sexta-feira, 23 de abril de 2010
A polícia brasileira continua a mesma SS de sempre
Quando vejo os cretinos de olhos esbugalhados se deliciando quando um PM barrigudo chuta um criminoso e defendendo que se faça 'justiça' com marginais, imediatamente me recordo que ele mesmo pode ser a próxima vítima dos porcos fardados. Há um clamor pela violência policial neste país. O Estado não possui o direito (na pessoa de quem for) de espancar o pior dos crimonosos. As leis brasileiras são horríveis, a polícia idem. Engraçado, para estes que entram em êxtase quando um polícial espanca um suspeito vou contar um segredo: nunca vi um dos valentes políciais que adoram "disciplinar" bandidos chegar dando um soco no peito de um famoso traficante, geralmente é tratado com respeito, muitas vezes como "meu senhor".
Mais um policial militar foi preso acusado de participar da morte de um homem, de 30 anos, na zona norte de São Paulo, ocorrida na semana passada. Segundo a Polícia Militar, ele foi detido na madrugada desta sexta-feira, 23, e levado para a Corregedoria da Polícia Militar.
O motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos foi encontrado morto em Santana, três horas depois de ser abordado por policiais militares na Casa Verde, zona norte de São Paulo, e ser levado para a 1ª Companhia do 9º Batalhão com outros três rapazes.
Testemunhas disseram à Polícia Civil que o rapaz foi torturado, espancado e humilhado no quartel, no fim da noite do último dia 9. Oito PMs estão recolhidos à Corregedoria da PM.
Caso
Três horas depois de ser abordado por policiais militares na Casa Verde, zona norte de São Paulo, e ser levado para a 1.ª Companhia do 9.º Batalhão com outros três rapazes, o motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, de 30 anos, foi encontrado morto em Santana, na mesma região. Testemunhas disseram à Polícia Civil que o rapaz foi torturado, espancado e humilhado no quartel, no fim da noite do dia 9. Oito PMs foram presos nesta quinta-feira, 22.
O secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, informou ontem, em nota, ter determinado que as Polícias Militar e Civil façam "a mais rigorosa apuração dos fatos". A nota diz que a secretaria "não compactua com esse tipo de procedimento, que considera abominável".
De acordo com informações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Santos sofreu traumatismo cranioencefálico. O corpo do motoboy apresentava hematomas e foi encontrado por PMs do mesmo batalhão para onde havia sido levado na noite de sua morte. A vítima estava com a calça arriada e sem camisa.
O DHPP pediu à PM as fotografias e a escala de serviço de todos os policiais que trabalharam na noite daquele dia e na madrugada seguinte, dia 10 deste mês. O porta-voz da Corregedoria da PM, major Reinaldo Zychan, disse ontem que os oito presos começaram a ser ouvidos. Um dos suspeitos de participação é o soldado Antonio Sidney Rapelli. O porta-voz não confirmou se Rapelli é investigado.
A noite da morte
A equipe E-Leste do DHPP apurou que, na noite do dia 9, Santos pediu ajuda a um amigo açougueiro para procurar a bicicleta do filho que havia sido furtada. Eram por volta das 21 horas quando o motoboy encontrou três rapazes na esquina da Rua Maria Curupati com a Avenida Casa Verde. Os quatro começaram a discutir. Os rapazes disseram que não haviam furtado a bicicleta.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante a discussão, chegaram as viaturas 09145 e 09149. Os PMs desceram e perguntaram aos quatro o que estava acontecendo. Um PM deu um soco no peito de Santos.
Inconformado, o motoboy quis saber o motivo da agressão e derrubou o PM. Santos foi colocado em uma viatura e levado para a sede da 1.ª Companhia do 9.º Batalhão, situada ao lado do 13.º DP (Casa Verde). Os três rapazes entraram na outra viatura e foram para o mesmo local.
Nos primeiros minutos do dia 10, os PMs perguntaram aos três rapazes se eles queriam prestar queixa contra Santos. Eles disseram que não e foram liberados em seguida.
Agressões
As testemunhas contaram no DHPP que Santos foi torturado e levou chutes e socos. Disseram ainda que cada PM que chegava ao quartel ouvia dos colegas que Santos havia xingado todos. Cada um que entrava no serviço batia no motoboy. O Departamento de Homicídios apurou que até policiais femininas participaram das agressões.
Por volta de 0h10, PMs da viatura 09145 avisaram o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) que haviam encontrado um homem negro caído na esquina da Avenida Brás Leme com a Rua Voluntários da Pátria. Os PMs avisaram ainda que iriam levar a vítima para o Pronto-Socorro de Santana. Santos já chegou morto ao hospital.
Os PMs comunicaram o óbito no 13.º DP às 2h15. "A família prestou queixa de desaparecimento no dia 13, achou o corpo no IML no dia 14 e nos procurou no dia 16", disse Elisabete Sato, delegada do DHPP.