Baixar versão em PDFCampinas, 08 de abril de 2013 a 14 de abril de 2013 – ANO 2013 – Nº 556
Engenheiro detecta chumbo em tampa
de três marcas de iogurte
Testes feitos no Ital mostram que é alta
a concentração do metal em frascos
a concentração do metal em frascos
Em
análises feitas em embalagens plásticas de 900 ml de iogurte de três
marcas diferentes comercializadas em supermercados de Campinas foi
detectada alta concentração de chumbo nas tampas dos frascos. Os testes
foram realizados pelo engenheiro de alimentos Paulo Henrique Massaharu
Kiyataka, no Centro de Tecnologia de Embalagem do Instituto de
Tecnologia de Alimentos (Ital). Os resultados constam de sua dissertação
de mestrado apresentada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA).
Na avaliação do engenheiro, essas tampas não poderiam ser utilizadas.
“Apesar de o contato entre a tampa e o alimento ser mínimo, não há como
negar o risco de ocorrer a migração do chumbo para o iogurte,
principalmente no manuseio. Um exemplo é o transporte deitado do produto
ou estocado de ponta cabeça”, alerta.
Kiyataka, que realiza
este tipo de análise há 13 anos, fez os testes em potes de sorvete de
dois litros, e em embalagens de bebidas lácteas de 200 ml e 900 ml para
verificar a presença de chumbo, cádmio, mercúrio e arsênio. Uma segunda
etapa do trabalho foi verificar a migração dos elementos para os
alimentos armazenados nas embalagens estudadas, de iogurte e sorvete, e a
migração utilizando um simulante, solução de ácido acético 3%, conforme
estabelecido pela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
Nos testes com alimentos e com o simulante, não se
observou a migração, exceto nas tampas de frascos de 900 ml de iogurte,
que apresentaram uma migração de chumbo para o simulante que representa
aproximadamente 0,01% do teor total de chumbo presente nas tampas
avaliadas, índice superior ao limite estabelecido pela legislação
Anvisa.
O resultado desperta outra preocupação do engenheiro: a
questão ambiental, pois os elementos estudados podem contaminar o meio
ambiente por serem tóxicos. Para ele, não existe uma conscientização do
consumidor em relação ao descarte deste tipo de material e, se disposto
de forma inadequada, pode contaminar solo e água. As embalagens
estudadas são feitas de polímero, que é degradado no meio ambiente, mas
as substâncias inorgânicas demoram mais para se deteriorar e, com isso,
aumenta o risco de contaminação. “Ou seja, o material de embalagem para
alimentos deve ser bem especificado, além de ser compatível com o
produto acondicionado. Não deve ser uma fonte de contaminação para o
alimento e para o meio ambiente, caso seja descartada”, esclarece.
Ele
lembra que o uso de embalagens de polímero para contato com alimentos
tem crescido muito nos últimos anos. O consumo de produtos
industrializados é o motivo deste aumento, e os contaminantes
inorgânicos – tais como os elementos analisados –, cujas maiores fontes
são aditivos, podem fazer parte da embalagem e migrar para o alimento.
Para
o autor do estudo, que teve a orientação da professora Juliana Azevedo
Lima Pallone, a presença de tampas com alto teor de chumbo é uma falha
verificada na indústria de embalagens, na indústria de alimentos e no
órgão fiscalizador, demonstrando que o processo de fabricação precisa
ser mais bem controlado.
Segundo o engenheiro, a indústria de
alimentos precisa estar sempre atenta à qualidade do material adquirido,
uma vez que se trata de acondicionamento de alimentos que serão
ingeridos pelo consumidor. Kiyataka alerta também para a necessidade de
uma fiscalização mais rigorosa por parte da Vigilância Sanitária.
“Pelos
resultados, notou-se que há o uso de aditivos e substâncias com
arsênio, cádmio e, principalmente, chumbo ou matérias-primas
contaminadas com esses elementos na produção de embalagem, indicando a
necessidade de uma melhor conscientização por parte do fabricante de
embalagem e do usuário, fiscalização e uma legislação ambiental”,
defende.
Em sua opinião, é preciso estabelecer limites máximos de
contaminantes inorgânicos totais em embalagens, semelhantes aos
existentes nos Estados Unidos e na Europa.
Publicação
Dissertação: “Chumbo, cádmio, mercúrio e arsênio em embalagens poliméricas para alimentos por ICP OES”
Autor: Paulo Henrique Massaharu Kiyataka
Orientadora: Juliana Azevedo Lima Pallone
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)
Dissertação: “Chumbo, cádmio, mercúrio e arsênio em embalagens poliméricas para alimentos por ICP OES”
Autor: Paulo Henrique Massaharu Kiyataka
Orientadora: Juliana Azevedo Lima Pallone
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)