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O conceito islâmico waqf
Há um fundamento religioso na carta de fundação do Hamas para justificar a destruição de Israel e que merece atenção. Trata-se do waqf. De acordo com a carta, a Palestina é um waqf islâmico consagrado às futuras gerações mulçumanas até o Dia do Juízo. Esta é a lei que vigora na terra palestina e na sharia islâmica (cf. artigo 11 da carta do Hamas). Ou seja, o Hamas não reconhece a partilha aprovada pela ONU em 1947, em reunião presidida pelo Osvaldo Aranha. A questão crucial é saber até que ponto os fundamentalistas estão dispostos a rever ou superar essas imposições de ordem religiosa para pactuar uma paz permanente com Israel.
Quando em 1937 os britânicos sugeriram a partilha da Palestina, com 80% para os palestinos e 20% para os judeus, o então líder palestino anti-semita Mufti Hajj Amin Al-Husseini rechaçou a proposta, alegando razões religiosas. Ele argumentou que a Palestina era um waqf muçulmano (i.e., uma dotação religiosa) para os muçulmanos do mundo. Declarou-se, assim, proibido de ceder sequer um ínfimo pedaço desta terra aos judeus. Ou seja, uma waqf pode ser usufruída, mas nunca desmembrada e, sobretudo, ser outorgada com plenos direitos de posse e propriedade (o que envolve a soberania do Estado de Israel) aos infiéis. A carta do Hamas repete as negativas dos líderes mulçumanos em 1937 e em 1947. Cito a carta na versão em espanhol, tradução literal da versão oficial em inglês:
Artículo 11) El Movimiento de Resistencia Islámica considera que la tierra de Palestina es un Waqf islámico consagrado a las futuras generaciones musulmanas hasta el Día del Juicio. Ni ella, ni ninguna parte de ella, se puede dilapidar; ni a ella, ni a ninguna parte de ella, se puede renunciar. (...)
Ésta es la ley que rige para la tierra de Palestina en la sharía (ley) islámica, e igualmente para todo territorio que los musulmanes hayan conquistado por la fuerza, porque en los tiempos de las conquistas (islámicas) los musulmanes consagraron aquellos territorios a las generaciones musulmanas hasta el Día del Juicio. (...)
Todo procedimiento que contradiga la sharía islámica, en lo que concierne a Palestina, es nulo y sin valor.
Artículo 12) El nacionalismo, desde el punto de vista del Movimiento de Resistencia Islámica, forma parte del credo religioso. Nada es más significativo o más profundo en el nacionalismo que en el caso de que un enemigo pise tierra musulmana. Resistir al enemigo y eliminarlo pasa a ser el deber individual de todo musulmán, hombre o mujer.
Isso talvez ajude a entender o porquê da recusa do Arafat ao acordo proposto por Clinton em 2000. Arafat parece ter agido em consonância com preceitos ou valores políticos autenticamente islamitas.
A carta do Hamas é um documento importante para o entendimento da razão totalitária e terrorista fundamentada em princípios religiosos. Impressiona nesta "plataforma política" do Hamas a justificativa histórica e religiosa da destruição do Estado de Israel. O estado soberano israelita é um corpo estranho a ser devidamente eliminado em defesa da pureza religiosa do fundamentalismo islâmico. A resolução 242 da ONU (desocupação dos territórios conquistados em 1967) é irrelevante, já que para o Hamas os territórios ocupados são todo Israel.
O Hamas não dá a mínima pelota para a ONU, como fica bastante claro no artigo 13 da carta: Las iniciativas, y las llamadas soluciones pacíficas y conferencias internacionales, están en contradicción con los principios del Movimiento de Resistencia Islámica. El insulto a cualquier parte de Palestina es insulto dirigido contra una parte de la religión. El nacionalismo del Movimiento de Resistencia Islámica forma parte de su religión. Sus miembros se han nutrido de eso. Para izar el estandarte de Alá sobre su patria combaten (…) Esas conferencias sólo son maneras de instalar a los infieles en la tierra de los musulmanes en calidad de árbitros. ¿Desde cuándo han hecho justicia los infieles a los creyentes? (…) No hay solución para la cuestión palestina si no es a través de la Yihad. Las iniciativas, las propuestas y las conferencias internacionales son todas una pérdida de tiempo y empresas vanas.
Repetindo o que escrevi em comentárioos anteriores, como é possível obter a paz se o Hamas tem como objetivo estratégico a destruição de Israel, justamente o Estado com quem o Hamas vai “negociar” a paz? Ora, a paz que o Hamas almeja significa a liberação de toda a Palestina, desde o Jordão até o Mediterrâneo. Então, quem não quer ceder? Israel?
O Hamas não combate a ocupação israelense pós-67. Combate o Estado de Israel e a sua existência. Até prova em contrário, seu objetivo é a destruição do Estado de Israel e sua política é continuar a Jihad até o Dia do Juízo Final.
A íntegra da carta do Hamas pode ser lida aqui, na versão em espanhol
http://martinito.blogspot.com/2006/01/la-carta-fundacional-de-hams.html
Esta tradução, segundo o autor, foi realizada a partir da versão oficial em inglês que está aqui
http://www.mideastweb.org/Hamas.htm
O conceito islâmico hudna
Os palestinos de Gaza elegeram o Hamas, que não reconhece o Estado de Israel. Tenho dúvidas sobre se Al-Fatah tivesse sido eleito a situação mudaria substantivamente. Assim como na época de Arafat, reconhecendo oralmente o Estado de Israel e até celebrando acordos, Al-Fatah talvez faça o mesmo hoje, aplicando o conceito de hudna: um acordo temporário que pode ser rompido em qualquer momento, sobretudo quando se trata de vencer o inimigo. Costumamos traduzir tal conceito com a noção ocidental sobre o que é mentir. Por isso, vez ou outra, lemos ou ouvimos dizer que os palestinos são mentirosos incorrigíveis que não cumprem o prometido. Não é tão simples assim.
Há um artigo sobre a hudna do escritor, docente e analista internacional de origem libanesa George Chaya, com o sugestivo título “Comprender el lenguaje es imprescindible para hablar de paz”
Nas palavras de Chaya:
En las negociaciones de paz entre palestinos e israelíes, si la historia nos ha enseñado algo a las partes, es que "alto el fuego" es mucho más que una palabra para lograr sinceramente la paz...
Las barreras lingüísticas, culturales y conceptuales que separan a las partes que negocian son mayores que las difíciles negociaciones que se llevan a cabo durante años en Oriente Medio. Sin perjuicio a que el lenguaje de las negociaciones sea el inglés, cada parte en el proceso piensa en su lengua materna y, consciente e inconscientemente, negocia a través de su propia idiosincrasia y parcialidad cultural. (...)
En inglés, como lo entienden los Estados Unidos, el término "alto el fuego" significa "fin total por una parte de cualquier actividad que una segunda pueda interpretar como agresiva". En hebreo, el término es traducido como Hafsakat esh. Para los israelíes, alto el fuego significa "los palestinos tienen que detener todos los atentados contra ellos, pero si Israel tiene conocimiento de un atentado terrorista inminente puede y deben actuar para evitarlo".
En árabe, el término utilizado para el alto el fuego y la tregua es Hudna, y para los palestinos significa "cese temporal de las hostilidades y/o escalada de hostilidades contra un enemigo real hasta poder vencerlo en el futuro". Estas diferencias son suficientes para dar al traste con cualquier acuerdo suscrito. (...)
La hudna más famosa tuvo lugar en el año 628 d.C., cuando el profeta Mahoma firmó la paz con los ancianos de Medina en la ciudad de Huday Biyyah. El acuerdo al que se llegó duraba 9 años, 9 meses y 9 días. Dos años mas tarde Mahoma violó el pacto y atacó destruyendo y venciendo a los líderes tribales. Esta historia del Corán enseña a los seguidores del Islam dos lecciones importantes: I) Que un musulmán puede firmar un acuerdo con no musulmanes cuando esté en desventaja y ese acuerdo revierta en su interés y II) Que después de haberse revitalizado y fortalecido, puede romper el acuerdo. (...)
En Septiembre de 1993, los líderes Bill Clinton, Yasser Arafat y Yitzhak Rabin firmaron los Acuerdos de Oslo en la Casa Blanca. Esto se presentó como un paso importante hacia la paz. Un mes más tarde, en Ciudad del Cabo, Yasser Arafat denominaba a los Acuerdos de Oslo como pacto Huday Biyyah.
Todos los que oyeron y comprendieron el árabe de estas palabras supieron de la importancia de las expresiones de Arafat: eran una hudna un acuerdo hecho para ser roto en el momento adecuado.
http://www.georgechaya.org/comprender.htm
Os vínculos anti-semitas do Mufti Hajj Amin Al-Husseini e Hitler
Em 1941, Haj Amin al-Husseini voou para a Alemanha e reuniu-se com Hitler, Heinrich Himmler, Joachim Von Ribbentrop e outros líderes nazistas. Ele quis persuadi-los a estender o programa antijudaico dos nazistas ao mundo árabe. O Mufti enviou a Hitler 15 esboços de declarações que ele queria que Alemanha e Itália fizessem no tocante ao Oriente Médio. Uma delas pedia que os dois países declarassem a ilegalidade do Lar Judaico na Palestina. Além disso, que “concordassem com o direito da Palestina e demais países árabes de dar uma solução ao problema dos elementos judeus em seus países, conforme os interesses dos árabes e pelo mesmo método com o qual a questão está sendo implementada agora nos países do Eixo. (...)
Em 1945, a Iugoslávia procurou indiciar o Mufti como criminoso de guerra por sua participação no recrutamento de 20 mil voluntários muçulmanos para as SS que participaram do assassinato de judeus na Croácia e na Hungria.
Todavia, ele escapou da prisão francesa em 1946 e prosseguiu sua luta contra os judeus do Cairo e, mais tarde, de Beirute. O Mufti morreu em 1974.
http://israelxxpalestina.blogspot.com/2007/07/2-sob-o-mandato-britnico.html
Prova factual dos vínculos nazistas de Al-Husseini neste vídeo publicado no blog português O Insurgente
http://oinsurgente.blogspot.com/2006/08/hitler-e-o-mufti-de-jerusalm-haj.html
As origens nazistas da jihad islâmica colocam em suspeição as assertivas atuais que recusam as responsabilidades do fanatismo islâmico no holocausto.
Em “As Origens Nazis do Nacionalismo Palestiniano e da Jihad Islâmica”, David Meir-Levy procura demonstrar que o fanatismo islâmico não nasceu nos anos 60, após o fracasso do nasserismo, mas foi fruto da ascensão do fascismo e do nazismo nos anos 30. De acordo com António Franco Moreira, tradutor da obra, “Meir-Levy traça o DNA do nacionalismo palestiniano, fazendo explodir uma série de mitos que este movimento criou – mitos racionalizados e celebrados durante décadas de terrorismo e de ambições genocidas”. (...)
O posfácio é assinado por Alexandre del Valle, onde o investigador francês procura expor a actualidade das sinergias entre os fanáticos islamistas, a extrema-direita e a extrema-esquerda, e na forma como estes grupos se unem no “ódio e animosidade contra Israel, a América e o Ocidente”. Em anexo, surgem documentos como a Carta Ideológica do Hamas, a acta do encontro entre Hitler e Al-Husseini e ainda a lista de nazis que colaboraram com os Estados Árabes após a 2ª Guerra Mundial.
Esta resenha da tradução portuguesa do livro de David Meir-Levy pode ser lida aqui: