A pesquisa Vox Populi divulgada neste sábado pela Band provocou polêmica antes mesmo de seus resultados serem conhecidos. Isso porque o questionário registrado no TSE mostrava uma peculiaridade: a ordem das perguntas era diferente das de outras sondagens feitas pelo próprio Vox Populi e pelos demais institutos. Em pesquisa eleitoral, a ordem dos fatores altera o produto.
Na pesquisa registrada com o protocolo 7.337/2010, o Vox Populi primeiro pergunta ao entrevistado em quem ele votaria se a eleição para presidente fosse hoje, sem apresentar a relação dos nomes dos candidatos. É a pergunta 11, que mede a chamada intenção de voto espontânea. Até aí, está tudo dentro do esperado. A novidade foi na pergunta seguinte (veja aqui o Questionario-2).
Antes de apresentar o cartão circular com o nome dos candidatos e perguntar em quem o entrevistado escolheria dentre aqueles nomes, o instituto inseriu duas outras questões, a 12 e a 13. Nelas, o entrevistador cita nominalmente os candidatos e pergunta, primeiro, se o entrevistado conhece ou não aqueles nomes. Em seguida, pergunta se o eleitor saberia dizer quais cargos cada um dos quatro principais presidenciáveis ocupou, e volta a nominar cada um deles.
Que mal há nisso? Difícil dizer. Para termos certeza de que a colocação das questões 12 e 13 antes da pergunta sobre intenção de voto estimulada alterou o resultado da sondagem, seria necessário fazer a mesma pesquisa, sem a 12 e 13, e comparar os resultados.
Mas isso já levou a especulações de que a menção e repetição dos nomes dos candidatos, mais o esforço do entrevistado para lembrar-se dos cargos já ocupados pelos presidenciáveis, poderiam, juntos, acionar alguma rede neural que associa o nome de Dilma Rousseff ao governo federal e, por consequência, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inflando sua intenção de voto estimulada.
É uma especulação propagada pelos adversários da candidata petista. Eles, provavelmente, recordarão declaração feita há duas semanas pelo diretor do Vox Populi, João Francisco Meira Neto, durante congresso da Abep, segundo quem “se não houver um acidente, não é impossível Dilma ganhar no 1º turno”.
Colocando os resultados do Vox Populi em perspectiva, comparando-os com os do Datafolha e do Ibope e calculando a média móvel das três sondagens mais recentes, percebe-se uma pequena diferença, mas nada que fuja às tendências. Com maior ou menor intensidade, as pesquisas mostram Serra à frente, com Dilma crescendo, mas em ritmo mais lento do que até o começo de fevereiro.
Nesse caso, o maior prejudicado não parece ter sido nenhum dos candidatos, mas o próprio instituto. Difícil acreditar que houve intenção de inflar ou deflacionar os percentuais de um ou outro candidato. Mas a mudança da ordem das perguntas, fugindo ao que é a ortodoxia nesse tipo de sondagem, dá espaço para especulações e críticas que podem arranhar, mesmo que imerecidamente, a credibilidade do Vox Populi. E, em última instância, é isso que o instituto vende.