segunda-feira, 19 de abril de 2010
Como está o centro de Campinas atualmente
Antes concentrados principalmente na cracolândia da velha rodoviária, traficantes e usuários agora se espalham
Agência Anhangüera de Notícias
Um cachimbo feito com uma antena de rádio fixado ao que restou de um botão de uma antiga televisão, um usuário de crack, de 26 anos, acende o isqueiro e queima o objeto confeccionado por ele para fumar a droga sem se importar em ser visto. Ele faz isso todos os dias no início da noite, sentado tranquilamente embaixo de uma árvore em plena Praça Ópera O Guarani, no Centro de Campinas. A ele, unem-se mais sete viciados que disputam migalhas de duas pedras de crack compradas momentos antes. O local fica a poucos metros do Viaduto Miguel Vicente Cury e à beira da Rua Saldanha Marinho — via de grande fluxo de veículos e pedestres.
Assim como eles, dezenas de usuários espalhados pela área central da cidade escolhem lugares mal cuidados e abandonados para o consumo da droga. São praças, terrenos baldios e construções inacabadas que mesmo em plena luz do dia são disputados pelos chamados “casqueiros” ou “crackeiros”. Eles passam horas e até dias consumindo a droga, que tem efeito devastador e provoca rápida dependência. Reunidos nesses “becos”, não se importam em serem flagrados durante o consumo.
Durante dois dias, a equipe de reportagem da Agência Anhanguera de Notícias (AAN) percorreu as ruas do Centro de Campinas e conseguiu identificar ao menos sete pontos de consumo desse tipo de droga. Constatou que houve uma expansão desses locais na região central, principalmente após a diminuição no número de blitze realizadas pelo programa da Prefeitura Tolerância Zero. A operação é uma força-tarefa entre a Administração municipal e as polícias Civil e Militar para combater irregularidades que geram desordem social e aumento da criminalidade. De acordo com dados da Polícia Militar (PM), o número de prisões relacionadas ao tráfico de drogas cresceu 10% este ano em relação ao primeiro trimestre de 2009.
Antes de se proliferar por outras regiões centrais, o consumo de crack ficava concentrado em uma área apontada como a “cracolândia” campineira, também conhecida como o “quadrilátero da pedra”, formado pela velha rodoviária — que teve o prédio demolido no mês passado, dentro da operação —, o entorno da antiga estação ferroviária, as ruas Marquês de Três Rios, Barão de Parnaíba e Dr. Ricardo, e a Avenida Barão de Itapura.
A reportagem do correio não fala sobre o consumo aberto de crack e outras drogas em plena luz do dia no centro de Campinas. Em pleno meio dia na Av. Francisco Glicério (uma das avenidas principais da cidade) é comum ver crianças de 8 a 10 anos sentadas na sarjeta, perto dos semáforos onde pedem esmolas, cheirando cola.
As políticas e programas brandos de tolerância ao consumo de droga resultam nisto. Não gosto da administração do prefeito Hélio de Oliveira (péssima e corrupta), mas uma das poucas medidas que tentou implantar, o “Tolerância Zero’, que previa, dente suas muitas propostas, dar atendimento a drogados que se encontram nas ruas nos centros municipais e com parcerias com hospitais na cidade, foi duramente rechaçada pelo velhos grupelhos de sempre. Primeiro o PSOL fez um protesto de falsos moradores de rua em frente a prefeitura por uma semana contra o programa, não obteve resultado, tanto que ninguém deu bola, sequer uma nota sobre o falso protesto saiu em algum jornal da cidade.
Na semana passada representantes de entidades que lutam pelos direitos humanos na cidade protestaram contra o programa. Gostaria de perguntar a estas entidades qual seria a solução? Manter as pessoas se drogando nas ruas e aumentando a criminalidade e o sustento dos traficantes que vendem estas drogas no centro? Esperar que morram de overdose para acabar com o problema? Claro que setores da igreja católica que trocam Cristo por Che Guevara encabeçavam a lista de quem se opunha ao programa.