Terça-feira, 24 de Março de 2009
Churrasco: nada a declarar
Afoitos já tentam desvendar as causas possíveis com ilações sem sentido, para quem não conhece a metodologia complexa de um questionário de frequência alimentar. O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA) está aplicando essa metodologia em 15 mil pessoas e, poderemos saber o impacto na população brasileira. Não basta considerar somente o consumo de carne, mas o tipo de carne consumida e, como é preparada. Por isso, mais cautela na leitura rápida de artigos de epidemiologia.
Abaixo, matéria da Folha de S.Paulo sobre o tema.
Reduzir carne vermelha diminui mortalidade Pesquisa publicada no "Jama" acompanhou 500 mil pessoas durante dez anosPara pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% em mulheres poderiam ter sido adiadas com a redução de carne vermelha JULLIANE SILVEIRACLÁUDIA COLLUCCIDA REPORTAGEM LOCAL Um estudo divulgado hoje no "Jama" (revista da Associação Médica Americana) aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 mil norte-americanos de 50 a 71 anos de idade.Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas -o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 g a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.No caso das doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração.Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade coronária do hospital Albert Einstein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol."Além disso, ele alerta para os condimentos. "O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação.