Vaticano associa críticas ao Papa ao antissemitismo
Igreja se defende das acusações de que Bento XVI acobertou casos de abuso sexual
O pregador pessoal do Papa Bento XVI vinculou, nesta sexta-feira, 2, as acusações contra o papa e contra a Igreja Católica em relação aos escândalos de pedofilia e abuso sexual à "violência coletiva" sofrida pelos judeus.
O reverendo Raniero Cantalamessa, desde 1980 pregador oficial da Casa Pontifícia, disse durante homilia da missa da Sexta-Feira Santa em que o Papa Bento 16 assistia na Basílica de São Pedro, que um amigo judeu escreveu uma carta para ele dizendo que as acusações o lembravam dos mais vergonhosos aspectos do antissemitismo.
O pontífice de 82 anos parecia abatido, sentado perto do altar central durante a missa do início da noite, antes da procissão perfazendo o caminho da cruz, que ele deveria conduzir nas proximidades do Coliseum, para marcar o sofrimento de Cristo antes de sua crucificação.
Milhares de peregrinos estavam na Praça de São Pedro para comemorar a Semana Santa enquanto a igreja se defende das acusações de que Bento XVI desempenhou papel de acobertar os casos de abuso sexual.
Segundo Cantalamessa, os judeus sabem por experiência própria o que significa ser vítima de violência coletiva e por conta disso sabem identificar os sintomas recorrentes.
Durante o sermão, o reverendo se referiu ao abuso sexual de crianças pelo clero dizendo que "infelizmente, não são poucos os elementos do clero que estão manchados pela violência". Mas ele não quis se estender na questão dizendo que "há conversas suficientes sobre isso lá fora". O papa não se pronunciou depois da homilia.