terça-feira, 31 de março de 2009

Toma que o filho é teu, meu sinhô, toma que Deus te deu...

31/03/2009 - 15h30

PF diz que juiz deve explicar divulgação de nomes de partidos em investigação da Camargo Corrêa

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, negou nesta terça-feira que a Operação Castelo de Areia tenha beneficiado legendas da base governista nas investigações sobre o suposto repasse irregular de recursos da Camargo Corrêa para partidos políticos.

Ele disse que o juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal de Justiça, deve explicar o vazamento de informações sobre doações feitas pela Camargo Corrêa a partidos de oposição --uma vez que tornou público trecho da sua decisão judicial que autorizou a operação.

"A Polícia Federal não se moveu, não praticou nenhum ato motivado por questões partidárias ou políticas. Agora, os interlocutores é que referiram e falaram nomes de pessoas, instituições e partidos. E essas pessoas estavam sendo interceptadas legalmente. O juiz, ao dar publicidade do seu despacho de decisão se fundamentou inclusive em alguns desses. Cabe ao juiz e somente ele pode fazer isso [explicar as informações]", afirmou.

Corrêa disse que atribuir à PF a responsabilidade de atuar tendenciosamente para beneficiar partidos políticos na Operação Castelo de Areia "é uma injustiça a tudo que ela tem feito ao Brasil".

O diretor-geral da PF disse que a instituição não divulgou nenhuma informação referente à Operação Castelo de Areia. Corrêa também saiu em defesa do delegado Otávio Russo, responsável pela operação, ao afirmar que "de forma alguma ele faz qualquer juízo de valor ou trata de irregularidades" em seu relatório.

"Os fatos acontecem no correr de uma investigação e a polícia tem que dar conhecimento a Justiça. Tudo o que nós tomamos conhecimento numa investigação, dirigimos ao juiz. Feito isso, o foco foi única e exclusivamente nos crimes financeiros. Imediatamente, no dia de deflagração, publicamos uma nota, nós tratamos somente de crimes financeiros", afirmou.

O relatório da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, omitiu as doações da construtora Camargo Corrrêa a outros três partidos políticos: PT, PTB e PV, segundo o Jornal Nacional, da TV Globo.

Deflagrada na semana passada, a operação desarticulou uma quadrilha especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro e também menciona sete partidos políticos que podem ter recebido doações ilegais da construtora nas eleições de 2008.

O relatório da PF cita PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT, PMDB e PP, que negam caixa dois. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é apontada na investigação como intermediária das doações da empresa a políticos. A entidade nega as suspeitas.

Segundo a reportagem do "Jornal Nacional", os nomes dos três partidos que ficaram de fora do primeiro relatório da PF estão em um e-mail enviado por um dos diretores da Camargo Corrêa em novembro do ano passado para um representante da Fiesp.