TSE usa dois pesos e duas medidas e absolve governador
Por Chico Bruno
Os companheiros de Senadinho chegaram à conclusão que nunca antes nesse país aconteceram tantos escândalos no Congresso Nacional como nos cinco primeiros meses desse ano. A conclusão foi à unanimidade. Não houve a mínima discordância.
Enquanto a mídia, foca sua artilharia na farra de passagens, servidores fantasmas, artifícios de estatal, terceiro mandato, sucessão de 2010 e outros temas, acontecem coincidências relevantes no dia a dia da Justiça Eleitoral. “Após cassar dois governadores neste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recuou, na noite de ontem, ao julgar ação movida pelo Ministério Público contra o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), e o absolveu”, informa o lead do jornal Valor.
Para alegria do governador Waldez, a mídia não percebeu que aconteceu algo muito estranho no julgamento, como, por exemplo, a rapidez com que todos os ministros concordaram com o voto do relator, a insistência do presidente da Corte, Carlos Ayres de Britto, em trocar o estado de origem da causa pelo Acre e todos engolirem a tese da defesa de que o expediente da Polícia Militar do Amapá se encerra às 13:00.
Para o procurador-geral eleitoral, Antonio Francisco de Souza, o governador Waldez Góes praticou abuso de poder político e incorreu em conduta vedada a agente público ao tentar, por meio do Comando da Polícia Militar, angariar votos a favor de sua reeleição entre os militares da corporação e ao Corpo de Bombeiros. Diante disso, segundo o Ministério Público, o governador deveria ser cassado e ser marcada nova eleição para o cargo no estado.
No processo de Waldez, o relator Fernando Gonçalves divergiu do MPE ao afirmar em seu voto que o encontro com cem pessoas com a participação do governador no Clube de Oficiais da Polícia Militar em julho de 2006 foi regular, pois ocorreu em local privado, pertencente a uma associação. Além disso, o ministro destacou que as mensagens de apoio à candidatura de Waldez Góes foram transmitidas de um celular privado, pertencente à esposa de um dos oficiais que participaram da reunião.
Mais hilário é o argumento a acusação de que houve uso de órgão público. Para o relator, o material de campanha encontrado na gaveta de um móvel na Vice-Governadoria não foi distribuído. Para Fernando Gonçalves não foi provado que o governador do Amapá nem o vice-governador sabiam da existência do material de propaganda achado na gaveta.
Com as mesmas acusações e provas Cássio Cunha Lima e Jackson Lago foram cassados, enquanto Waldez foi absolvido.
Por isso, tudo vale uma análise crítica da mídia, pois os indícios de armação estão claros e cristalinos, principalmente envolvendo a figura do senador José Sarney, que está todo prosa, pois não perde uma nos tribunais superiores.