- Por: UOL Notícias
- Romano: “Na política, sensação é de Carnaval o ano inteiro”
21/02/2009 07h00 (15min53s)
- http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/03/03/col_53.php
- 03/03/2009
Uma questão de impunidade
Publicado em 03.03.2009O Carnaval passou. E o silenciar dos clarins anuncia que agora 2009 começou. Mas o cenário da política brasileira descortina, a cada dia, o desfile de uma “permanente alegoria do processo político”, nas sábias palavras do professor de Ética da Unicamp, Roberto Romano. Essa brincadeira de castelos, de máscaras que se compõem e se decompõem, de partidos que se configuram em “verdadeiros blocos carnavalescos”, de verdadeiras farras com o dinheiro público, que todos os dias se derramam em denúncias pela imprensa, nos leva à triste e desalentadora constatação de que a impunidade vai muito bem, obrigado. É aí que reside o cerne do problema da corrupção no Brasil.De nada adiantam, embora louváveis, frentes que esbravejem grita pela moralidade na política. De nada adiantam, também merecedores de total endosso, os esforços para elevar o debate contra a corrupção ao mais alto decibel. Se os próprios integrantes da política tornaram ela algo risível, acolhidos pela santa-impunidade, “está quebrada a ordem do Estado” e “é isso que impede a possibilidade da governabilidade”, alerta Romano.
O professor está certo. É preciso questionar o papel da Justiça. É preciso instituir no País a punidade aos políticos improbos. O começo, sugere Romano, é o fim do foro privilegiado. “Se além da corrupção ainda temos esse instrumento que faz com que o STF não tenha condenado ninguém até hoje, estamos em maus lençóis”, espanta-se Romano. E a gente também. Com a impunidade nos contundindo, todos os dias, com denúncias de corrupção que, às vezes, soam corriqueiras. O que é mais grave.