Minha história com o PSDB ...
...e o fim dela
A minha filiação no PSDB se deu por puro ideal, por vontade de fazer algo que pudesse mudar o cenário putrefato da política no Brasil, mesmo que fosse uma gota num oceano; e por achar a social democracia o caminho mais indicado para iniciar esse processo. Claro que pesou em minha decisão a atuação de alguns tucanos, como por exemplo, o então senador Antero Paes de Barros, que conhecia apenas da sua atuação parlamentar no senado como aquele que desvendou alguns dos escândalos da era Lula, mérito que ninguém pode tirar dele. Em resumo, me filiei ao PSDB por acreditar que depois do esvaziamento em função da derrota em 2002, tinha permanecido no partido apenas os dispostos a viver longe das benesses do poder, pessoas que resistiriam e jamais aceitariam se atrelar a qualquer tipo de ilicitude para meramente reconquistar o poder, mas que faria isso através do fortalecimento partidário, da conscientização e dos exemplos a serem demonstrados à sociedade.
Hoje, depois de pouco mais de três anos de filiada, que pareceram 30 anos pelo tanto que eu me envolvi com o partido e pelo tanto que aprendi dentro dele, a decepção tomou conta de mim. O que vejo é a condução do partido sendo definida por algumas pessoas, note bem, algumas pessoas, afoitas pelo poder e que por ele estão dispostas a transpor os limites da moralidade e da licitude. Pessoas para as quais a moral e a honra são definidas por melhores ou piores alianças.
Não, não posso compactuar com a máxima de que Ética é aquilo que se deve cobrar apenas daquele com o qual não se aliou. Até porque o PSDB de Mato Grosso não definiu ainda quem é seu adversário. Vive um constante transtorno de personalidade tal como um paciente fronteiriço, mas que por não se tratar de um paciente psiquiátrico, torna-se apenas mais um partido embusteiro cuja opinião muda ao sabor do humor.
Nem o tão propalado estilo administrativo do PSDB que tanto admirei um dia é possível ser reconhecido aqui, onde cargos são definidos como num leilão. Quem dá mais leva. E nascendo desse descompromisso, como cobrar respeito ao povo? Não, não aceito esta permuta de cargos quando o que se está em jogo é o atendimento ao cidadão. Como também não aceito a chantagem por contratos. O meu ideal não é definido por contratos vantajosos de prestação de serviço. Ingenuidade política? Pode ser, mas não transijo com a ética e a moral.
Como acreditar que algo concreto possa ser construído por um partido que vê o político José Riva, considerado o mais corrupto do Brasil, como “o fiel da balança”?, conforme afirmou dias atrás Antero Paes de Barros, ex-senador, hoje uns dos formuladores da condução do partido e marqueteiro do prefeito da capital e presidente estadual do partido.
De que balança? Não, o peso das minhas crenças não é medido por essa mesma balança. Usar como justificativa para essa aproximação antigos acordos ou antigas “dívidas políticas” que alguns membros do partido possam ter com o deputado José Riva, torna a aproximação mais vil, pois usa a Instituição partidária para interesses particulares e compromete a imagem daqueles que não compactuaram e jamais compactuariam com isso.
Por isso, com pesar me desligo do partido, não com pesar pelo desligamento, mas com pesar pelo rumo que o partido parece ter escolhido. Lamento pelas muitas pessoas de bem que fazem parte do PSDB, em especial lamento pela juventude, esses que nem sequer são consultados para essas alianças formadas ou tramadas nas caladas das noites.
Apesar do rumo escolhido por alguns membros deste PSDB, continuo acreditando que existam pessoas bem intencionadas e acreditando que política é muito mais que a busca desenfreada pelo poder, que a faz passar por cima da ética, da retidão, da honestidade e da honra. E por acreditar que a única forma de mudar esse modo pernicioso com que o povo é tratado é através da política, continuarei, na medida de minhas possibilidades, canalizando todo meu esforço na exigência de respeito e dignidade para a população.
Adriana Vandoni