quinta-feira, 4 de abril de 2013
Nós, os bobinhos...
Gratos
ao pastor Feliciano
por
Ricardo Noblat
Comunicado
público: Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, e Renan
Calheiros, presidente do Senado, agradecem de coração ao pastor Marco Feliciano
o seu desempenho como presidente recém-eleito da Comissão de Direitos Humanos
da Câmara.
E
se oferecem para ajudá-lo a se manter no cargo se essa for sua vontade, como
parece. Na esperança de que seja, despedem-se felizes e aliviados.
Cadê
o movimento que recolheu mais de uma milhão e meio de assinaturas pedindo o
afastamento de Renan (PMDB-AL) da presidência do Senado por falta de decoro?
Esgotou-se?
Sua
única finalidade era amealhar as assinaturas? Não se ouvirá mais falar dele nas
redes sociais? Nem do alvo de sua sanha? Justificável sanha, por sinal! Alvo
bem escolhido.
Como
pode voltar à presidência do Senado alguém que renunciou a ela para não ser
cassado?
Descobriu-se
que um lobista de empreiteira pagava as despesas de uma ex-amante de Renan, e mãe
de uma filha dele. Renan alegou que o pagamento era feito com o seu dinheiro.
Descobriu-se
mais tarde que ele forjou documentos para justificar um patrimônio que não
tinha.
O
procurador-geral da República denunciou Renan ao Supremo Tribunal Federal pela
prática de três crimes: peculato (quando o servidor utiliza o cargo para
desviar dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN) corre o risco de ser denunciado por esses crimes ou por
alguns deles.
Espera
ter mais sorte do que Renan.
O
comando de um dos três poderes da República está entregue a dois espertalhões e
pouca gente se incomoda com isso.
Chamá-los
de patifes seria pedir para que me processassem.
Bastam
os processos a que respondo, dois deles movidos por Renan, dois pelo deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e um pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). Que trinca,
hein? Quase uma quadrilha.
Concordo
que o pastor Feliciano não deve ser deixado em paz. É um poço de preconceitos.
Será incapaz de presidir com equilíbrio uma Comissão destinada a zelar pelo
respeito aos direitos humanos - em especial aos das minorias.
De
resto, é um notável picareta. Porque somente um picareta poderia condicionar a
eventual cura divina à doação de dinheiro ou de bens. E reclamar do fiel que
lhe deu o cartão de crédito, mas esqueceu de lhe revelar a senha.
Então
que se combata o pastor sem deixar, porém, de conferir o devido destaque a tudo
o que corrompe o exercício do poder entre nós.
Por
ora, para ficarmos somente no âmbito do Congresso: quanto custará ao fim e ao
cabo a eleição de Henrique
Eduardo
para a presidência da Câmara?
Fez
parte do preço a entrega da presidência de uma Comissão ao PSC de Feliciano.
Fez
parte também o aumento da verba de gabinete.
É
de R$ 26.700,00 o salário mensal de um deputado. Mas ele recebe um segundo
salário para pagar despesas com alimentação, telefone, aluguel de carros,
combustível e passagem área.
De
R$ 34 mil, o segundo salário passará para R$ 38.600,00. É pago mediante a
apresentação de notas fiscais. Ninguém checa se as despesas foram de fato
realizadas. E se as notas não são frias.
Henrique
saldou mais três parcelas do preço de sua eleição: aumentou o auxílio-moradia
de R$ 3 mil mensais para R$ 3.800,00; eliminou o limite de reembolso para
assistência médica aos colegas; e aprovou a criação de 59 cargos em comissão.
Em
sua defesa, lembra que limitou o pagamento do 14º e 15º salários anuais aos
deputados.
Economia
de palito de fósforo!
Pergunta
que não quer calar: quem financiou a eleição de Henrique? Quem foi?
Nós,
seus bobinhos! Nós!