Lula para CNN: ‘Deus não pôs o Obama lá para nada’
Presidente defende Chávez e diz que não quer 3º mandato
Divulgação/CNN
A rede americana CNN levou ao ar, neste domingo (29), uma entrevista com Lula. Foi gravada em 16 de março, na passagem do presidente brasileiro por Nova York.
Lula disse que há “democracia” na Venezuela de Hugo Chávez, chamou de “absurdo” o embargo dos EUA a Cuba...,
...Repisou a tecla de que o Brasil deve ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU...
...E disse que os EUA pecisam ser mais “generosos” com os vizinhos.
Perguntou-se a Lula o que havia conversado com Barack Obama na audiência que tivera com ele dois dias antes.
O presidente repetiu o lero-lero de que reza mais por Obama do que por si mesmo. “Tenho muitos problemas, mas ele tem problemas mais delicados do que eu”.
Em seguida, disse acreditar que “Deus não colocou ele [Obama] lá para nada”. Acha que, se foi eleito, é porque algo de “muito importante” vai acontecer nos EUA.
No trecho dedicado à Venezuela, Lula rebateu a insinuação do entrevistador de que não haveria democracia sob Chávez.
Disse que se pode discordar de Chávez, mas não é correto dizer que não comanda uma demcoracia. Comparou-se ao amigo venezuelano:
"Eu tenho quatro anos [de poder] a menos que Chávez. Ele já passou por cinco, seis eleições. Eu tenho duas eleições".
Contou que, em visita a Caracas, aconselhara Chávez a aproximar-se de Obama. E “ele disse que gostaria”.
Insinuou que a Casa Branca também precisa rever os seus métodos: “A economia dos EUA é maior, tem de fazer gestos de generosidade com seus vizinhos”.
A certa altura, a conversa enveredou para o terceiro mandato. Esgrimindo um índice de popularidade já desautorizado pelas pesquisas mais recentes, Lula disse:
"Eu poderia, neste momento em que tenho 84% de aprovação da opinião pública, propor que um deputado apresentasse uma emenda de terceiro mandato...”
“...Eu não quero porque acredito na renovação, que a troca de presidentes é importante para o fortalecimento da democracia".
Conversou com Obama sobre Cuba? Lula disse que não. Mas permitiu-se emitir uma opinião a respeito do embargo imposto pelos EUA à ilha. Chamou-o de “abusurdo”.
"[...] Não há razão do ponto de vista sociológico, militar, político e muito menos econômico para manter esta barreira”. Disse que Obama deveria fazer um “gesto”.
Que gesto? "Eu não sei, não posso dizer. Mas não tem significado hoje, por causa de uma revolução em 1959, continuar com este embargo absurdo".
Falou-se também na entrevista sobre o G-20. O grupo, que reúne os países ricos e os emergentes, reúne-se nesta quinta (2), em Londres.
O entrevistador perguntou a Lula se o G-20 não deveria tratar de outros temas além da pauta econômica. Energia e mudanças climáticas, por exemplo.
O presidente concordou. “Acredito que o G-20 se tornará o principal fórum para que possamos discutir economia, questão climática, paz mundial...”
“...O G-20 é muito mais representativo, heterogêneo e representa [melhor do que o G8] a geografia econômica e política [do mundo]".
Lula disse que, nos encontros do G-20, em meio a outros presidentes e chefes de Estado, sente que é o único que já sofreu na própria pele a miséria e a fome.
Contou que morou em casas colhidas por enchentes que subiam a um metro e meio de altura. Disse que não havia o que fazer.
Restava dividir o espaço com ratos e barata. E esperar a água baixar. Acrescentou: “Eu sei o que o desemprego significa. Fiquei desempregado por um ano e meio”.
Lula afirmou que fala de igual para igual com os demais chefes de Estado. Gente que, há dez anos, via pela TV e jamais imaginou que chegaria perto.
Agora, ao compartilhar com os demais chefes de Estado o mesmo grupo, “às vezes aprendo, às vezes ensino”.
Algo que, para Lula, é um dos “prazeres” da política, que lhe foram proporcionados pela “democracia”.