quarta-feira, 3 de abril de 2013

Outro trecho importante da entrevista de hoje, na Folha de São Paulo, de Silvio Tendler:

Por que o sr. comparou com a situação do Feliciano? Não entendi.

Porque é horrivel. Estamos vivendo um momento horrível. Mas não perco a fé e a esperança, pois elas são os alimentos das revoluções e insurreições. Continuo acreditando que vai mudar. Mas tem tudo a ver com o controle político exercido hoje no Brasil. É o Marco Feliciano nos direitos humanos, o Blairo Maggi no meio ambiente. Ele [Maggi] é um dos maiores latifundiários desse pais. É o rei do latifundio, que hoje chamam de agronegócio. Kátia Abreu é aliada do governo. É surrealista a diferença de dinheiro que vai para a agricultura e o que vai para o desenvolvimento agrário. Setenta por cento dos alimentos que são consumidos vêm do pequeno produtor. Por que se beneficia tanto o latifúndio num país que deveria ter um projeto progressista de desenvolvimento?

O sr. está decepcionado com o PT?

Muito decepcionado. Só não estou mais porque não sou petista. A política cultural que havia no governo do Jango não existe hoje. Comparando um momento com o outro. Naquela época se tinha as reformas sociais, reformas de base, agrária. Jango ousou afrontar a questão da reforma urbana. Hoje aqui no Rio está se botando pobre para fora de casa a toque de caixa para entregar os terrenos para os ricos. É uma vergonha. No governo do Jango era o contrário: era ocupar os imóveis desocupados. E a política cultural exercida pela UNE naquela época era um luxo: tinha Gullar, Cacá. Vianinha, Joaquim Pedro, Jabor. Hoje você tem uma agência reguladora que é um lixo.