segunda-feira, 25 de junho de 2012

Digamos assim: a CAPES piora procedimentos antiéticos. Mas não os gera. Com seus métodos, ela desperta o pior dos acadêmicos. Mas o pior lá está, na própria estrutura da pesquisa nos laboratórios e nos campi. Há muitos anos denuncio a aceleração do tempo, na concessão de recursos para investigações e pósgraduação. Mostrei, em inúmeros artigos, que tal rapidez cronológica retira da pesquisa o essencial: a errância, a verificação, a dúvida, a busca. Em minha entrevista à Revista Caros Amigos (que me custou bolsas minhas e de alunos, como retaliação dos covardes assessores anônimos) mostrei o quanto o sistema repousa sobre a falta de ética, travestida exatamente de....ética. É como no mundo de "1984", o campo da guerra é dito da paz, etc. Mas se a "avaliação acadêmica"segue o caminho da mentira, precisamos recordar que o próprio reino dos intelectuais é o "reino dos ladrões roubados", segundo o lúcido Alexandre Kojève. Quem se lembra dos "grupos de excelência"do governo FHC? Os "excelentes"(que pertenciam aos lobbies poderosos, acadêmicos e políticos) mandavam nas administrações universitárias, eram os "enfants gâtés" que humilhavam os "improdutivos". É bom recordar também a nefasta "lista dos improdutivos"da USP, organizada pela tribo tucana naquela universidade. Enfim, acho pouco culpar apenas a Capes, o CNPq, etc. As seitas acadêmicas, ou melhor os lobbies poderosos junto aos jornais formaram o tipo de "seleção" que agora mostra seus frutos apodrecidos. Como diziam as "Preciosas Ridículas" de Molière, ampliadas pelo "Sobrinho de Rameau"diderotiano, "ninguém terá espírito, se não for tão tolo quanto nós (nul n'aura de l 'esprit, s'il n'est aussi sot que nous). De fato...RR



segunda-feira, 25 de junho de 2012


Pesquisa revela que pressão da Capes pode gerar conduta antiética

Publicado em março de 2012, pelo Portal ANDES

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN


Data: 07/03/2012

Pressão da Capes pode gerar conduta antiética

A pressão feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) por publicações pode gerar condutas antiéticas por parte dos pesquisadores. Tal constatação faz parte de pesquisa desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.

Segundo o autor do estudo, Jesumar Ximenes de Andrade, “quem não publica muito pode ser responsável pela redução da nota do curso e, por consequência, pode ser retirado do programa”. Tal relação é tema da tese de doutorado de Andrade, sob a orientação do professor Gilberto de Andrade Martins e será defendida no mês de abril. A pesquisa foi aplicada na área de Contabilidade.

Andrade fez o levantamento da opinião de 85 pesquisadores durante o Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, em 2009, na FEA. Através de pesquisa quantitativa, na forma de questionário, o pesquisador apresentou 18 comportamentos antiéticos aos entrevistados, pedindo que esses respondessem à frequência com que ficaram sabendo de alguma daquelas práticas, bem como, a freqüência que acreditavam que tais comportamentos ocorriam. Ao final, foram questionados sobre os fatores que levariam a tais comportamentos. Com os dados coletados através do questionário, Andrade aplicou uma entrevista semi-estruturada a oito pesquisadores.

Conforme os levantamentos, um dos fatores mais indicados como propulsores de condutas antiéticas foi a pressão por um grande número de publicações. “É algo que merece reflexão da própria Capes e de toda a comunidade científica. É melhor ter quantidade ou qualidade? Publicações com qualidade exigem tempo para serem produzidas”, afirma o pesquisador. Contudo, Andrade ressalta que a crítica não é ao papel que a Capes cumpre e sim aos atuais mecanismos. O autor pontua, ainda, que segundo a pesquisa as condutas antiéticas ainda não possuem muita frequência, contudo, sua simples existência já deve servir como alerta, buscando novas perspectivas que eliminem de vez a má conduta no meio acadêmico.

Práticas mais citadas
 
Entre os exemplos de má conduta, os mais citados estão relacionados às coautorias e a bibliografia. No primeiro caso, é comum, segundo os entrevistados, creditar a coautoria de outros autores que não contribuíram com o trabalho. Com isso, em outra pesquisa existe a retribuição. Com isso, aumenta-se o número de publicações para ambos. No que se refere à referência bibliográfica, é comum, também segundo dados da pesquisa, a citação de obras que não foram lidas, o que daria ao trabalho a impressão de um maior embasamento teórico. Outro dado que chamou a atenção, foi que os entrevistados acreditavam que a frequência com que são praticadas tais condutas é maior do que eles têm conhecimento.
Edição: Rafael Balbueno/Fritz Nunes (Sedufsm)

FONTE: http://portal.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5195