O SENSUS TRANSFERIU UBERLÂNDIA PARA SÃO PAULO
terça-feira, 20 de abril de 2010 | 5:53
Entendo que as coisas estão se complicando bastante para o Sensus. Seu questionário, como já mostrei aqui, parece talhado para induzir o eleitor a votar na “candidata de Lula”. Aí ficamos sabendo que o contratante inicialmente apontado pelo instituto não era aquele, mas outro — o que só foi admitido depois de reportagem. Vocês se lembram disso tudo. Mas as impropriedades não param por aí, não.
O acesso aos dados técnicos da pesquisa revelou um erro na codificação de cidades, por exemplo. A mineira UBERLÂNDIA foi parar no… ESTADO DE SÃO PAULO!!! Segundo os dados fornecidos pelo próprio Sensus, fizeram-se, então, 15 entrevistas na capital paulista e 120 na cidade mineira!!! Simples erro de codificação??? Se for, indago: não está na hora de o Sensus começar a acertar a fonte pagadora, o código da cidade, o questionário?…
Há mais desvios técnicos. Na amostra entregue ao TSE, o Sensus prometeu entrevistar 6% de pessoas que ganham até um mínimo: entrevistou 17,7%; na faixa de 5 a 10 mínimos, informou ao tribunal que seriam 23,1%; entrevistou só 15,3%; de 10 a 20, disse que seriam 8,9%, mas entrevistou 5,2%; acima de 20, seriam 2,6%, mas ficou em 1,2%.
Contrariando um procedimento padrão, as respostas dos entrevistados não estavam no próprio questionário, mas numa outra folha, em código. Até aí, vá lá… Ocorre que boa parte dos questionários não trazia a tal folha anexada.
O PSDB não pode saber o nome de quem responde a pesquisa porque esse é um sigilo garantido por lei, mas a informação do local em que ela foi realizada não é sigilosa. O Sensus se negou a fornecê-la. Também foi preciso negociar muito para saber o horário das entrevistas. Constatou-se que, contrariando o procedimento técnico mais comezinho, muitos questionários não traziam esse dado.
Ricardo Guedes, um dos sócios do Sensus, não informou os nomes dos entrevistadores — segundo disse, só com nova determinação judicial. Como se nota, a fonte pagadora do levantamento e aquele questionário já tendente a induzir o entrevistado parecem ser os menores problemas da pesquisa Sensus.
Cuidado
Sou contra qualquer restrição à divulgação de pesquisas. Mas sou absolutamente favorável à transparência. Se todos os institutos passarem a ser mais rigorosos, o eleitor só tem a ganhar!