segunda-feira, 5 de abril de 2010

De Paulo Araújo, como sempre, informações essenciais. sobre o mundo.



Seminário patrocinado pela CRE do Senado

"A Revisão do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares"

Data: 07 de abril de 2010. LOCAL: Auditório do Interlegis - Senado Federal - Av. N2 - Anexo “E” Cep: 70165-900 - Brasília / DF

O trecho abaixo foi retirado da “Apresentação” do evento que ocorrerá sob patrocínio da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal – CRE:


”O atual regime tem ampliado o fosso entre as grandes potências nucleares, que pouco fizeram em relação ao seu próprio desarmamento e priorizaram a “Não-Proliferação”, criando obstáculos para o uso pacífico da tecnologia nuclear pelas nações em desenvolvimento.”

http://www.senado.gov.br/comunica/seminario_armas/default.asp


No trecho citado está evidente o destaque negativo e preconeituoso conferido ao TNP. Assertivas são enunciadas sem nenhum cuidado com a apresentação das provas. Na sucinta “Apresentação” nem ao menos uma linha sequer é colocada em contraponto à crítica ao Tratado. Sobretudo, nada se informa sobre os resultados do TNP em realção aos acordos de desarmamento que as duas principais potências (EUA e URSS) levaram a cabo nos últimos anos. Obviamente que estamos muito distantes da situação ideal de um mundo livre de armas atômicas, mas isso não é razão suficiente para a concluir que sem o TNP o mundo estaria em melhor situação.

Destaco os aspectos negativos apontados no texto da apresentação:


1. O TNP ampliou o fosso entre países. (Falso ou verdadeiro?)
2. As potências pouco fizeram e não priorizaram a "não-proliferação". (Falso ou verdadeiro?)
3. O TNP estaria criando "obstáculos para o uso pacífico da tecnologia nuclear pelas nações em desenvolvimento". (Falso ou verdadeiro?)

A conclusão sobre o TNP ser um entrave para o uso pacífico da tecnologia nuclear é falaciosa e, no mínimo, uma irresponsabilidade. Espero que o Seminário não se tranforme em caixa de ressonância favorável à pretensão de Lula de integrar na Conferência do TNP em maio o grupo de países que vão entrar aberta ou tacitamente em confronto com o Tratado de Não-Proliferação.


Mas o Seminário vem em boa hora. Em rápida pesquisa na internet encontrei quase nada sobre o que pensam a respeito do TNP os convidados. Apenas localizei estas declarações. Espero que sejam posições minoritárias. A rigor, nem deveriam estar presentes no Seminário, posto que a Constituição de 1988 veda a pesquisa nuclear para fins bélicos:


Eurico de Lima Figueiredo. Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa - ABED;

“Pessoalmente, acho que em cinco ou dez anos a sociedade terá de dizer se quer ou não uma bomba atômica, independentemente de sermos signatários do TNP. É um passo natural de nossa independência nuclear. E isso terá de ser debatido por civis, dentro de regras democráticas”. (01/09/2009)

http://www.alide.com.br/joomla/index.php/capa/36-noticias/590-rumo-a-independencia

Prabir Purkayastha. Vice-Presidente da Organização de Paz e Solidariedade da Índia.

“Penso que um submarino nuclear tem muito pouco propósito a não ser que seja visto como parte de um sistema de disparo de armamento nuclear. Submarinos nucleares - em doutrinas nucleares convencionais - permitem uma capacidade de segundo ataque, porque podem ficar submersos por longos períodos. Sem armas nucleares, é difícil entender gastar dinheiro com brinquedos tão caros” (27/01/2010)

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100127/not_imp502066,0.php