Brasil
São Paulo
Artista plástica morta pelo namorado é enterrada
Hiromi Sato foi estrangulada pelo companheiro no apartamento em que moravam, em Higienópolis; Sérgio Brasil Gadelha confessou o crime
Gadelha confessou as agressões
(Adriano Lima/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
A artista plástica Hiromi Sato, de 57 anos, morta estrangulada
pelo companheiro em seu apartamento em Higienópolis, região central da
capital paulista, foi enterrada na manhã desta terça-feira no Cemitério
da Paz, no Morumbi. O advogado Sérgio Brasil Gadelha, de 74 anos,
confessou o crime e disse que agiu por ciúmes. O casal começou a namorar
três anos atrás e vivia junto havia pelo menos dois. O advogado, que
tinha um escritório de assessoria fiscal e tributária no local, está
preso em uma cela para quem tem curso superior.
Em seu depoimento, Gadelha afirmou que a briga do casal começou no fim
da tarde de sábado, depois das 18h. De acordo com o acusado, eles
dormiram no mesmo quarto naquele dia. Na manhã de domingo, na versão de
Gadelha, ele tentou conversar com a mulher, que, embora só gesticulasse,
parecia estar bem. No restante do dia, porém, ela não saiu da cama.
Gadelha contou ainda que, no domingo à noite, ligou para a filha e
contou o que havia acontecido. Ao chegar à casa do pai, ela ligou para o
SAMU e para a Polícia Militar. A médica que atendeu Hiromi disse a um
policial que a provável causa da morte foi estrangulamento. Um laudo
deve sair em trinta dias com a definição da causa e da hora da morte de
Hiromi. O boletim de ocorrência policial, no entanto, diz que o crime
aconteceu à 1h14 da madrugada de segunda-feira e que a polícia foi
acionada às 2h24.
A briga do casal no sábado chegou a ser ouvida por vizinhos. "No
domingo, o pessoal estava falando sobre a barulheira, de coisa sendo
jogada, mas até então ninguém sabia o que era", disse uma dona de casa
que pediu anonimato.
Para o advogado de Gadelha, Átila Pimenta Coelho, o cliente não tinha
intenção de matar a namorada. A defesa entraria, na segunda à noite, com
pedido de liberdade.
A perícia achou vários sinais de agressão no corpo de Hiromi. O relato
do médico que a examinou indica hematomas nos braços, pernas, rosto,
boca, costas, abdome e canela, além das marcas de estrangulamento. Ainda
havia muitos fios de cabelo preto no quarto do casal – os de Gadelha
são brancos. Além disso, na banheira da suíte do casal, havia edredom e
panos sujos por um líquido parecido a sangue. Havia manchas também em
lençóis, travesseiros, panos de chão e roupas de cama de molho na
lavanderia. A polícia investiga se o advogado tentou modificar a cena do
crime.
Gadelha confessou as agressões, mas disse que não tinha intenção de
matar a companheira. Ele já havia sido processado no ano passado por
dirigir embriagado.
O taxista Germano de Freitas Santos, de 41 anos, que trabalha em um
ponto próximo ao local, reconheceu as imagens do casal na televisão.
"Sempre a via passando por aqui. A gente nunca imagina que possa
acontecer uma coisa dessas."
(Com Estadão Conteúdo)