian and neoliberal theories serve only to
illustrate the persisting power of ideas that promise a magical
deliverance from human conflict.
The renewed popularity of Marx is
an accident of history. If World War I had not occurred and caused the
collapse of tsarism, if the Whites had prevailed in the Russian Civil
War as Lenin at times feared they would and the Bolshevik leader had not
been able to seize and retain his hold on power, or if any one of
innumerable events had not happened as they did, Marx would now be a
name most educated people struggled to remember. As it is we are left
with Marx’s errors and confusions. Marx understood the anarchic vitality
of capitalism earlier and better than probably anyone else. But the
vision of the future he imbibed from positivism, and shared with the
other Victorian prophet he faces in Highgate Cemetery, in which
industrial societies stand on the brink of a scientific civilization in
which the religions and conflicts of the past will fade way, is
rationally groundless—a myth that, like the idea that Marx wanted to
dedicate his major work to Darwin, has been exploded many times but
seems to be ineradicable.
No doubt the belief that humankind is
evolving toward a more harmonious condition affords comfort to many; but
we would be better prepared to deal with our conflicts if we could put
Marx’s view of history behind us, along with his nineteenth-century
faith in the possibility of a society different from any that has ever
existed.
Assinar:
Postagens (Atom)