Eis os ídolos da direita brasileira, paraguaia, etc.
Ainda sobre o Paraguai: para quem é democrata, de fato e não apenas na aparência, o mandato do adversário é tão sagrado quanto o próprio. Justificar golpes, como a direita brasileira faz agora, é abrir a porta para a licença. Amanhã, NENHUM mandato terá o respeito universal. E aí, estaremos a um passo da rebelião permanente, do impossível convívio dos diferentes, da guerra civil. Os golpistas do Paraguai não quiseram esperar o fim do governo Lugo. Breve o usurpador de plantão será destituído e outro e outro. Até que um ditador, como Stroessner, fique no mando por décadas. Acho espantoso que a direita nacional "esqueça"a injustiça econômica e societária no Paraguai. Sou democrata e não me rejubilo com NENHUM golpe. E neste caso, não adianta tapar o sol com a peneira. Não foi uma quartelada (ainda pode ser), mas foi um golpe do Parlamento. É por coisas assim que Benjamin Constant (o verdadeiro, o francês) idealizou o Poder Moderador : para impedir golpes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Dizer que formalmente a destituição de Lugo (não tenho nenhuma simpatia por ele, nem religiosa, nem política e muito menos ideológica) foi legal, é esquecer que o golpe que instituiu o nazismo na Alemanha também o foi. E a URRS seguia "a lei", só que emanada do Partido. Idem, com Mussolini. Summa lex, summa iniuiria, diziam os romanos.
É o que se passa agora no Paraguai. Lembremos aos udenistas de hoje: a UDN exigiu o golpe, e acabou golpeada. O que dela sobrou lambeu as botas do ditadores, com muito gosto corrupto. O mandato de Goulart deveria ser sagrado. Não o foi. Durante décadas não mais existiram mandatos. Só mandatários de sua própria vontade : "A Revolução se legitima por si mesma" segundo o Ato Institucional de número 1. Cabeças miúdas não têm boa memória, são agraciadas com inteligência ainda pior. A truculência ideológica de direita não justifica a truculência ideológica de esquerda. São dois amigos fraternos, ou inimigos cordiais. E basta.